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quinta-feira, 12 de março de 2009

Excurso: Algumas questões da Relação da Lei para com a nossa Época

Vemos nas Escrituras a continuidade da Lei, Moisés por não ter circuncidado seu filho, Deus foi ao seu encontro para matá-lo (Ex 4. 24-26).
Esta atitude de Deus está baseada na aliança que Ele tinha feito com Abraão, personagem este que viveu antes de Moisés, O que se quer mostrar é que as alianças estão presentes uma nas outras.
Outro exemplo é a questão da aliança noética, enquanto houver dia, haverá frio, calor, verão e inverno. Gn 8.22
Baseado nisto, percebemos que algumas coisas não passaram, pois fazem parte de uma estrutura maior, veja o caso da pena de morte, ela é instituída por Deus Gn. 9. 5. É repetida em Ex 21. 12, 14. Paulo reconhece que o estado tem esta autoridade. Romanos 13.4.
O que da aliança mosaica está valendo para os nossos dias? Precisamos compreender que a aliança mosaica é constituída de três divisões: Lei cerimonial, Lei Moral e lei Civil.
Quando o Senhor falou em Mt 5.17 Não vim para revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Ele cumpriu de fato os três tipos de Lei. Cada tipo de lei tem uma finalidade.
Lei Moral: Revela a vontade de Deus no que diz respeito à relação do homem para com Deus e com os seus semelhantes.
Lei Cerimonial: Toda a série de leis sobre culto, sacrifícios e purificações. Esse tipo de Lei apontava para Cristo. Foi à forma graciosa que Deus preparou para que os crentes do período do Antigo Testamento cultuassem a Deus, tivesse perdão pelos seus pecados, é deste tipo de lei que Hebreus 7, 8, 9,10 falam.
Lei Civil: Eram as leis que regulavam a convivência em sociedade, interessante que neste tipo de lei, existem princípios eternos da lei moral de Deus. Ver Ex 22.22, era errado lá como é aqui nos nossos dias.
A pergunta que se faz é: Qual o critério para saber se determinada lei é para os nossos dias ou não?
Por que não ofereço mais holocaustos?
Devo oprimir o órfão?
Devo honrar aos meus pais hoje em dia?
O critério é ter um entendimento correto da lei e dos seus tipos
Por que as pessoas nas igrejas têm dificuldade para entender a relação da Lei com a Graça?
Robertson analisando a questão da lei no livro de gálatas, diz o seguinte:
A forma exteriorizada, codificada, da lei veio a ser prontamente entendida como oferecendo outro caminho de vida que não o do principio da fé cristalizado sob Abraão. Era possível entender a lei propriamente como um mestre que conduzira a Cristo mediante crescente consciência do pecado. Ou era possível entender mal a lei como um feitor que se afastou de Cristo, desviando a concentração da justificação pela fé para justificação pelas obras[1]

O grande problema é o fato de as pessoas acharem que a lei é contraria a promessa, ela nunca foi, quando Paulo está tratando da lei em gálatas, ele trata em cima da perspectiva errada dos gálatas, ao pensarem que a lei podia justificar o homem perante Deus.
Preciso compreender isto, o cristão está debaixo da lei, não como meio para justificar, pois a lei nunca fora dada com este propósito.
Roberton sobre isto diz:
O cristão não vive debaixo de uma exteriorizada ministração da lei gravada em tábuas de pedra. Ao invés disto, ele vive com a lei escrita em seu coração. Ainda que o cristão esteja sempre obrigado a refletir a santidade e a justiça requeridas na lei de Deus, ele não mais se relaciona com esta lei como um código impessoal que permanece fora dele. Em vez disto, o Espírito de Deus ministra constantemente a lei dentro do coração do crente[2]

Então, para uma compreensão correta da lei, precisamos saber a finalidade da lei. Era cerimonial? R- Apontou pra Cristo. Sendo assim, ela fica em um contexto e não tenho mais obrigatoriedade em cumpri-la.
Faz parte dos 10 mandamentos? R- É eterna. Pois refleti a vontade de Deus para com Ele mesmo e para com meu próximo.
Se não existisse uma obrigação para com a Lei de Deus, qual a razão dos castigos que o povo de Deus sofreu e sofre? E se o povo também não tivesse essa relação qual seria a base para as promessas? Ver Ef. 6.1-3.
A Lei é tão graciosa para a Igreja, que ela presta-se a ser uma ferramenta especial, pois através dela compreendemos a natureza dos nossos pecados. E desta forma, cumprindo-a, fazemos a vontade de Deus para nossa vida, que é a santificação 1 Pedro 1.2.
Por esta razão a revelação mais completa da vontade de Deus na aliança mosaica deve ser considerada como grande dádiva. É obvio que diante da revelação da aliança em Cristo, sua gloria é menor, é isto que Paulo fala em 2 Coríntios 12-15
Porque Paulo fala em ministério da morte? Porque pela lei percebi que era pecador e a lei me condena, como ela pode ser graça? Porque ela fazendo isto me conduziu para Cristo Gl 3.24
Robertson citando um antigo ditado que se originou na escola de Hillel diz: “Onde há muito carne, há muito vermes; onde há muito tesouro, há muita preocupação; onde há muitas mulheres, há grande superstição; e onde há muita lei, há muita vida.”[3]


[1] ROBERTSON O. Palmer O Cristo dos Pactos, São Paulo-SP. Cultura Cristã, 2002 p. 169
[2] Ibid.
[3] Id. Ibid. p. 175

Jaziel C Cunha
Ig Presbiteriana conservadora em Paulista (Grande Recife)

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