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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sermão em Números 11. 1-3

Introdução: No teatro, nos filmes e nas novelas os atores assumem papeis destinados a eles. Assumem papeis de heróis, vilões, mocinhas desprotegidas e coadjuvantes. Tudo aquilo é uma ilusão. Quando terminam as gravações colocam seus personagens de lado e voltam à vida real. Nem sempre tão bonita e excitante quanto à do personagem. Muitos cristãos vivem como se fossem atores. Vivem uma vida fictícia. Dizem que são filhos da aliança, mais possuem comportamentos de ímpios. São cruéis, sádicos, mentirosos, soberbos, cheios de si, ladrões, egoistas e adúlteros. Esta situação me lembra muito a fala de João o Batista quando viu os fariseus e saduceus vindo ao batismo, ele lhes disse: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.

Elucidação: O livro de Números vai descrever a peregrinação do povo da aliança pelo deserto. Nosso título em Português "Números" é traduzido do título encontrado na Septuaginta.
O Título Grego:  ("Números").
O livro recebeu esse nome por causa de dois recenseamentos que estão registrados em suas páginas. Contudo, a muito mais nele do que o mero registro de um censo. Há 36 capítulos neste livro. Cada censo ocupa apenas um capítulo.
O Título Hebraico do livro é: BaMidbar ("No Deserto").
Esse título original para este livro é tomado do primeiro verso do seu primeiro capítulo.
Falou o SENHOR a Moisés, no deserto do Sinai... (Nm 1.1).
Esse é um título apropriado. Números é o livro que nos conta o que aconteceu durante os 40 anos de peregrinação no deserto.
Existem dois temas fundamentais em Números: A graciosa fidelidade e o poder soberanos do Deus da aliança com Israel. Em contraste a esta ação de Deus, Israel se mostra rebelde, pecador e infiel. O livro retrata bem a relação que quase geralmente a Igreja tem com Deus. Nesta noite, começaremos uma série de sermões em Números visando expor os pecados do povo da aliança, sua rebeldia, reclamações. Apesar disto, O Senhor mantém sua fidelidade pactual.


Tema: O pecado do Povo e a Intercessão de Moisés

1 Divisão: A Queixa injusta do povo diante do Senhor (verso 1)
Saindo da região ao redor do Monte Sinai, que tinha relativa fertilidade, os israelitas depressa se descobriram no terrível deserto de Et- Tih e começaram a se queixar. A nossa narrativa começa falando sobre a conduta do povo de Deus. Eles estavam se queixando. De que se queixavam? Um viajante moderno os entenderia. Mas as Escrituras descrevem isto como prova de rebeldia e incredulidade nacional.
Existiam algumas supostas razões para eles se queixarem. Talvez a andada demorada? O calor? A falta de água? O desconforto?
Mas será que estas queixas eram legitimas?
O texto hebraico diz que a sua queixa foi má.
A queixa refletia a ingratidão por tudo o que eles tinham experimentados de Deus. Ao invés de serem confiantes e agradecidos, pois viram todos os livramentos feitos por Deus em seu favor. Suas atitudes foram de queixa e de insubmissão.
O livro de Números registra muitas e muitas queixas e insubmissões contra Moisés e contra o Senhor.
Aqui reside uma advertência para nós: Quantas vezes temos tido um coração queixoso diante de Senhor. Quantas e quantas vezes nossa queixa é injusta diante do Senhor? Agindo assim, nossa queixa não soará má aos ouvidos do Senhor?
A queixa desconfia da soberania de Deus. A queixa cega os olhos dos homens. A queixa leva-nos a desconfiar da providência de Deus e da sua capacidade de administrar nossas vidas. Por isso, que ela soa má aos ouvidos do Senhor. Ela em si é injusta, tornando-se numa espantosa demonstração de ingratidão.
O Senhor é rei, toda a terra é o seu Reino e Israel era seu povo, os vice-gerentes pactuais. Deus tinha feito aliança com eles. Eles tinham sido aspergidos com o sangue da aliança.
Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras. Êxodo 24.8
Eles eram o povo pactual de Deus. Queixar-se do Senhor é desconfiar do seu controle. Quem se queixa geralmente pensa que tem uma idéia melhor, que pode gerar uma situação mais favorável do que aquela que se estar vivendo. Isto é rebelião.
A queixa também aponta para a perda do temor. No nosso dia a dia, pessoas que ocupam cargos inferiores em indústrias, empresas e comércio se queixam por diversas razões: salários baixos, carga excessiva... Entretanto, quando as pessoas estão tratando com seus superiores, elas refinam seu modo de falar, pois temem punições.
A queixa contra Deus não era velada, era aberta. O verbo no hebraico descreve uma ação intensiva e reflexiva. Ela era intensa e refletia-se de forma marcante na vida dos queixosos. É aquele olhar de insatisfação, aquela agonia, aquela irritabilidade, aquele “não suporto mais”. Estas são as características psicológicas do queixoso.
Qual foi a ração do Senhor contra tudo isto?

2 Divisão: A ira do Senhor acende-se contra povo (verso 1)
O povo reclamava. As Escrituras dizem que enquanto isto, Deus ouvia suas queixas. A idéia básica deste verbo no hebraico é: notar uma mensagem ou simplesmente um som. Possuindo o sentido básico de ouvir. A idéia é, enquanto eles reclamavam, Deus os ouvia. É como se Deus estivesse bem atento para tudo o que eles diziam.
Imaginem tal situação: Mesmo sendo pecadores não gostamos quando ajudamos alguém e ficamos sabendo que ela fala mal da nossa ajuda e de nós. Isto nos acende a ira, a revolta. Logo dizemos: Isto é um ingrato. Imaginem a ira santa de Deus. Estes que agora reclamavam, eram seus protegidos.
Moisés no cap. 10. 35-36 está escrito: Partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-se, Senhor, e dissipados sejam teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam. E, quando pousava, dizia: Volta, ó Senhor, para os milhares de milhares de Israel.
Essa oração honra ao Senhor como o Guerreiro divino que ia à frente da multidão do povo, bem como a fonte de proteção divina para o acampamento.
Diante disto, da pra imaginar o tamanho da ingratidão do povo. O povo experimentava a proteção do Senhor, o povo viu o poder do Senhor. E como agradecimento a tudo isto que o Senhor fazia, o povo reclamava.
As Escrituras dizem que a ira de Deus acendeu-se.
No texto hebraico temos a seguinte construção: Acendeu-se de fato a ira e o fogo do Senhor e devorava as extremidades do acampamento. Existe uma relação entre acampamento e segurança. Deus fere o lugar onde se sentiam seguros. Eles percebem que por si só não estão seguros. A segurança deles vinha de Yahweh o Senhor da Guerra. A ira e o fogo são instrumentos de Deus para consumir o ímpio.
Van Gruningen diz o seguinte: Yahweh demonstrou sua fidelidade ao seu próprio caráter santo e às advertências dadas com relação à maldição do pacto a ser executada contra a falta de confiança, desobediência, rebelião e rejeição. O fogo representa a presença gloriosa de Yahweh; também servia como um meio severo de punição. Este fogo afetou somente o limite do acampamento e o texto não relata quem ou quantas pessoas foram afetadas.
A visitação do Senhor é bem pedagógica. Os filhos de Israel viram o Senhor dos Exércitos derramando sua ira sobre seus inimigos. Mas também viram e sentiram Yahweh visitá-los de forma terrível. Aqui reside uma lição: Tome cuidado para que o Senhor não visite você em ira, devorando àquilo que você tanto ama. Tocando no local onde você se acha mais seguro. Da mesma forma como o Senhor vai à frente dos seus santos livrando-os e protegendo-os. O Senhor visita os seus e quando os encontra pecando contra sua lei derrama sua santa e bendita ira. Desta forma, o povo de Deus entende e aprende que Yahweh é santo. Que o Senhor tenha misericórdia de nós! Diante de tudo isto, o que o povo faz?

3 Divisão: O povo clama e Moises intercede a Deus (verso 2-3)
Os três versos do nosso capítulo apresentam a seguinte estrutura:
O povo queixa-se diante de Deus a (v.1)
O Senhor ouve b (v.1)
A ira do Senhor se acende e há punição c (v.1)
Ao invés de continuar se queixando o povo agora clama a₁ (v.2)
O Senhor ouve b₁ (v.2)
A ira do Senhor cessa c₁ (v.2)
Existe um personagem na história que exerce papel fundamental: Moisés. Ele intercede pelo povo. Moisés é um mediador entre Deus e o povo. Pode-se dizer que ele é um protótipo de Cristo. Da mesma forma, Cristo também intercede pelo seu povo junto a Deus. Por causa de Cristo somos justificados diante de Deus.
O verso 2 no original começa dizendo q[;îc.YIw: E gritou, clamou, pediu por socorro. Esta é a reação do povo quando vê a visitação do Senhor no acampamento. O povo clamou a Moisés, perceberam o perigo em que estavam e apelaram a Moisés. As Escrituras dizem que Moisés orou lLeÛP;t.YIw: ao Senhor e a ira do Senhor cessou.
Vemos aqui o papel do mediador. O Senhor atende a oração do seu servo e cessa de derramar a sua ira.
Para comemorar o acontecimento, aquele lugar foi chamado Taberá “queima”. O Senhor deixou um memorial. A narrativa do verso 3 termina dizendo: Chamou-se este lugar de Taberá, porque o fogo de Yahweh ardeu entre eles (BJ)
Às vezes, os santos de Deus se tornam tão duros de coração, que mesmo com os memoriais, o povo continua agindo como se Deus não existisse e não agisse. A libertação do Egito fui simbolizada com um memorial: a Páscoa. Isto era suficiente para eles entenderem que O Senhor era com eles. O sangue da aliança foi um memorial que eles eram povo de Deus. Taberá foi um memorial para que eles aprendessem que Deus visita seu povo também em ira. Todos estes memoriais deveriam lembrar ao povo quem é o EU SOMENTE, O SENHOR DA GUERRA.
Responda pra você: Será que temos esquecidos os significados dos memoriais bíblicos?
Será que temos esquecido os significados da Eucaristia? Do batismo?
Será que estamos atentos a todo serviço litúrgico prestado no culto solene?
Irmãos, como imagens restauradas de Deus, como nova criação, somos memoriais que Deus irá restaurar todas as coisas. Que os memoriais nos tragam à lembrança todos os seus respectivos e ricos significados.

Aplicação:
1- A ingratidão é uma das piores coisas que o ser humano pode ter. Ela em si é egoísta, má e fere. Você é grato a Deus? Como está o seu coração? Você reconhece que tudo o que você tem pertence ao Senhor? Ou você acha que não precisou e não precisa Dele? Que tudo que você tem é decorrente de seus esforços? Se você pensa assim, saibas que és um ingrato.
2- Depois de tudo que o Senhor tinha feita a eles. Quando experimentaram a primeira sensação adversa, reclamaram. Você tem feito o que quando as situações adversas chegam?
3- O relacionamento que Deus tem com seus santos não é superficial. Ele está atento a tudo que fazemos. Ele de fato se relaciona intensamente com nós. Será que temos tido esta percepção? Será que temos tido temor? Ou estamos falando tolices diante de Deus?
4- Quando o Senhor visita o acampamento ensina algo importante para o povo. A segurança que eles tinham, não estava no fato de estarem em um acampamento com guardas. Mas residia, no fato de que o Senhor guardava o acampamento. Quando o Senhor Yahweh devorou as extremidades com fogo, deixou bem claro que Ele pode vir em ira. E quando Ele vem desta forma, ninguém está livre de suas mãos e de sua ira. Não existe proteção longe das asas de Yahweh, não existe lugar seguro para se abrigar quando Ele está irado.
5- Mesma na nossa iniqüidade, o Senhor é bondoso. No texto temos um intercessor, um mediador que fala em favor do povo. O povo precisa de um mediador. Alguém que se interponha entre o povo e Deus. Jesus é o Mediador por excelência. Os santos quando oram por alguém também fazem o papel de mediador. Aqui reside um principio importante: Devemos orar uns pelos outros e por todos os homens. Cl 1. 9-12; 1 Tm 2.1-2. Veja a situação do ímpio como é miserável: Deus não escuta a sua prece, não recebe seu louvor e não dá discernimento para entender a sua palavra. (A não ser que seja um eleito que falta nascer de novo). Não sendo este o caso, sua vida é uma desgraça só. Eis o motivo porque os santos de Deus devem interceder por todos os homens.
6- O Senhor tem seus memoriais na Revelação Bíblica. Estejamos atentos aos seus significados.

Conclusão:
Como estamos nos portando? Se retrocedêssemos no tempo e viéssemos em direção a João Batista, o que ele nos diria?
Será que estamos produzindo frutos dignos de arrependimento? Ou será que não passamos de soberbos que dizemos que temos por pai a Abraão?
Será que somos queixosos incorrigíveis?
Pense nisso, irmão!
Que o Senhor tenha misericórdia de sua vinha
A Ele toda a glória
Amém!
Rev. Jaziel C. Cunha

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