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sábado, 27 de fevereiro de 2010

DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA TRINITÁRIA – PERSPECTIVAS NÃO ORTODOXAS (I- IV SÉCULO) NO PERÍODO DA PATRÍSTICA

Antes de considerarmos toda a extensão do desenvolvimento, se faz mister entender que toda a problemática deve-se a um consenso comum entre todos aqueles que professam a fé: Há um Deus! A grande questão durante a história era saber como este Deus se manifestou. A crença judaica dizia que Ele era Único, mas o que viria a ser único?
Stanley Rosenthal no seu livreto faz a seguinte consideração:
O povo judaico com freqüência faz a objeção a tri-unidade de Deus por causa daquilo que acreditam ser-lhes ensinado no Shema (Dt 6.4)... A palavra Shema é o primeiro vocábulo hebraico dessa passagem, e significa “ouve”. A premissa aceita entre os judeus é que essa declaração ensina que Deus é indivisivelmente uno...

Já nesta consideração, as coisas não se mostram tão simples como poderíamos presumir, este problema residiu dentro da Igreja Cristã durante todo o período conhecido como: Patristico .
Passaremos a considerar neste primeiro capitulo as concepções erradas do primeiro ao quarto século da nossa era. Pois é neste período, que existe uma verdadeira efervescência a respeito do desenvolvimento de idéias a respeito do Pai e de sua relação com o Filho e com o Espírito Santo, e de como a Igreja trabalhou os novos dados da revelação Neo Testamentária, passaremos a abordar primeiro as concepções não ortodoxas, pois são elas que provocaram uma reflexão teológica mais profunda, culminando na Ortodoxia Trinitariana.

1.1- Concepções Erradas da Doutrina no Primeiro e Segundo Século

A nossa primeira consideração é a respeito de Cerinto. Juntamente com ele, outros movimentos surgiram dentro da Igreja neste período. Não seria aconselhável classificarmos de heresias as idéias que vão surgindo sobre a Trindade e suas relações internas, pois estes homens e seus pensamentos que no decorrer desde capitulo serão analisados estavam convictos de estarem fazendo o correto. É fácil hoje falar em ortodoxia, pois a Igreja já se posicionou de forma dogmática a respeito da Trindade e suas relações, então o problema de nomear como heresia, qualquer concepção a respeito da Trindade e suas relações surgir porque pra sermos honestos, não podemos falar em ortodoxia dogmática quando a ortodoxia estava em desenvolvimento.

1.1.1- Cerinto: Jesus não é Deus

Por que começar discutindo uma questão que é basicamente Cristológica? Cremos que não se tenha como desvencilhar a questão Cristológica da Tri-Unidade de Deus, pelo simples fato de que: Negar a Natureza Divina de Cristo, é negar a Pessoa Teantropica, e em suma, negar a base da Trindade.
McGrath em sua obra, diz o seguinte sobre isto:
Pois se Jesus é considerado como aquele que é um em substância com Deus, então toda a doutrina sobre Deus deve ser revista à luz dessa crença. Por esse motivo, o desenvolvimento histórico da doutrina da trindade é considerado posterior ao surgimento de um consenso Cristológico no seio da Igreja. Somente quando a divindade de Cristo pode ser encarada como um ponto de partida, comum e indubitável, foi possível dar início à especulação teológica sobre a natureza de Deus

Segundo o Dicionário Patristico, Cerinto foi “Apresentado como um típico gnóstico, a sustentar que o mundo não fora criado por Deus, mas por algumas forças inferiores, que Cristo descera sobre o homem Jesus e que os anjos eram responsáveis pela lei” .
Frangiotti citando Irineu diz:
Certo Cerinto, na Ásia, ensinou a doutrina seguinte: Não foi o primeiro Deus quem fez o mundo, mas uma Virtude (Potência) separada por uma distância considerável da Suprema Virtude (Potências-Princípio) que está acima de todas as coisas e ignorando o Deus que está acima de tudo. Jesus não nasceu de uma virgem porque isso lhe parece impossível, mas fora filho de José e de Maria por uma geração semelhante à de todos os outros homens, e ele suplantou a todos pela justiça, prudência e sabedoria

As idéias de Cerinto não eram propriedade exclusiva dele, os ebionitas também tinha idéias semelhantes, é interessante observar que ambos, tanto Cerinto quanto os ebionitas são contemporâneos do Iª século. Berkhof diz o seguinte:
Sua idéia de Cristo era similar à de Cerinto, O que provavelmente se devia ao desejo que tinham de manter o monoteísmo do Velho Testamento. Negavam tanto a divindade de Cristo como seu nascimento virginal, na opinião deles, Jesus se distinguia de outros somente por uma estrita observância da lei, tendo sido escolhido como Messias por causa de Sua piedade legal .
Frangiotti continua dizendo:
Trata-se de um gnosticismo judaizante provocado pelas especulações correntes em meio ao judaísmo. Assim, Cerinto distinguia Jesus do cristo. Este era um dos Eões (Potentados-Virtudes) superiores que havia descido dos céus sobre o homem Jesus, filho do Demiurgo e o abandonou a partir da paixão

Cerinto foi um entrave tão grande na Igreja Cristã Primitiva, que a história registrada por Irineu diz:
Vive ainda irmão (diz Irineu) que o ouviram (a Policarpo) relatar como João, o discípulo do senhor, entrando nas termas de Éfeso e ai vendo a Cerinto, se precipitou para fora sem se banhar, dizendo: Fujamos, antes que se desmoronem as termas, pois ali está Cerinto, o inimigo da verdade

1.1.2- O que foi o Adocianismo?
A fé cristã é monoteísta, Jesus era o Messias, aquele que veio introduzir o os valores do Reino de Deus. Além disto, Jesus se revelou como Deus, não se revelou como profeta, mestre ou sacerdote. Não! Ele ressaltou a sua divindade, como a igreja trabalharia a idéia do monoteísmo como era então concebida os novos dados da revelação? Estas duas informações aparentemente inconsistentes? No começo da Igreja, havia uma dificuldade em sistematizar tais idéias, e por causa disto surgiram explicações que durante o desenvolvimento da doutrina, ficaram conhecidas como heréticas, iremos estudar o adocianismo, que também é conhecida como Monarquianismo Dinâmico, mas antes de vermos o que foi este movimento, mostraremos as primeiras concepções de fé da igreja. Kelly em seu livro, afirma o seguinte:
Os credos clássicos da cristandade iniciavam com uma declaração de crença num só Deus, criador dos céus e da terra. A idéia monoteísta, fundamentada na religião de Israel, pairava sobre a mente dos primeiros pais; mesmo não sendo teólogos reflexivos, tinham plena consciência de que ela marcava a linha divisória entre a igreja e o paganismo

Kelly ainda diz:
A doutrina de um só Deus, Pai e Criador, constituíram o pano de fundo e a premissa inquestionável da fé da igreja. Herdada do judaísmo, ela foi sua proteção contra o politeísmo pagão. O emanacionismo gnostico e o dualismo marcionita. Para a teologia o problema era integrá-la no âmbito intelectual com os novos dados da revelação especificamente cristã. Reduzidos à sua formulação mais simples, tratavam-se das convicções de que Deus se havia dado a conhecer na Pessoa de Jesus, o Messias ressuscitando-O dos mortos e oferecendo salvação aos homens por Seu intermédio, e que Ele havia derramado Seu Santo Espírito sobre a Igreja

Vimos como a fé cristã nesta época se portava, mas em meio a muitas elucubrações teológicas surgi o adocianismo. Veja o que Frangiotti diz:
Mas, pelos fins do século II, alguns começam a tentar definir com mais precisão quem era Jesus, qual era, realmente, sua relação com Deus. Entre os que procuravam estabelecer uma definição, estava Teódoto de Bizâncio, o Curtidor, o primeiro a sistematizar e a defender o adocianismo: Jesus era puro homem, nascido naturalmente da Virgem, o qual, no batismo, havia recebido uma força especial. Quando o acusaram de ter renegado a fé, por ocasião de uma perseguição, justificou-se dizendo que não negara nada mais que um homem (Jesus)

Então, na concepção adocianista, Jesus não tinha nascido com uma natureza divina. Ele recebera algo, que não era nato Dele. Embora Teódoto de Bizâncio concordasse plenamente com as idéias ortodoxas sobre a criação do mundo e a onipotência divina. Para ele Jesus viveu como um homem comum, com a diferença de ter sido extremamente virtuoso. O Espírito, ou Cristo, desceu então sobre Ele, e a partir daquele momento Ele passou a operar milagres, sem, contudo, torna-se divino. Kelly diz que “já outros da mesma escola admitiam Sua deificação após a ressurreição” .
Frangiotti ainda diz:
Esta cristologia adocianista tinha Jesus como homem de extraordinária virtude, do qual Deus se serviu para implantar o reino. Interpretava “a relação Jesus-Deus segundo a mentalidade e as tradições judaicas do profetismo: Jesus é o homem de Deus”, inspirado e possuído pelo Espírito de Deus na força do qual opera a tarefa messiânica. Nesta perspectiva, a ressurreição não é prova de sua divindade, mas o modo como Deus legitima a pessoa e a obra de Jesus, credenciando-o definitivamente como Messias de Israel

Na concepção adocianista, Cristo não passa de um simples homem revestido de poder divino. Teódoto de Bizâncio e seus seguidores estavam muito absorvidos na exegese bíblica e na crítica textual, e apelavam a textos como Dt. 18.15 e Lc 1.35, a fim de sustentar sua afirmação de que Jesus fora um homem comum inspirado pelo Espírito, em vez de habitado por Ele. O próprio Teódoto foi excomungado pelo papa Vítor.

1.1.3- O Adocianismo de Hermas

Hermas foi um pai apostólico.
Os Pais apostólicos são os Pais que se supõem ter vivido antes da morte do ultimo dos apóstolos, sobre os quais se diz que alguns foram discípulos dos apóstolos, e a quem são atribuídos os mais antigos escritos cristãos existentes.
A teologia neste período estava se desenvolvendo, Hermes se preocupava com o arrependimento e a soberania do Deus único e criador, Kelly tecendo comentário a respeito dele diz “ele não menciona o nome de Jesus em nenhum lugar e analisa Sua Pessoa apenas em duas de suas Similitudes” .
Kelly descrevendo a primeira Similitude diz:
A primeira, uma parábola obviamente moldada com base em outra do evangelho, conta a história de um proprietário rural que, durante a ausência, confiou sua vinha a um servo e que, ao voltar, ficou tão satisfeito com sua administração que, depois de consultar seu filho e herdeiro amado, decidiu fazê-lo co-herdeiro com o filho. O dono das terras explica Hermes, é o Criador; a propriedade, o mundo; e o servo, o filho de Deus; o filho amado do proprietário das terras inferimos é o Espírito Santo

Por esta similitude, podemos observar: Quão conceito estranho é este que o Pai dava para Jesus, e também para o Espírito.
Podemos observar o quanto a idéia do adocianismo está presente de forma muito explicita em Hermes.
Como alguém que disse isso, poderia ser considerado Pai? A grande questão é que a regra de medir a ortodoxia quanto a este assunto só ficou decidida nos Concílios Posteriores. Em Nicéia e Constantinopla, ambos no século IV. Sendo assim, fica difícil dizer de forma definitiva, o quanto é heresia ou não
Kelly comenta sobre Hermes o seguinte:
Hermas pensa claramente em três personagens distintos – o senhor, isto é, Deus Pai; seu “filho amado”, o Espírito Santo; e o servo, o Filho de Deus, Jesus Cristo. Aparentemente, contudo, a distinção entre os três remonta à encarnação; enquanto preexistente, o Filho de Deus é identificado com o espírito Santo, e, assim, antes da encarnação teria havido apenas duas pessoas divinas, o Pai e o Espírito. A terceira, o Salvador ou Senhor, foi elevada à condição de companheiro das outras duas como recompensa por seus méritos, ao cooperar admiravelmente com o Espírito preexistente que habitava nela “Portanto a teologia de Hermes era uma mistura binitarismo e adocianismo, embora tenha feito uma tentativa de se conformar a formula triadica aceita na igreja”
Frangiotti também comenta e diz:
Percebe-se que a concepção cristológica de Hermes é mais primitiva que outros textos do judeu cristianismo: Jesus, durante sua vida terrena, ainda não é Filho, mas adquire esta dignidade como recompensa por sua atuação fiel. Ele é, pois, constituído Filho, não no seu batismo, como faziam alguns grupos de cristãos, mas na ressurreição. Não há nenhuma especulação em termos de relacionar Jesus com o Logos. Hermas elabora uma cristologia independente de Paulo e de João

1.1.4- O Adocianismo Ebionita

O adocianismo se confundiu na História com o ebionismo, tanto que os antigos consideraram o adocianismo uma heresia de tipo judaico e o relacionaram com o ebionismo, porquanto os adocianistas, como os judeus, não reconheciam o caráter divino de Cristo e o reduziam à simples homem. Heber, em seu livro, diz o seguinte:
O ebionismo é todo movimento que, de alguma forma, procura negar a plena divindade de Jesus Cristo. Esta é a heresia cristológica mais antiga na história da Igreja. Geralmente falando, o ebionismo é uma espécie de judaísmo cristianizado, ou um cristianismo que retrocedeu para tendências judaizantes.

Irineu de Lião têm o seguinte parecer sobre eles:
Os que se chamam ebionitas admitem que o mundo foi feito pelo verdadeiro Deus, mas, quanto ao que diz respeito ao Senhor, professam as mesmas opiniões que Cerinto e Carpócrafes. Utilizam somente o evangelho de Mateus, rejeitam o apóstolo Paulo, que acusam de apostasia a respeito da lei. Aplicam-se a comentar as profecias com uma minúcia excessiva. Praticam a circuncisão e perseveram nos costumes legais e nas práticas judaicas, aponto de ir até adorar em Jerusalém, como sendo a Casa de Deus

Os ebionitas interpretavam as expressões “Filho de Deus”, “Verbo”, “Espírito Santo”, segundo as categorias hebraicas, no sentido em que nenhuma delas era considerada “pessoa”, no sentido filosófico, ontológico. Mesmo aqueles entre eles que aceitava que Jesus tivesse nascido de uma virgem por obra do Espírito Santo, negavam sua preexistência como Verbo de Deus.
É a idéia do homem normal, que por receber de Deus uma comissão se torna diferenciado. È importante ressaltar que toda esta atitude contra a Divindade de Jesus partia de uma incapacidade que tinham de conciliar os novos dados da revelação com o desejo profundo de manter o monoteísmo.

1.2- Concepções Erradas da Doutrina no Terceiro Século

Várias tendências estavam dentro da igreja. O terceiro século tem características bem interessantes, este é um momento ímpar, é o século que antecede o Concílio de Nicéia, onde a questão ontológica da Trindade seria abordada, A História eclesiástica mostrará que o problema não se resolveria por completo, mas a Igreja iria se posicionar. E de fato, ela fez isto.

1.2.1- O que foi o Monarquianismo

Se a grande heresia do século II d.C foi o gnosticismo, a mais destacada heresia do século III foi o monarquianismo. Esta concepção não é nova, ela tem raízes dentro do ebionismo, adocianismo e estas influências vão gerar um tipo de monarquianismo chamado dinâmico. Por outro lado, começa a existir outra forma de monarquianismo que é apelidada de monarquianismo modalista, ou patripassianismo que é como os latinos denominavam no ocidente os monarquianistas. As duas formas são bem distintas. A doutrina dos apolegetas, dos Pais anti-gnosticos e dos Pais alexandrinos sobre o Logos, não provia satisfação plena. No que predominava o interesse teológico, a doutrina do Logos como Pessoa divina distinguida, parecia ameaça à unidade de Deus ou o monoteísmo. Homens eruditos procuraram resolver a questão, sendo assim dois rumos foram tomados: O primeiro negava qualquer divindade e o outro fazia distinções em nível de modos dentro da Trindade.
Frangiotti diz o seguinte:
Partindo da fé inamovível da unidade de Deus, do monoteísmo restrito, repetia como em refrão: Monarchiam tenemus. Na seqüência das tendências judaizantes, não abriam mão do monoteísmo judaico, mas por outro lado, aceitavam a divindade de Jesus Cristo. Como conciliar, então, este paradoxo? Como admitir a divindade de Jesus Cristo sem trair a fidelidade monoteísta?

Começamos a ver aqui o nascedouro de um dilema, enquanto o adocianismo às vezes chamado de ebionismo, nega por completo a natureza divina no Senhor, o monarquianismo já aceita a natureza divina, mas como conciliar: Monoteísmo, com esta nova posição, que era decorrente da revelação que o Senhor tinha feito?
Frangiotti comentando este dilema diz:
Como admitir a divindade de Jesus Cristo sem trair a fidelidade monoteísta? Para eles, distinguir, em Deus, pessoas diferentes na unidade da divindade, parecia-lhes admitir mais um Deus. Desse modo, Jesus Cristo seria um segundo Deus (deutero theós). Não lhes era possível esta afirmação. Portanto, se só há um Deus, e se Jesus cristo é deus, então só pode ser aceito se este Jesus for o Pai, numa forma ou modalidade especial

Acerca do monarquianismo, vamos considerar algumas ramificações:

1.2.2- Monarquianismo de Noeto
Quem era Noeto? Era natural de Esmirna, conterrâneo de Policarpo, era um homem cheio de orgulho, convicto de ser inspirado pelo Espírito Santo, não tencionava destruir a Igreja ou lhe ser adversário. Fazendo uma hermenêutica de textos como: Ex 3.6; 20.3; Is 44.6; Rm 9.5. Ele concluía que o Pai é Cristo, Ele é o Filho, foi gerado, sofreu e ressuscitou.
Frangiotti citando Hipolito de Roma diz o seguinte:
Cristo, diz ele, é o Pai mesmo, e é o Pai mesmo que nasceu que sofreu e que morreu. Quanto a si, pretendia ser Moisés e seu irmão Aarão. Os santos presbíteros o chamaram e o interrogaram diante de toda a igreja. Ele, primeiro negou. Mas, mais tarde, quis sustentar abertamente a sua doutrina. Os santos presbíteros o convocaram novamente e o refutaram.

Kelly citando Hipólito de Roma que era contemporâneo de Noeto diz: “Que eles acreditavam numa só Divindade idêntica que poderia ser indiferentemente designada como Pai ou Filho, os termos não representam distinções reais, sendo meros nomes aplicáveis em épocas diferentes”
Noeto foi o primeiro teólogo a declarar formalmente a posição monarquiana patripassiana, como o modalismo era chamado no Ocidente.

1.2.3 – Monarquianismo Patripassianista

Como já foi citado, era desta forma que os latinos denominavam o Monarquianismo Modalista, e assim o faziam por causa da ênfase que era dada à figura do Pai. Faz-se necessário ressaltar que a idéia era: a manutenção do monoteísmo, sendo assim, todo o raciocínio concentrava-se na figura do Pai.
Patripassianismo quer dizer: Pater: Pai + Passio: Sofre, ou seja, o Deus Pai sofre na cruz ou ainda: hyopáteres: Hios: Filho + Pater: Pai, O filho é o Pai. Na própria definição do termo está contida a idéia do monarquianismo de preservar o do monoteísmo com os novos dados da revelação
Teve como expoentes: Noeto, Práxeas e Sabélio, todos eles em Roma.
McGraeth dá o seguinte histórico:
Surgiu no século III associada a escritores como Noeto, Praxeas e Sabélio. Concentrava-se na crença de que o Pai sofrera como o Filho. Em outras palavras, o sofrimento de Cristo na cruz deve ser considerado como o sofrimento do Pai. De acordo com esses escritores, a única diferença em relação às pessoas da Trindade dava-se em relação a uma diversidade de métodos e ações, de forma que Pai, filho e Espírito eram apenas maneiras ou expressões distintas de ser de uma única e mesma divindade

Frangiotti diz que:
Segundo Tertuliano, Práxeas foi o primeiro a levar da Ásia para Roma o monarquianismo patripassiano. Práxeas havia passado algum tempo na prisão em decorrência de sua fé, e uma vez libertado dirigiu-se a Roma, no ano de 190, onde começou a tirar vantagem de sua condição de confessor, isto é, de alguém que sofrera por causa da fé.

Nesta época ele começa atacar os montanistas e em especial a Tertuliano que era ainda um montanista convicto, o mesmo, tendo sua ira provocada disse:
O demônio tem lutado contra a verdade de muitas maneiras, inclusive defendendo-a para melhor destrui-la. Ele defende a unidade de Deus, o Onipotente Criador do universo, com o fim exclusivo de torná-la herética. Afirma que o próprio Pai desceu ao seio da virgem, dela nascendo, e que o próprio Pai sofreu; que o Pai, em suma, foi pessoalmente Jesus Cristo... Práxeas foi quem trouxe esta heresia da Ásia para Roma... Práxeas expulsou o Paráclito e crucificou o Pai.

Kelly diz o seguinte:
Já na época de Justino, ouvimos falar de objeções a seu ensino de que o Logos era algo numericamente diferente em relação ao Pai; os críticos sustentavam que o Poder proveniente da divindade era distinto apenas verbalmente ou no nome, sendo uma projeção do próprio Pai.

Nos atuais livros de História da Igreja, o termo mais adotado para o Patripassianismo é Monarquianismo Modalista, talvez por ser de pronúncia mais fácil, todavia o que vemos é a grande questão da sistematização desses novos dados. Tanto a Igreja do Oriente quanto a do Ocidente, precisavam urgentemente formular uma doutrina satisfatória.
Faz-se necessário definirmos, de forma simples, alguns termos usados nos livros de História da Igreja:
Monarquianismo: Ênfase na Unidade de Deus; Patripassianismo: Identifica o Filho com O Pai; Sabelianismo: Um só Deus em três manifestações cronológicas.
No Oriente o Patripassianismo recebe o nome Monarquianismo Modalista. Este monarquianismo irá se desenvolver com Sabélio e assumirá uma forma de modalismo mais complexa.
Heber, em seu livro, fala o seguinte:
Contrariamente ao que pensamos os cristãos patripassianos não eram em pequeno número. Tertuliano na sua obra Adversus Praxean (contra Práxeas), diz que os patripassianos eram a maioria no seu tempo, e consistiam principalmente de pessoas ignorantes e de raciocínio simples

Hilário de Poitiers em seu livro fazendo um resumo da crença patripassianista diz:
Alguns corrompem de tal forma o mistério da fé evangélica que, sob a única pia profissão de um só deus, renegam o nascimento do deus Unigênito, dizendo tratar-se antes de uma extensão até o homem do que de uma descida. Negam que Aquele que foi Filho do Homem, tendo no tempo assumido a carne, tenha sido sempre e seja agora o mesmo Filho de Deus. Dizem que não há nele o nascimento de Deus, mas que é o mesmo que procede de si mesmo. Pretendem que o Pai se tenha estendido a si mesmo, como Filho, ate a Virgem, de modo que a sucessão que leva de Deus, tal como é em si mesmo, até a carne permita guardar a inviolável a fé no único Deus.

A grande diferença entre o patripassianismo ou monarquianismo modalista e o adocianismo ou monarquianismo dinâmico é que o primeiro mantinha a deidade verdadeira de Cristo enquanto o segundo dizia que Ele era mero homem, mas se entenda por deidade de Cristo, não a concepção ortodoxa da igreja, mas o fato de Cristo ser uma manifestação de Deus.
Olson no seu livro diz o seguinte:
Modalistas posteriores empregariam as figuras e a linguagem do teatro grego e romano para ilustrar sua idéia da doutrina cristã correta da Trindade: um único ator ou atriz podia desempenhar três papeis na mesma peça de teatro, ao vestir máscaras diferentes. A palavra usada para designar a máscara das peças de teatro é a mesma freqüentemente usada para “pessoa”. Assim os modalista podiam dizer que, quando os cristãos confessaram a fé em “um só Deus em três pessoas” não estavam violando o monoteísmo judaico e grego porque as três pessoas são apenas mascaras que o único Deus usa no palco da história

1.2.4- Monarquianismo adocianista

Falar em monarquianismo adocianista sem falar em Paulo de Samósata é uma incoerência absurda. Pois bem, é necessário antes de tudo dizermos quem foi Paulo de Samósata.
Frangiotti diz o seguinte a respeito dele:
Sobre sua origem, sabe-se somente que era originário da Síria, da cidade de Samósata, vindo de uma família pobre. Com habilidade e astúcia, conseguiu juntar elevada fortuna. Habilidoso, sabia aproveitar as ocasiões. Numa dessas ocasiões, em 260, aproveitou-se para se elevar ao episcopado de Antioquia. Na época, acumulava o cargo de ministro do tesouro da rainha Zenóbia de Palmira. Amante do luxo e do fausto, enquadra-e perfeitamente entre aqueles bispos denunciados por Cipriano bispo de Cartago que descuidavam suas funções divinas e se faziam administradores de grandes propriedades.

Este era Paulo de Samósata. Mas porque ele foi tão famoso, e merecedor de destaque? È bom lembrar que o adocianismo não cria que Jesus fosse Deus, eles eram ebionitas, Jesus na melhor das hipóteses tinha sido um simples homem, sobre quem o Espírito havia descido, Paulo de Samósata pertence a uma geração posterior do monarquianismo dinâmico, Heber comentando diz o seguinte no seu livro.
As pressuposições de Paulo de Samósata eram as seguintes:
1- Deus é essencialmente um, mas também é uma pessoa. Como é típico do monarquianismo, o fundamento essencial é o unitarismo e não o trinitarismo.
2- O Logos (Filho) e o Espírito não são pessoas distintas. O Espírito é um atributo, uma espécie de dynamis (poder) de Deus, um atributo impessoal em Deus. O Filho não é ontologicamente Deus, mas recebe o dynamis de Deus na sua experiência do batismo, sendo elevado a uma categoria divina. Portanto é chamado monarquianismo dinâmico porque o homem Jesus recebe o dynamis de Deus e é elevado a uma posição que não possuía antes

O pensamento de Paulo de Samósata faz uso da nomenclatura ortodoxa da igreja e dá a ela uma nova leitura, e isto poderia confundir os menos desavisados, há quem diga que, apesar desta sistemática ele continuava um rigoroso unitário, Como unitário ele não pode comprometer o conceito que ele tinha de Deus, Jesus é visto não com Deus, mas recebe poder para ser como Deus. Veja o que Heber diz sobre isto:
Dessa forma, Paulo de Samósata assevera que o Logos vem a ser homoousios (da mesma essência) ou consusbitancial com o Pai, mas o Logos não é uma pessoa distinta da divindade. Paulo de Samósata entendeu o termo “ousia” no sentido de pessoa, e não de natureza ou essência. Portanto, no seu pensamento, o Logos é uma pessoa com o Pai, sendo da mesma “ousia”. O seu uso de homoousios veio a significar que o Logos (Filho) foi uma única pessoa com o Pai, negando, assim, a Trindade. O Logos poderia ser identificado com deus porque existia nele da mesma forma que a razão existe no homem. O Logos é, portanto, um poder impessoal presente em todos os homens, mas particularmente no homem Jesus.

Kelly diz:
Paulo não disse que era a Palavra auto-subsistente que estava em Cristo, mas aplicou o título “Palavra” ao mandamento e á ordenança de Deus, isto é, Deus determinou aquilo que desejava por intermédio do homem, e assim o fez... Ele não disse que Pai, Filho e Espírito santo são o mesmo único ser, mas deu o nome de Deus ao Pai que criou todas as coisas, de Filho ao simples homem e de Espírito à graça que habitou nos apóstolos. Se verdadeiro isso sugere que ele estava disposto a usar a formula trinitária oficialmente aceita, mas apenas como um véu para ocultar uma teologia que na realidade era unitária

Existem uns dados, bem curiosos acerca deste homem, que atestam bem seu caráter, Frangiotti diz:
Em 264, realizou-se um sínodo, em Cesárea da Capadócia, cujo resultado foi a “conversão” de Paulo. Para segurá-lo na ortodoxia, os bispos redigiram uma fórmula de fé à qual Paulo foi obrigado a subscrever. Mas, dissimulado, após o sínodo, voltou à vida anterior, de fausto, luxo e licenciosidade. Revoltados os bispos convocaram um segundo sínodo com a decisão de condená-lo definitivamente. Obrigado a comparecer à assembléia, Paulo tentou defender sua doutrina com artimanhas, mas acabou sendo excomungado com herético e deposto da sede episcopal

1.2.5- Sabelianismo

O que Paulo de Samósata representa para o monarquianismo adocianista ou dinâmico, Sabélio representa para o monarquianismo modalista como era conhecido no Oriente ou Patripassianismo como era conhecido no Ocidente.
Quem era Sabélio ?
Sabélio era rígido defensor da monarquia divina, ele apresentava a divindade como uma mônada que se dilatava em três operações distintas: Pai no AT; Filho na encarnação e Espírito Santo, no Pentecoste. Interessante como essa leitura é feita em alguns segmentos da igreja moderna. E isto é um fato bem fácil de provar, veja o que McGrath diz:
Entretanto, outra forma de modalismo pode ser identificada, a qual tem se revelado de extrema importância, em distintos momentos da história cristã. Poderíamos chamá-la de modalismo funcional, a crença de que o mesmo Deus age de três maneiras distintas em determinados momentos da história. Assim, as três pessoas da Trindade designam distintos aspectos da atividade de um mesmo Deus. De forma simples, o modalismo funcional poderia ser assim definido: Deus Pai é o Criador; Deus Filho é o Redentor e Deus Espírito Santo é o Santificador

O modalismo tem algo atrativo nele, é o fato de simplificar as coisas. Ele se tornou muito popular, como vimos suas raízes estão presentes hoje na igreja, naquela época não podia ser diferente, Frangiotti diz:
A proposta de Sabélio simplificava as questões a respeito da Trindade. O monarquianismo teve grande sucesso, especialmente entre os simples, aponto de se tornar popular: Preservava o monoteísmo e não deixava dúvidas sobre o número de deuses ou de pessoas em Deus

Poderíamos sistematizar o sabelianismo ou modalismo como queiram da seguinte forma:
1- Deus é essencialmente um. O modalismo começa com a unidade de Deus, afirmando um só Deus, mas também uma só pessoa, nega, portanto, a sua tri personalidade
2- A trindade é vista somente de maneira revel acional ou econômica. Deus revelou-se de três modos diferentes ou agiu de três modos diferentes. Não existe Trindade ontológica
3- Pai, Filho e Espírito Santo não são três Pessoas, mas três modos de manifestação de Deus
4- O primeiro modo é o Pai, o segundo é o Filho e o terceiro modo é o Espírito e um detalhe. Nunca os três modos aparecem simultaneamente, mas sucessivamente.
Sabelio “é uma figura tão distintiva, que antes dele, o patripassianismo de Noeto, e de Praxeas, Kelly chama de “ingenuidade desse primeiro modalismo” Sabélio é quem dá uma estrutura mais sistemática e filosófica ao modalismo.
Frangiotti diz que a heresia sabeliana “sobreviveu até pelos fins do século IV” , historicamente pode até ser, como já foi dito, o sabelianismo vive, aparece hoje em formas mais simplificadas e em outros casos em formas mais sofisticadas, McGrath cita um teólogo chamado “John Macquarrie como modalista funcional”

1.2.6- Trinitarianismo e Subordinacionismo de Orígenes

Quem foi Orígenes?
Sendo um grande gênio e estudioso de renome que produziu aproximadamente oitocentos tratados para sua escola de catequese. Foi um dissidente que desafiou os líderes eclesiásticos e, embora exaltasse a grande tradição dos ensinos proféticos e apostólicos como a medida para toda a verdade, foi acusado de separar-se da igreja de Alexandria e de desviar-se dos ensinos ortodoxos geralmente aceitos. Ensinou algumas doutrinas como: Pré-existência da alma, apokatastasis. Tinha uma concepção em relação à Trindade que segundo Olson “montaram palco para as grandes controvérsias que surgiram um século depois de sua morte”
A influência de Orígenes foi tanta, que antes de Nicéia prevalecia, segundo Kelly, “dois tipos de origenismo, um cauteloso e moderado e o outro mais radical”
E Olson diz mais ”Um ou dois séculos após a morte de Orígenes tanto os arqui-hereges quanto os campeões da ortodoxia apelaram a ele como mentor”
Mas que pensamento era esse que influenciou tanto a respeito de Trindade? Segundo Olson:
Por um lado, Orígenes nunca se cansou em afirmar e asseverar, em termos bem claros, a divindade absoluta do Logos que se tornou Jesus Cristo como eterna e igual á do Deus Pai. Por outro lado, ele repetidamente também caiu na armadilha do subordinacionismo, a tendência de reduzir o Logos a algo inferior ao Pai. O Espírito Santo foi negligenciado, e quase que totalmente desconsiderado, nas cogitações trinitárias de Orígenes

Não é sem motivo que seus escritos provocaram tanto discussões e controvérsias. Kelly diz o seguinte, sobre seu trinitarianismo e subordinacionismo
O Trinitarianismo de Orígenes foi uma brilhante reinterpretação, em termos do mesmo medioplatonismo, da tradicional regra triádica de fé, com a qual ele estava comprometido como ministro. No topo de seu sistema, na condição de fonte e alvo de toda a existência, transcendendo a mente e o seu próprio ser, ele colocou Deus Pai, totalmente Mônada e, também, se é que passo expressa-lo desse modo, Hênada Sé Ele é Deus no sentido estrito (autotheos), só Ele é ingerado (agennetos) e é significativo que cristo tivesse falado Dele como o único Deus verdadeiro (Jo 17.3) Sendo bondade e poder perfeitos, Ele sempre deve ter tido objetos sobre quais exercia esses atributos, de maneira que trouxe á existência um mundo de seres espirituais, u almas, coeternas consigo mesmo. Contudo, para fazer mediação entre Sua unidade absoluta e a multiplicidade de tais seres. Ele tem Seu filho, Sua imagem expressa, o ponto de encontro de uma pluralidade de aspectos... Estando fora do tempo e sendo imutável, o Pai gera o Filho mediante um ato eterno de maneira que não se pode dizer que “houve um tempo quando Ele não existia”, além disso, o Filho é Deus, embora Sua deidade seja derivada e, assim, Ele é um Deus secundário.

A questão da subordinação reside na finalidade, Deus gera Jesus com uma finalidade: De criar o mundo através Dele. O Filho lhe era subordinado, da mesma forma o Espírito, Frangiotti diz o seguinte:
De fato, embora afirme a comunidade de substância entre o Pai e o filho, Orígenes não deixa de mostrar certa dependência e inferioridade do filho em relação ao Pai: Nós que cremos no salvador quando disse: O Pai, que me enviou, é maior do que eu e por esta mesma razão não permite que se lhe aplique o apelido de “bom”em seu sentido pleno, verdadeiro e perfeito, dizemos que O Salvador e o espírito Santo estão muito acima de todas as coisas criadas, com uma superioridade absoluta sem comparação possível; porém, dizemos também que o Pai está acima deles tanto mais do que estão por cima das criaturas mais perfeitas... Desde o momento em que proclamamos que o mundo visível está sob o poder do Criador de todas as coisas, afirmamos que o Filho não é mais poderoso do que o Pai, antes, bem inferior a ele. Das relações entre o Pai e o filho, diz Orígenes: deus Pai, que tudo abrange, chega até cada um dos seres, fazendo-os participar do seu ser e fazendo-os ser o que são. O filho é inferior em relação ao Pai, alcançando somente as criaturas racionais; com efeito, ele é segundo depois do Pai. Ainda inferior é o Espírito Santo, que só chega aos santos. Por isso, o poder do Pai é maior do que o do Filho e do Espírito Santo; o Espírito Santo, por seu turno, é superior em relação ao dos outros santos

Tudo isto viria se manifestar no próximo século, em origenistas radicais e moderados

1.3- Concepções Erradas da Doutrina no Quarto Século

O fim do terceiro século marcou o encerramento da primeira grande fase de desenvolvimento doutrinário. Como se pode observar há durante a história um desenvolvimento de várias concepções a respeito do papel e lugar de Jesus, era Deus-Homem? Era somente homem? Foi divinizado? Era Deus, só que de uma categoria inferior? Jesus era uma pessoa diferente do Pai? Será que a definição Pai, Filho não seria modos de agir?
Neste século surgi o ensinamento de Ário, e a heresia de Macedônio

1.3.1- O Ensino de Ário

Quem foi Ário ?
Este era Ário, discipulo de Luciano que por sua vez, tinha sido influenciado por Paulo de Samosata, o herege adocianista, Ário era presbítero de Alexandria e consequentemente teve forte influência de Origenes, é interessante a ligação, Alexandria não era um bom lugar para influências, o discipulo de Origenes um tal Dionisio de Alexandria ensinava abertamente que o Filho era de uma essência diferente do Pai, Hodge diz:
Não passou muito tempo, portanto, antes que Ário, outro presbitero de Alexandria, afirmasse publicamente que o Filho não era eterno, mas posterior ao Pai; que fora criado não da substância de Deus, e por isso não era homousios com o Pai. Admitia que o filho existira antes de qualquer outra criatura, e por meio dele Deus criara o mundo

Poderíamos sistematizar os ensinamentos de Ário da seguinte forma:
A Premissa fundamental de seu ensino é a afirmação da singularidade e da transcendência absolutas de Deus, a fonte não originada de toda a realidade; Na condição de criatura, o Filho deve ter tido um começo; O Filho não pode ter comunhão alguma com Seu Pai, aliás, nenhum conhecimento direto dEle. Embora seja a Palavra e a Sabedoria de Deus, Ele é distinto daquela Palavra e daquela sabedoria que pertence à propria essência de Deus; O Filho deve estar sujeito a mudanças e mesmo ao pecado
Sobre este último ponto, Kelly diz o seguinte: “Numa conferência, um doa arianos, supreendido por uma pergunta repentina, admitiu que Ele poderia ter caido como o diabo caiu e que, bem no íntimo, era nisso que eles acreditavam”
O Arianismo foi condenado no Concílio de Nicéia, em 325 AD, mas não ficou morto. Ele sobreviveu nas três decadas seguintes e teve um fortalecimento entre os anos 353 e 378, pois nesse tempo teve apoio imperial. Seu declinio ocorreu ao perder o apoio real, em 378 AD, e com o Concílio de Constantinopla, em 381 AD, que sustentou e fortaleceu a ortodoxia afirmada em Niceia.
Frangiotti levanta um dado interessante, ele diz que: “Após a morte de Ário, o arianismo se dividiu em várias tendências: Os Homeusianos admitiam que o Filho era de uma substância semelhante, mas não idêntica à do Pai; Os Anomeus afirmavam uma diferença radical entre Pai e Filho”
O arianismo foi derrotada no Concílio de Nicéia, mas isto não foi seu fim. Como já vimos, ele sobreviveu. Aqueles que não aceitaram a decisão de Nicéia foram banidos, no total de 17 bispos e uniram-se a Ário. Estes sob a ameaça acabaram por subscrever as decisões de Nicéia, apenas 2 bisps egípcios se recusaram a fazê-lo, o que lhe custou o exílio imediato.
Frangiotti traz um dado histórico importante, ele diz:
Constança, irmã do imperador, conquistada secretariamente pelo arianismo, trabalhando junto com Eusébio de Cesaréia, muito estimada por Cosntantino, consegue a suspensão do exílio de Euséio de Nicomédia. Uma vez na corte, Eusébio, conselheiro espiritual de Contança e muito influente nas rodas palacianas, começou, junto ao imnperador, um esforço para levantar o desterro de Ário. Eusébio assume a postura de novo líder do arianismo. Com o apoio de Cosntança, organiza todas as forças e dá prosseguimento á campanha contra os bispos ortodoxos católicos mais significativos. Vinga-se daqueles que o obrigaram a assinar a contragosto as decisões d Nicéia, voltando contra eles a violência do poder, especialmente contra Atanásio de Alexandria, conseguindo que seja exilado. Sucessivamente, consegue a deposição de Eustácio de antioquia, Atanásio de Alexandria e Marcelo de Ancira. Muitos outros sacerdotes tiveram a mesma sorte e se viram forçados a substituir a fórmula de fé de Nicéia pelas arianas. Em 331, consegue o retorno de àrio, com a intervenção especial de Cosntança. Em Constantinopla, Ário apresenta ao imperador uma fórmula de fé amibigua, aorfa, ams suficiente para salvá-lo do exílio. Tal era a situação quando ocorre a morte de Costantino, em 337

1.3.2- Os Antinicenos

Os antinicenos foram aqueles que se opuseram as diretrizes tomadas em Nicéia, entre eles haviam três tipos de teologias, a primeira indefinido, por vezes, ambíguos em questões cruciais, mas em geral conciliatório, refletindo a atitude do grande partido moderado.
Kelly diz: “Que os mais antigos credos do periodo oferecem exemplo disso, O credo do Concílio de Dedicação, de 341” De forte cunho anti-sabeliana, ele ataca as ideáis arianas, mais deixa brecha para formas da doutrina ariana mais sofisticadas.
A segunda teologia é especificamente ariana, um subproduto desta teologia foi o famigerado Segundo Credo, ou Blasfêmia de Sírmio 357 DC, embora não fala explicitamente em arianismo, ele revela uma tendência ariana inconfundivel, ele diz que existe: Duas pessoas a do Pai e a do Filho; o Pai é maior; e o Filho, subordinado.
A terceira teologia foi do tipo homoiousianismo que foi recebendo o numero cada vez maior de moderados, formou-se um partido sob a liderança de Basílio de Ancira e no Sínodo de Ancira 358 DC publicou-se o primeiro manifesto homoiousiano, Kelly diz que este documento declarava que: “Cristo não era uma criatura, mas Filho do Pai, pois criador e criatura são uma coisa e Pai e Filho constituem outra bem diferente” Mas o caráter homoiousiano deste partido é caracterizado pela seguinte declaração: “Mas a semelhnaça entre Pai e Filho não deve ser entendida como identidade, sendo outra ousia, o Filho pode ser como o Pai, mas não idêntico a Ele” è a grande questão da semelhança, não igualdade.
A.A. Hodge vai sistematizar da seguinte forma, as duas principais correntes dos antinicenos:
Os arianos que mantinham que o Filho de Deus é a maior de todas as criaturas, mais semelhantes a Deus do que qualquer outra, o unigênito Filho de Deus, criado antes de todos os éculos, por quem Deus criou todas as coisas, e divino só nesse sentido. Sustentavam que o filho era “heteroousion” de essência diferente, ou genericamente dissemelhante do Pai
O Partido médio, chamado semiarinos, que mantinham que o filho não é criatura, mas negavam que fosse Deus no memso sentido em que é o Pai, afirmavam que o Pai é o unico deus absoluto e auto-existente; e que, mao mesmo tempo e desde atoda a eternidade, fez proceder de Si, da Sua própria livre vontade, uma Pessoa divina, com a mesma natureza e as mesmas propriedades que Ele mesmo possui. Negavam, pois, que o filho fosse da mesma substância (homoousios) com o Pai, mas admitiam que é de uma essência realmente semelhante e derivada do Pai (homoiousios, de semelhante, e ousia substância) um só, genericamente, mas não numericamente

Estes eram as três teologias que os partidários antinicenos advogavam, a história vai dizer que mais tarde esta última teologia, a dos homoiousianos e seus adpetos por causa da atitude de Atanásio e Hilário, se tornaram mais flexíveis a teologia ortodoxa de Nicéia ou seja ao homoousianismo.

1.3.3- A Heresia de Macedônio

Quem era Macedônio ?
A heresia macedoniana ou pneumatomaquianos (opositores do Espírito) negavam a plena divindade do Espírito.
Kelly diz que não existe prova que ligue Macedônio a este movimento, diz “que nada comprova que ele tinha, de fato, alguma relação com os macedonianismo”
A disputa ariana agitava a mente das pessoas sobre a divindade plena do Filho, o credo que ficou formulado em Nicéia declarava simplesmente a crença no Espírito Santo, Berkhof vai dizer:
Até esse ponto não se tinham feito intensas considerações sobre o Espírito Santo, embora houvessem sido expressadas opiniões discordantes sobre o assunto. Ario afirmava que o Espírito Santo fora o primeiro ser criado pelo filho, opinião que se harmonizava bem como a de Origenes. Atanásio dizia que o espírito Santo é da mesma essência que o Pai, mas o credo Niceno contém apenas uma declaração indefinida: E (eu creio) no Espirito Santo.

Basílio, um dos Pais Capadocios disse que “a primeira menção de um debate sobre o Espírito Santo encontra-se na terceira carta de Atanásio ao bispo de Serapião de Thmuis, por volta do ano de 360” ele diz que a razão desse escrito é para combater os argumentos que afirmavam que o Espírito era uma criatura do Logos.
O Padre ortodoxo Theodoro no seu livro diz: “Eunômo, discípulo de Aécio, afirmava que o Espírito era uma criatura do Filho e este do Pai, o qual é Agennetos.”
Olson diz que “ Os macedonianos subordinavam o Espírito Santo ao Pai e ao Filho e argumentavam que o Espírito é um ser criado, uma força de Deus enviada pelo Pai por meio do filho, Jesus Cristo”
Basílio de Cesareia diz que seus argumentos se fundavam no fato de “ Não se devem dizem eles, pôs o Espírito Santo na mesma ordem que o Pai e o Filho, por causa da diferença de natureza e do grau inferior de dignidade”
Os pneumatômacos eram tão incoerentes que segundo Olson citando Basílio diz “ Que adoravam o Espírito Santo nas suas litúrgias divinas junto com Pai e o filho, o que seria blasfêmia se o Espirito Santo não fosse Deus”

O problema dos falsos mestres e o seu enfrentamento na Igreja Apostólica: Um estudo em 1-3 de João e Judas

INTRODUÇÃO
Alguns demônios vigiavam de perto um homem de boas intenções quando, de repente, ele se abaixou para pegar algo no chão. Aflitos, os demônios perguntavam entre si: O que ele encontrou o que ele encontrou?
Um pedaço da verdade, respondeu um deles. Quase todos eles ficaram muito preocupados: O que faremos? O mais experiente deles, porém, procurava acalmá-los: Não faremos nada. Fiquem calmos, não há com o que se preocupar. Como não? Afinal, ele achou um pedaço da verdade.
Não há com o que se preocupar, repetiu o demônio, vocês ainda não sabem o que um homem de boas intenções e apenas um pedaço da verdade pode fazer?
Não!
O de sempre, respondeu ele, uma nova heresia.

QUEM ERAM OS FALSOS MESTRES?
A Igreja cristã primitiva tinha problemas, um bom exemplo disto é a Carta aos Coríntios, além de problemas de ordem moral, litúrgica... Segundo o Doutor Roque Frangiotti, a Igreja também enfrentava alguns problemas de ordem de estrutura interna, eis o que ele diz
Pesquisas mais recente mostram que aquilo a que chamamos “cristianismo primitivo” era bem mais complexo do que a hipótese de Daniélou. Admite-se, cada vez mais que havia no interior destes grupos, pelo menos quatro tendências diferentes e até mesmo de oposição radical

Este dado é fundamental para compreendermos o fundo histórico que proporcionou o surgimento dos falsos mestres e de seus ensinos e conseqüente aceitabilidade de suas posições por parte de alguns. Frangiotti enumera as quatro tendências como “judaizante radical, judaizante moderada, helenista, helenista radical” Quando observamos isto, podemos responder questões do tipo: De onde os falsos mestres tiraram as influências para elaborarem suas doutrinas? Algumas das características dos helenistas radicais segundo Frangiotti eram
Motivados pela liberdade em Cristo, pregada e defendida por Paulo, pela fé que salva, não pelas obras da Lei, exageraram pelo lado oposto dos judaizantes. Rejeitavam radicalmente a Lei e alimentavam posicionamentos hostis ao judaísmo. Exageravam tanto a liberdade, a ponto de participar dos cultos pagãos e se rebelavam contra a Lei permitindo certa licenciosidade

Baseados nisto, podemos perceber uma tendência antinomiana. No meu entender o Rev. Augustus Nicodemus mesmo não usando a nomenclatura usada por Frangiotti, percebe algumas outras predisposições desta ala (helenistas radicais) do cristianismo primitivo, quando diz
Ao que tudo indica, portanto, formas iniciais de gnosticismo estavam agindo nas igrejas durante o período apostólico, especialmente nas igrejas helenísticas, onde pagãos haviam se convertido e trazido sua bagagem cultural e neoplatônica para dentro das primeiras comunidades cristãs.

A Questão das heresias se espalharem se deve ao fato da existência dos pregadores itinerantes que pregavam um evangelho falso. Com isto não se quer dizer que todo pregador itinerante fosse herege. O Rev. Augustus Nicodemus comentando sobre os falsos mestres que João enfrentou nos seus escritos diz
Aparentemente, eram pregadores ambulantes (prática comum naqueles dias, cf. os peripatéticos de Aristóteles que saíam pelo mundo afora procurando enganar as pessoas e tentando disseminar seus ensinos nas comunidades cristãs (2. 26; 4.1,5)

É fato que quando olhamos na 1 carta de João, esses falsos mestres negavam que Cristo tivesse vindo em carne (4.2; 2 Jo 7) diziam que o Senhor tinha “aparência” de humano, ou seja, a encarnação não tinha acontecido e a morte de Cristo fora uma farsa Este ensinamento é conhecido como docetismo (dokeo, parecer), além disto, eles também tinham uma prática contrária à Lei de Deus. Em versos como 1 João 3. 4-10 dá a entender que João está combatendo um ensino contrário a Lei de Deus. Sendo assim, os adversários de João eram antinomianos.
Com respeito a Judas o Rev. Paulo Siepierski identifica o ensino dos falsos mestres como
Um tipo de antinomianismo que pode ter tido sua origem em interpretações equivocadas do ensino paulino sobre a liberdade do cristão em relação à lei de Moisés. Esse antinomianismo era disseminado por mestres itinerantes que entravam nas comunidades cristãs ensinando a rejeição da autoridade moral e, conseqüentemente, estimulando o comportamento amoral

Por causa da aparência antinomiana das epistolas de 1 João e Judas, Bortolini diz
De fato, os adversários criticados nas cartas de João têm algo em comum com os que são condenados na carta de Judas. Se essa hipótese se sustenta, a carta poderia ter sido endereçada a comunidades cristãs da Ásia Menor (Éfeso e seus arredores), mas não necessariamente às comunidades joaninas.

COMO TIVERAM ACESSO ÀS COMUNIDADES CRISTÃS PRIMITIVAS?
Isto é uma questão interessante. Como esses falsos mestres tinham acesso às igrejas? Como ganhavam à confiança de irmãos que muitas vezes desconheciam? A resposta está na concepção de hospitalidade que a Igreja tinha e não somente a Igreja. Na antiguidade ela tinha um caráter quase sagrado. Hamman diz “O estrangeiro que passava a soleira da porta era considerado mensageiro dos deuses ou de Deus” .
As Escrituras louvam o fato da hospedagem, O próprio João louva Gaio pela hospitalidade e censura Diótrefes por sua atitude. Hermann comentando sobre a hospitalidade, diz o seguinte
O elogio da hospitalidade está no Evangelho; os outros escritos do Novo Testamento insistem no dever da acolhida e explicam sua motivação espiritual. Quem recebe o estrangeiro recebe o próprio Cristo. Esse é um dos critérios para ser acolhido na casa de Deus

Os falsos mestres usaram a bondade dos irmãos da Igreja para espalhar falsos ensinos, a penetração dos falsos mestres fora tamanha e causou tão forte impacto, que no séc. II o didaqué estabelece diretrizes, Herman diz que estas diretrizes “impunha prudência, tanto mais que os falsos irmãos e os fautores de heresia começavam a se multiplicar-se. A cizânia crescia tanto como a boa semente” O Didaqué estabeleceu os seguintes critérios:
1 Se alguém vier até vocês ensinando tudo o que foi dito antes, deve ser acolhido. 2 Mas se aquele que ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem atenção. Contudo, se ele ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor. 3 Quanto aos apóstolos e profetas procedam conforme o princípio do Evangelho. 4 Todo apóstolo que vem até vocês seja recebido como o Senhor. 5 Ele não deverá ficar mais que um dia ou, se for necessário, mais outro. Se ficar por três dias, é um falso profeta.

QUAL FOI O IMPACTO DE SEUS ENSINOS?
O impacto do ensino herético nas comunidades joaninas e nas que Judas escreveu foi ferrenho. É necessário atentar que naquela época não existia seminários, as pessoas eram simples, muitos escravos, mulheres e crianças, a igreja sofria perseguição por parte do Império. Muitas comunidades não dispunham de líderes preparados. Sendo assim, o falso ensino certamente iria causar grande prejuízo e de fato causou. Carson; Moo e Morris em seu livro dizem o seguinte “Algumas pessoas já saíram (1 Jo 2.18-19), e João está escrevendo para advertir seus leitores sobre falsos mestres que estão ativamente tentando enganá-los” A situação está tão grave que João instrui os cristãos a tomarem algumas atitudes. O texto de 2 Jo 9-11 diz o seguinte “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. 10 Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. 11 Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más”.
No que diz respeito a Judas, a situação também não era muito diferente, Judas fala que certos indivíduos se introduziram no meio dos santos e transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. (Jd.4) Judas iria escrever sobre soteriologia, mas muda de foco quando soube da existência destes indivíduos. Judas diz que alguns estão na dúvida e ordena salvai-os, arrebatando-os do fogo. (Jd 22,23). A igreja corria perigo e era necessária uma interferência forte contra estes falsos mestres. E é isto que o Apostolo João faz. Da mesma sorte, o meio irmão do Senhor, Judas.

REAÇÃO APOSTÓLICA (JOÃO)
Segundo O Rev. Augustus Nicodemus, João empregou três critérios para dar munição aos cristãos para que pudessem avaliar o ensino e vida dos falsos mestres, são eles: O teste moral, social e doutrinário.
A minha proposta é fazer uma amostra exegética nas passagens selecionadas que corroboram cada critério. O fato de não analisamos textos de 2 e 3 João se deve ao fato de cremos que as informações contidas nos textos de 1 João são referenciais de prevenção dadas pelo apóstolo e que definem seu pensamento apologético em todas as suas epístolas.
a- Teste moral: 1 João 2.3-6
b- Teste social: 1 João 4. 7,8
c- Teste doutrinário: 1 João 2. 22,23
1 João 2. 3-6 Kai. evn tou,tw| ginw,skomen o[ti evgnw,kamen auvto,n eva.n ta.j evntola.j auvtou/ thrw/men 4 o` le,gwn o[ti :Egnwka auvto,n kai. ta.j evntola.j auvtou/ mh. thrw/n yeu,sthj evsti,n kai. evn tou,tw| h` avlh,qeia ouvk e;stin\ 5 o]j d a'n thrh/| auvtou/ to.n lo,gon avlhqw/j evn tou,tw| h` avga,ph tou/ qeou/ tetelei,wtai evn tou,tw| ginw,skomen o[ti evn auvtw/| evsmen 6 o` le,gwn evn auvtw/| me,nein ovfei,lei kaqw.j evkei/noj periepa,thsen kai. auvto.j peripatei/n

Análise do Teste Moral:
Como sabemos que temos conhecido o Pai? O texto nos responde: Se guardamos os seus mandamentos. Quero destacar aqui o verbo “guardar” thrw/men este verbo é um subjuntivo presente ativo. Qual é a idéia do verbo? A Chave Lingüística diz o seguinte: “A palavra tem a idéia de observar ou manter algo fixo na memória. O subjuntivo é usado em uma oração condicional de terceira classe, que encara a condição como uma possibilidade” Aqui reside a diferença no aspecto moral, quem conhece o Senhor guarda os seus mandamentos. Os hereges que João combatia eram antinomianos. No 1 século da nossa era havia duas formas de um gnosticismo embrionário, “um asceta e outro libertino”. Tanto João quanto Judas combateram o tipo libertino do pré-gnosticismo.
No verso 4 existe uma junção lógica entre “conhecer e praticar” Não há como desassociar um do outro. Aquele que diz que o conhece e não guarda os seus mandamentos é mentiroso. João usa o verbo Egnwka este verbo está declinado como sendo indicativo perfeito ativo. Pelo tempo do verbo podemos perceber que eles de fato asseguravam que tinham chegado ao conhecimento e permaneciam nele. Entretanto, João diz que eles não guardam os mandamentos. O verbo thrw/n está declinado como sendo particípio presente ativo. Ou seja, enquanto eles dizem que tem o conhecimento e nele permanecem não estão guardando os mandamentos. João sentencia: yeu,sthj evsti,n “mentiroso é”. O substantivo está declinado como sendo nominativo e o verbo é um indicativo presente ativo. João não deixa dúvida de quem se está falando, o mentiroso é o sujeito do verso e este estado de ser mentiroso é descrito como algo contínuo. Enquanto ele for contraditório, ele é e continuará sendo mentiroso. E, por mas que digam que possui a verdade, ela não está nele.
No verso 5 João introduz uma conjunção hiperordenativa ou superordenativa “d” que segundo a análise gramatical “introduz uma oração que é mais proeminente do que aquela que se relaciona. Portanto, esta última é subordinada à oração regida pela conjunção superordenativa” João diz que aquele “o]j” ( Pronome relativo nominativo ) que guarda thrh/| (subjuntivo presente ativo) a chave lingüística diz “ O subjuntivo é usado com o pron. rel. com o significado de quem quer que guardar” . Ou seja, o que guardar a sua palavra, verdadeiramente o amor de Deus foi tetelei,wtai “aperfeiçoado, consumado” este verbo está declinado como sendo indicativo perfeito passivo, ou seja, o amor de Deus está de forma completa e seus resultados permanecem nele. A chave lingüística diz “o verdadeiro amor a Deus é expresso pela obediência moral e não por linguagem emotiva ou experiências místicas” E nisto sabemos ou conhecemos (ginw,skomen) que estamos (evsmen) Nele. Ambos os verbos estão no indicativo presente ativo, indicando continuidade.
No verso 6 João faz uma afirmação: Aquele que diz que permanece (me,nein) infinitivo presente ativo, o verbo transmite a idéia de uma estadia contínua. Esse deve andar (peripatei/n) infinitivo presente ativo. A idéia é de um andar contínuo. E este andar tem que ser como ele andou (periepa,thsen) indicativo aoristo ativo. Ou seja, o cristão precisa refletir em sua vida o comportamento de Cristo.
1 João 4:7-8 VAgaphtoi, avgapw/men avllh,louj o[ti h` avga,ph evk tou/ qeou/ evstin kai. pa/j o` avgapw/n evk tou/ qeou/ gege,nnhtai kai. ginw,skei to.n qeo,n 8 o` mh. avgapw/n ouvk e;gnw to.n qeo,n o[ti o` qeo.j avga,ph evsti,n

Análise do Teste Social:
Qual seria o fator prático do conhecimento de Deus? João estabelece um critério social que demonstraria a praticidade do verdadeiro conhecimento. João começa o verso 7 dizendo: Amados, amemos (avgapw/men) subjuntivo presente ativo. O amor precisa ser constante uns com os outros, João diz que o amor procede de Deus. Segue-se que todo aquele que ama ( avgapw/n) é nascido ( gege,nnhtai) indicativo perfeito passivo, o tempo do verbo indica um ação já realizada que tem seus efeitos contínuos, este homem não está nascendo, ele já é nascido e a prova deste nascimento é o amor. O homem que tem amor no coração, além de ser já nova criação, de fato conhece a Deus. O verbo conhecer ( ginw,skei ) indicativo presente ativo, indica um conhecimento que é constante. No verso 8 João faz uma declaração, ele diz: Aquele que não ama (avgapw/n) particípio presente ativo, a idéia do verso é de uma vida que não demonstra amor em suas atitudes. Este individuo não conheceu (e;gnw) indicativo aoristo ativo. O aoristo no indicativo indica uma ação passada e completa, ou seja, este homem nunca conheceu a Deus, ele é mentiroso. João dá agora a razão deste homem ser mentiroso: Deus é amor. Se ele conhecesse a Deus refletiria o que Deus é no seu relacionamento.
1 João 2:22-23 Ti,j evstin o` yeu,sthj eiv mh. o` avrnou,menoj o[ti VIhsou/j ouvk e;stin o` Cristo,j ou-to,j evstin o` avnti,cristoj o` avrnou,menoj to.n pate,ra kai. to.n ui`o,n 23 pa/j o` avrnou,menoj to.n ui`o.n ouvde. to.n pate,ra e;cei o` o`mologw/n to.n ui`o.n kai. to.n pate,ra e;cei

Análise do Teste Doutrinário:
Depois de vermos os testes moral e social. Vamos considerar o teste doutrinário imposto sobre os falsos mestres.
João começa o verso 22 usando um pronome interrogativo Quem? ( Ti,j) é o mentiroso, interessante que João não quer identifica qualquer mentiroso, ele quer identificar “o mentiroso” João escreve de forma bem especifica, ele sabe quem quer atingir. No texto João usa o` yeu,sthj Artigo nominativo masculino singular + Substantivo nominativo masculino singular. Será que João tinha um individuo especifico em mente? Razão por declinar o artigo e o substantivo no nominativo e no singular? Na seqüência do verso ele dá sua característica: Nega que Jesus é o Cristo. João usa um verbo aqui avrnou,menoj “negar” particípio presente, esta atitude dos falsos mestres era constante. João dá o seguinte parecer sobre quem estava negando, ou-to,j evstin o` avnti,cristoj “ este é o anticristo” temos aqui um pronome demonstrativo nominativo+verbo indicativo presente ativo+artigo nominativo masculino singular+Substantivo nominativo masculino singular. João usa um pronome demonstrativo declinado no nominativo, ou seja, ele apontar o sujeito. Este individuo que João focaliza tem por prática negar que Jesus é o Cristo e por ter esta atitude João o classifica como O anticristo. Observe o uso do artigo antes do substantivo, ambos declinados no nominativo. João diz que este individuo nega o Pai e o Filho. A idéia de João é apontar alguém, mas no mesmo capitulo nos verso 18 nos é dito que vem anticristos (avnti,cristoi) têm surgido. A questão é: O anticristo seria uma pessoa? Um sistema? Sproul diz o seguinte:
Mesmo que o anticristo de João fosse uma determinada pessoa no primeiro século, isso não exclui a possibilidade de que outros anticristos tenham surgido em várias épocas, ou mesmo continuamente, através da história da igreja. Essa especulação ganha, no mínimo, algum crédito baseada na referência de João a muitos anticristos (1 João 2.18) que precederam o anticristo

No verso 23 João estabelece o critério doutrinário de forma bem especifica: pa/j o` avrnou,menoj to.n ui`o.n “ Todo o que nega o Filho” João usou o verbo avrnou,menoj “no particípio presente médio. Esta atitude dos falsos mestres eram constantes. João diz que quem age assim não e;cei “tem” indicativo presente ativo, ou sejam, não tendo o Pai. Contudo, o que o`mologw/n “que fala igual” e;cei “tem” indicativo presente ativo, ou seja, tendo o Filho e também o Pai. Assim, João estabelece o teste doutrinário que seria juntamente com os outros dois testes uma espécie de farol para guiar os santos de Deus durante a sua jornada cristã e que eles não se tornassem vitimas do ensino dos falsos mestres.

REAÇÃO DE JUDAS
Judas não era apóstolo, identifica-se como irmão de Tiago e servo do Senhor Jesus. A quem a carta se destinava? Quem eram seus leitores originais?
Bortolini diz o seguinte:
Diferentemente da maioria das cartas do Novo Testamento, que têm uma comunidade (ou pessoa) bem definida desde o inicio, a carta de Judas é aberta (por isso classificada também como católica, ou seja, universal) sem endereço determinado. Podia ser uma carta circular para várias comunidades. Não se sabem de onde foi escrita nem a quem se destinava. Pode-se arriscar uma hipótese, relacionando-a com as cartas de João. De fato, os adversários criticados nas cartas de João têm algo em comum com os que são condenados na carta de Judas. Se essa hipótese se sustenta, a carta poderia te sido endereçado à comunidade cristãos da Ásia Menor (Éfeso e seus arredores), mas não necessariamente às comunidades joaninas. Aliás, a insistência com que a carta se refere ao Antigo Testamento e a textos judaicos apócrifos faz supor que muita gente nessas comunidades fosse de origem judaica

Qual o propósito desta carta? Em que Judas está interessado quando escreveu ela? Existiu algum motivo especifico?
É isto que procuraremos responder!
Green diz “que Judas escreve sua epístola com pressa para lidar com um surto de falso ensino acerca do qual acabara de ouvir falar”
Os estudiosos são de opinião unânime (mesmo os que advogavam que Judas não escreveu), que a epistola existiu por motivo apologético. Existia um surto de heresia, de falsos mestres na igreja, para a qual a carta foi dirigida.
Mas, qual seria este falso ensino? Green diz o seguinte:
Há concordância geral entre os comentaristas de que a heresia em mira é, em ambos os casos, uma forma primitiva de gnosticismo. As vidas e os ensinos destes homens negavam o Senhorio de Jesus (2 Pe 2.1; Jd 4). Conspurcavam a Ágape (festa do amor cristão), eram pessoalmente imorais, e infectavam aos outros com seus modos lascivos, através de reduzir ao mínimo o lugar da lei na vida cristã, e de enfatizar a liberdade (2 Pe 2. 10-12,18; Jd 4, 12) Nos seus ensinos, que eram muito volúveis, eram plausíveis e astutos, gostando da retórica, visando o lucro e obsequiosos com aqueles da parte dos quais esperavam ganhar alguma vantagem ( 2 Pe 2.3, 12, 14, 15, 18; Jd 16)

Ainda haveria mais coisas a dizer deste falso ensino; zombavam da doutrina paulina da livre graça em desculpa para a lascívia, e eles descreviam-se como sendo pneumatikois, os espirituais, embora na realidade não possuíssem o Espírito de modo algum.
Judas estava interessado tanto na salvação, como demonstrava uma preocupação pastoral de defender o rebanho, apesar de não ser apóstolo, revelava cuidado em escrever uma carta, conclamando a luta pela fé que uma vez foi dada aos santos.
É interessante a forma de argumentação de Judas, ele não combate a heresia de forma sistematizada, como se fosse um tratado de teologia, ele é simples em sua forma de argumentar. Apresenta personagens conhecidos do Antigo Testamento que viveram de forma ímpia. Baseado nisto, ele fala a respeito do juízo de Deus o qual não deixará impune os ímpios.
A minha proposta em Judas é fazer uma analise em dois versos (3-4) creio que estes versos têm muito a dizer sobre a reação de Judas
Judas 1:3-4 VAgaphtoi, pa/san spoudh.n poiou,menoj gra,fein u`mi/n peri. th/j koinh/j h`mw/n swthri,aj avna,gkhn e;scon gra,yai u`mi/n parakalw/n evpagwni,zesqai th/| a[pax paradoqei,sh| toi/j a`gi,oij pi,stei 4 pareise,duhsan ga,r tinej a;nqrwpoi oi` pa,lai progegramme,noi eivj tou/to to. kri,ma avsebei/j th.n tou/ qeou/ h`mw/n ca,rita metatiqe,ntej eivj avse,lgeian kai. to.n mo,non despo,thn kai. ku,rion h`mw/n VIhsou/n Cristo.n avrnou,menoi

Análise de Judas 3-4
O nosso texto começa com a saudação de Judas “ Amados”. Quem era esses amados? O primeiro verso responde: ... Aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo, as expressões gregas são hvgaphme,noij kai. VIhsou/ Cristw/| tethrhme,noij klhtoij o verbo agapaw está no particípio perfeito hvgaphme,noij e indica a segurança destes amados, o perfeito sugere que eles tinham sido e continuavam sendo objetos do amor de Deus, sendo assim, quando o irmão do Senhor chama os eleitos de amados, é muito mais que um mero tratamento, é uma condição gloriosa que os filhos de Deus têm. Existe também outro verbo no verso primeiro que é mister relacionar é tethrhme,noij este verbo também está no particípio perfeito, e é usado em sentido amistoso e quer dizer manter livre de perigos, preservar. A palavra expressa cuidado vigilante dispensado a alguém. Quem é esse alguém? Os Amados.
Pois bem, o verso 3, fala que Judas estava fazendo algo, o texto diz: Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me sentir obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente, pela fé que uma vez por toda foi entregue aos santos.
Michael Green em seu comentário diz:
Judas nunca teve o propósito de escrever esta carta! Propondo-se a escrever (o presente do infinitivo grafein sugere “num estilo lento?” acerca da nossa comum salvação foi forçado a pegar sua pena ás pressas (o aoristo infinitivo grayai) por causa da noticia de uma heresia perigosa. Ao invés de escrever uma carta pastoral, viu-se escrevendo uma carta de advertência. A fraseologia aqui não sugere que não era uma tarefa muita grata, mas se sentia obrigado

Ainda falando da mudança de assunto a Chave Lingüística diz o seguinte:
O aoristo contrastado com o presente precedente implica que a nova epístola tinha de ser escrita imediatamente e ele não poderia estar preparado para uma coisa agradável, como a carta que ele tinha planejado antes

A situação que leva o irmão do Senhor a escrever a carta é séria, vemos isto pelos usos das palavras no texto grego: avna,gkhn expressa necessidade, compulsão, pressão.
Outra palavra é parakalw/n part. Presente ativo de parakalew que significa exortar, rogar, encorajar. É a palavra usada para discursos de líderes e de soldados que se encorajam mutuamente.
A Chave Lingüística faz o seguinte comentário “É a palavra usada para as palavras que enviam soldados e marinheiros medrosos corajosamente para a batalha”. Será que ao usar esta palavra, Judas está comparado estes irmãos aos soldados e marinheiros medrosos?
Provavelmente não!
Mas, para que Judas conclamam os irmãos?
O verbo grego evpagwni,zesqai que quer dizer: lutar por, contender, exercer grande esforço por alguém. A respeito deles a Chave Lingüística diz “a palavra era usada para as disputas atléticas e para o esforço dos atletas nos jogos”
Os cristãos para quem Judas escreve, têm uma fé em comum. Judas fala sobre isto no começo do verso 3. Justamente por causa desta fé comum que todos têm. É que Judas exorta que ela deve ser defendida. A comunidade estava agora enfrentando um grande problema, e este problema era a invasão de homens maus. Siepierski em seu comentário diz o seguinte:
Entre essas dificuldades encontramos os falsos ensinos. E foi com esse problema que Judas se defrontou. Ao perceber que falsos mestres estavam corrompendo o ensino apostólico, ele insistiu para que eles batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos. O verbo principal era utilizado nos jogos atléticos helênicos e indica que Judas não está insistindo para que seus destinatários defendam o evangelho. Ao contrário, eles devem avançar até a vitória final

A idéia de batalhar está bem clara. Percebe isto pela figura que a palavra evoca, a idéia é de luta, não no sentido tanto de defesa, mas também de ataque, e esta atitude precisa ser diligente, esta é a fé que Judas incita a igreja a batalhar por ela. Esta fé foi dada à igreja não por um tempo determinado, ela era o que a igreja tinha de mais precioso, o Léxico define a[pax da seguinte forma “no texto de Hb. 10.2; 1 Pe 3.18; Jd 3, 5, o advérbio têm o significado de uma vez por todas, de uma vez para sempre”
Por que será que o irmão do Senhor diz que a fé foi dada de uma vez por todas. O apostolo Paulo diz na sua carta para Tito cap. 1. Verso 1 o seguinte: Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade. Não existe coincidência. O que existe é um deposito de verdades. A fé é dom de Deus e pertence aos eleitos, não de forma passageira, mas permanente, e é isto que o texto nos diz. Se tivéssemos falando de Teologia Sistemática, diríamos que o texto dá base para certeza de salvação, garantia de que o crente não pode cair da graça, mas fazendo a exegese do texto, percebemos que é justamente isso que o texto diz, ou seja, a nossa teologia está correta. Esta fé foi dada para sempre aos santos, e os santos precisam ter atitudes na defesa e propagação dela. E esta fé é o corpo de verdades, confiada à igreja.
Quais foram os motivos que levaram Judas a escreve esta carta?
O verso 4 diz: Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.
Este verso é muito rico em detalhes e revela-nos doutrinas a respeito do homem e do plano que Deus tem na vida de cada um. Pois bem, vamos a análise.
Quem eram estes homens?
Siepierski vai dizer que eles eram bem conhecidos dos leitores de Judas.
Eram pregadores itinerantes que, como era costume no cristianismo primitivo, viajavam de comunidade em comunidades nas quais eram sempre bem recebidos como profetas do Senhor. Só que após serem recebidos esses pregadores itinerantes em questão começavam a ensinar contrariamente ao ensino dos apóstolos. Judas diz que eles infiltraram-se dissimuladamente, pois provavelmente esperavam um certo tempo para começar seu ensino. Somente após terem adquirido a confiança da comunidade é que iniciavam a propagação dos falsos mestres. Isso demonstra que tais pregadores possuíam uma estratégia para arrebanhar seguidores

Bortolini têm o mesmo parecer a respeito destes homens
O texto nos informa que estes homens foram antecipadamente pronunciados para esta condenação. O verbo progegramme,noi particípio perfeito passivo, faz necessário observarmos algumas questões a respeito do uso do tempo perfeito para este verbo. Como sabemos, o perfeito é realmente perfeito presente, pois representa a ação do verbo no presente como existindo num estado completo ou aperfeiçoado. Quando foi que se completou a ação, o tempo perfeito não afirma. O perfeito expressa a continuidade da ação completada. “É uma combinação da ação pontiliar e durativa”
Observe que o verbo está na voz passiva, ou seja, ele sofre a ação, quem pratica a ação neles? Logicamente o Senhor Soberano.
A Chave Lingüística comentando isto diz:
Escrever previamente, inscrever de antemão, isto é “escrito antes no livro divino de julgamento” a palavra objetiva mostrar que eles já estão destinados á punição por serem inimigos de Deus. O perfeito indica a autoridade contínua daquilo que foi escrito

Mesmo não concordando, Bortolini, que é católico diz:
Como dissemos, Judas não aceita o diálogo, e nós não sabemos exatamente por que chegou a essa decisão. De acordo com a tradição daquele tempo e segundo textos apócrifos conhecidos por aquelas comunidades, afirmava-se que num livro que Deus tinha no céu estava registrado antecipadamente o destino de cada um. Esse modo de pensar e de ver as coisas pode conduzir a uma visão muito distorcida de Deus. Parece que o autor foi “espiar” o que havia nesse livro

Fica manifesto o tom jocoso de Bortolini, em não aceitar o posicionamento bíblico.
Independentemente se os homens aceitam ou não, o fato é claro: eles foram inscritos de antemão. Foram para que? Para kri,ma ou seja sentença, julgamento. O texto começa a descrever suas atitudes, avsebei/j ímpios, irreligiosos, qual a razão de serem ímpios? Só uma: A falta da graça de Deus. Mas, como poderiam desfrutar da graça? Se já eram condenados e destinados para este fim? Estes homens têm atitudes desprezíveis e malignas, próprias dos reprovados, os quais transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.

APLICAÇÕES PARA OS NOSSOS DIAS
1- A Igreja precisa conhecer as instruções dadas pelas Escrituras sobre qual ensino “de fato” procede de Deus.
2- A Igreja precisa de maturidade que provém de um conhecimento sadio.
3- Os ministros precisam entender que o êxito ministerial se evidência quando os santos são capacitados para o serviço a Deus.
4- A Igreja é chamada para batalhar pela fé e ter misericórdia de muitos que sucumbiram diante do falso ensino Jd. 23-23

CONCLUSÃO:
As instruções dadas por João e Judas servem para nortear a Igreja em dias difíceis. O pragmatismo e o pluralismo religioso devem ser combatidos. A Igreja do Senhor precisa ter sempre em mente a ordem de Judas “Vós, porém, amados edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” 20-21

BIBLIOGRAFIA
APOSTILA de grego, Seminário Presbiteriano Conservador
BOTOLINI, José. Como ler a Carta de Judas. São Paulo-SP: PAULUS, 2001.
CARSON, D.A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo-SP: VIDA NOVA; 2004
FRANGIOTTI, Roque. Histórias das Heresias (Séculos I-VII). 3ªed. São Paulo-SP: PAULUS, 2002
FRIBERG, Barbara; FRIBERG, Timothy. O Novo Testamento Grego Analítico. São Paulo-SP: VIDA NOVA, 2006.
GINGRICH Wilbur F. e DANKER W. Frederick. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. São Paulo- SP: Vida Nova, 2004
GREEN, Michael. II Pedro e Judas Introdução e Comentário. São Paulo-SP; VIDA NOVA, 2006
HAMMAN, A.-G. A Vida Cotidiana dos Primeiros Cristãos (95-197). São Paulo-SP: PAULUS, 1997
LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento Primeira Carta de João. São Paulo-SP: Cultura Cristã, 2005
RIENECKER, Fritz; ROGERS Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo-SP: VIDA NOVA, 1995
SIEPIERSKI, Paulo. Em Diálogo com a Bíblia 2 Pedro e Judas. Curitiba-PR: Encontrão Editora, 1997.
SPROUL, R.C. Os Últimos Dias Segundo Jesus. São Paulo-SP: Cultura Cristã, 2002
SITE CONSULTADO
www.monergismo.com/textos/credos/didaque.htm