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domingo, 7 de março de 2010

LEI, VEÍCULO DA GRAÇA DE DEUS

LEI, VEÍCULO DA GRAÇA DE DEUS

RESUMO
A má compreensão da Lei de Deus e o avanço do dispensacionalismo nas igrejas brasileiras, juntamente com outras concepções estranhas à Palavra de Deus, têm-se mostrado prejudicial a uma ortodoxia e conseqüentemente a uma ortopraxia. A lei nunca foi contrária as promessas de Deus, a lei não é inimiga da graça, a idéia da inimizade da lei e da graça é fruto de um neo antinomismo, que por sua vez é fruto de uma igreja que está afastada e continua a se afastar mais e mais da simplicidade do evangelho. E da correta relação da graça de Deus que se manifesta na Lei.

PALAVRAS CHAVES
Lei; Graça; Trabalho; Descanso; Sábado

INTRODUÇÃO
As relações de continuidade e de progressividade entre os Testamentos têm sido objeto de estudo entre os teólogos, a questão dispensacionalismo X aliancismo irá determinar e muito, o esqueleto doutrinário apresentado e ensinado nas igrejas.
Entender a continuidade ou a não continuidade é de suma importância. Neste artigo iremos defender a continuidade, a organicidade e progressividade das Escrituras. Entendendo que cada aliança subseqüente não invalida a anterior, ao contrário, complementa.
De sorte, que vemos a lei, não como algo rival à graça, vemos a lei como canal da graça de Deus.
Trataremos a questão “de um estar no outro”, ou seja, da graça está contida na lei, abordando a questão do quarto mandamento e da graça decorrente dele, tanto para o homem, quanto para a criação e destacaremos seu caráter maior, sua perspectiva libertária.

DEFINIÇÃO
Antes de mais nada precisamos definir o que é Lei?
O substantivo hr"îAT significa “ensino”. O DIT do Antigo Testamento faz o seguinte comentário:
Especificamente, a palavra “lei” refere-se a qualquer conjunto de regulamentos; por exemplo, Êxodo 12 contém a lei a respeito da observância da Páscoa. Algumas outras leis específicas incluem aquelas a respeito das várias ofertas (Lv 7.37), da lepra (Lv 14.57) e do ciúme (Nm 5.29). À luz disso, por vezes considera-se a lei algo constituído de estatutos, ordenanças, preceitos, mandamentos e testemunhos.

Esta definição é importante, pois o grande problema que se vê hoje em dia é justamente a não compreensão da palavra “lei” e isto se deve muito, por causa da compreensão dispensacionalista, que vê a lei como algo antagônico a graça de Deus.
O substantivo !xEß segundo o DIT significa “favor, graça, encanto,” esta definição é importante para a compreensão do relacionamento de Deus com os homens e as criaturas, o intuito é mostrar que a graça não só tem relação soteriológica, mas preservativa e relacional.

VEÍCULO DE GRAÇA
Para uma melhor compreensão é necessário mostrarmos o caráter da Lei como uma aliança, vejamos alguns textos: Ex 34.28; Dt 4.13; Dt 9. 9,11.
Isto é importante entendermos, a Lei é uma aliança e por ser aliança, é graça. Pois revela a vontade de Deus escrita, através dela o homem sabe o que agrada a Deus ou não, e conseqüentemente recebe as bênçãos, caso obedeça e as maldições, caso desobedeça. Mas, mesmo o castigo do Senhor, possui um caráter disciplinador e por possui isto, já demonstra o seu amor, Interessante observarmos o que Salomão disse. Ver 1 Reis 8. 22-53.
Também o texto de Deuteronômio 30. 1-5 faz menção da graça de ter a ira de Deus propiciada, quando o povo reconhece seu estado de miséria e pecaminosidade diante de Deus, e perde perdão a Deus.
1 E será que, te sobrevindo todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, 2 E te converteres ao SENHOR teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, 3 Então o SENHOR teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o SENHOR teu Deus. 4 Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará o SENHOR teu Deus, e te tomará dali; 5 E o SENHOR teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais.
Aqui vemos que a Lei não é contrária a graça, a Lei é o veículo para receber as bênçãos condicionais, entretanto, mesmo que o povo de Deus venha quebrar a Lei, arrependendo-se, Deus será propicio.
Se a Lei não fosse uma aliança, fosse algo que não possuísse graça nenhuma, Deus não poderia remover o castigo, pois a Lei seria sem misericórdia.
Robertsom diz algo bem interessante
(...) a aliança mosaica da lei dirige-se claramente ao homem em pecado. Esta ultima aliança jamais pretendeu sugerir que o homem, por obediência moral perfeita, pudesse entrar em um estado de garantida bem aventurança pactual

A Lei está tão recheada de graça, que se não entendêssemos desta forma, como poderíamos entender a Lei cerimonial, sem que a víssemos como graça de Deus, quando o homem pecasse?
A idéia da substituição já estava contida desde antes da Lei e com a Lei isto não é eliminado. Na lei cerimonial isto fica patente.
Na Lei cerimonial existem vários tipos de oferta, eis os seus significados
1. As ofertas queimadas.
O termo que descrevia as "ofertas queimadas" é Olah que deriva da raiz do verbo que significa "subir" ou "ascender". É uma oferta de ascensão. Isso se referia ao fato de que a oferta inteira era queimada e "ascendida a Deus".
Ela era a oferta fundamental para que os homens comparecessem à presença do Senhor. Por isso, Levítico 1.3 diz que um homem que fez essa oferta "seja aceito perante o Senhor" e o verso 4 acrescenta "para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação".
Uma vida foi oferecida sobre o altar.
Ela devia ser completamente queimada sobre o altar. Isso significava que o dever daquele homem para com Deus não era apenas de dar parte de si a Deus, mas sim uma rendição total e plena de si e de TUDO QUE POSSUÍA.
Dependendo da situação financeira do ofertante, a oferta poderia ser um touro, um cordeiro ou um pombo.
2. As Ofertas de Manjares.
Ela não envolvia tirar uma vida. Ao invés disso, era composta de farinha, óleo e incenso.
Ela reportava-se ao tempo da criação, quando Deus disse ao homem: "Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento” (Gn 1.29).
Este é um quadro daquele que se tornou o nosso "Pão da Vida", que foi ungido com "Óleo" do Espírito Santo.
Mel era proibido, ao invés disso era usado incenso.
Isso é porque o mel poderia eventualmente azedar (fermento também era proibido); mas o incenso ressaltava o seu mais alto grau de fragrância depois de ter sido queimado.
Ela seria temperada com sal - indicando preservação (2.13).
3. Ofertas pacíficas.
Todos comiam uma porção da oferta pacífica (o ofertante, o Senhor, o sacerdote e até mesmo os filhos do sacerdote).
Nas ofertas queimadas e nas ofertas de manjares, o Senhor e o sacerdote tinham uma porção, mas não o ofertante.
Isso significava comunhão com Deus. Quando você toma lugar em uma mesa e come com alguém, significa que você está em paz com ele. Cristo tornou-se nossa oferta pacífica. Nele Deus e o homem encontram um alimento comum.
È notável que a oferta pacífica geralmente vinha acompanhada de uma libação de vinho - Pão e vinho formam a mesa do Senhor.
4. Ofertas pelo pecado.
As primeiras três ofertas eram apresentadas como atos de culto. Esta oferta é constituída como expiação pelo pecado.
As primeiras três ofertas eram queimadas no altar. Esta oferta era queimada na terra nua, fora do acampamento. Este é um quadro de Jesus que foi crucificado fora de Jerusalém. Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta (Hb 13.12).
5. Ofertas pela culpa.
Esta oferta é a única que não é descrita como "aroma suave", como até mesmo a oferta pelo pecado é descrita em Levítico 4.31.
Esta oferta se aproxima muito da oferta pelo pecado, mas ainda tem algumas diferenças sutis.
Enquanto os pecados que requerem uma oferta são somente mencionados em um sentido geral, há um número de ofensas específicas que requerem uma oferta pela culpa.
Uma parte da oferta pela culpa incluía uma recompensa financeira para a parte que foi prejudicada (Lv 6.5). Assim, a oferta pela culpa incluía o princípio da restituição.
Trataremos agora, de forma mais especifica sobre o quarto mandamento e sua relação com o dia a dia do ser humano, da criação e do seu caráter escatológico.

QUAL A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E DESCANSO?
A lei é veiculo de graça, demonstraremos isto, abordando a questão do 4ª mandamento e a graça contida na sua guarda. As Escrituras dizem: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu o eu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o seu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Ex 20.8-11)
Será que este mandamento era desconhecido dos judeus?
Não!
No próprio livro de Êxodo, o Texto Sagrado nos informa “Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele, não haverá. Ao sétimo dia, saíram alguns do povo para o colher, porém não o acharam. Então, disse o Senhora Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis? Considerai que Senhor vos deu o sábado; por isso, ele, nos sexto dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique onde estás, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia” (Ex 16. 26-29)
O contexto desta passagem é a colheita de maná.
Qual a razão de Deus fazer tanta questão por este dia?
Será que quando Ele descansou é porque estava de fato cansado?
Não! A narrativa do Gênesis mostra-nos algo a mais. Deus nos ensina que devemos parar, devemos dar descanso tanto ao nosso corpo como as demais criaturas de Deus, que nos servem e também a terra. E aqui, vemos “graça de Deus”.
O descanso está relacionado com o mandato cultural, quando Deus criou o homem, deu-lhe a seguinte ordem: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Édem para o cultivar e o guardar.” (Gn 2.16)
Este trabalho não seria continuo. Deus deu descanso para o homem. A própria terra também teria que descansar “Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo, nem poderás a tua vinha” (Lv. 25.4)
Quando começamos a olhar desta forma, vemos que a lei não é e nunca fora contraria as promessas de Deus Gl 3.21.
Hans Walter Wolff diz o seguinte:
O tempo do ser humano é, acima de tudo, uma dádiva. Seu trabalho se torna inútil e sem sentido, se ele esquece isso. Embora a sabedoria veterotestamentária exorte claramente a deixar a preguiça, ela previne com mais rigor ainda contra o equívoco de pensar que o ser humano seria obsequiado apenas por suas obras

Quando o Senhor pôs o homem no jardim, não o colocou para que fosse um desocupado, e muito menos que ele fosse um louco estressado, que não teria tempo para nada mais, além de trabalhar e trabalhar.
Aqui reside a graça do equilíbrio, trabalhar, mais também, poder descansar.
Não adiantaria muito coisa, se o homem quisesse descansar e não tivesse como. Deus providencia um dia para que ele parasse, e dar-Se como exemplo, Ele o próprio Deus, que não se cansa, para. Mostrando assim ao homem o que ele deveria fazer. E como vimos, não só a ele, mas toda a criação.
A compreensão correta da relação trabalho e descanso só se dar quanto temos a percepção da finalidade de cada um.
Qual a finalidade do mandato cultural?
O mandato cultural é representado pelo comércio, artes, trabalho, tecnologia, escola, etc.
Sua finalidade é o desenvolvimento, a exploração da terra. Mas, exploração consciente, e a isto, o próprio texto de Gn 2.15 limita. A expressão Hr"(m.v'l.W ( e para ela “ele” governar). Tem um profundo significado, segundo o DIT a raiz básica é a de “exercer grande poder sobre” o DIT também fala de um desdobramento, que para o nosso texto, tem uma aplicação mais especifica, “tomar conta de , guardar. Isso envolve manter, ou cuidar de coisas, tais como um jardim” .
O homem foi criado no sexto dia, e a primeira coisa que esse homem fez no seu primeiro dia de vida, depois de criado, foi o descanso, e isto tem uma aplicação teológica entre a relação trabalho X descanso. Wolff diz o seguinte:
Por conseguinte, o dia de repouso se destina a lembrar ao ser humano que ele foi posto em um mundo provido abundantemente de tudo que é necessário e de muitas coisas belas. As palavras recordam o primeiro relato da criação (Gn 2. 1-3) o qual descreve, em seu estilo arcaico, que o primeiro dia da vida do se humano foi o grande dia do repouso

Qual o ensinamento disto?
Mostrar ao homem que ele deve depender do Criador, todo trabalho já foi terminado, o trabalho do homem é a manutenção, o cultivo, a guarda. Diga-se de passagem, que o Criador não depende do homem para manutenção de sua obra, pois como o texto de Hebreus nos informa é Jesus o Grande Sustentador de tudo (Hb 1.3). O homem como vice regente da criação, governa a criação de Deus, e faz isto, por um ato de condescendência do Criador, de sorte, que Deus quis ensinar que Ele é provedor de tudo e que o homem precisa descansa Nele.
As Escrituras lembram ao homem esta sua limitação, mesmo falando contra a preguiça em textos como Pv. 6. 6-11; 26. 13-16. Ela de forma antitética também diz que O Senhor dá os seus enquanto dormem Sl 127.2. Então temos duas situações:
a- O Homem deve trabalhar
b- Mas o fruto do trabalho provém do Senhor
Desta forma, estabelecemos a relação entre trabalho e descanso, o trabalho visa à glória de Deus, pois é sua ordem, dada na criação, o descanso também é ordem sua, e também visa a sua glória, pois no descanso, o homem percebe que tudo que ele possa fazer, não terá resultados esperados, se o Senhor não lhe der. Então a graça reside em trabalhar e poder descansar.
Wolff faz o seguinte comentário:
A superanbudância tira o descanso do mesmo modo que o zelo demasiado (...). O sono bom se torna o fator distintivo do ser humano que vive no ritmo das dádivas e dos chamamentos de Javé. No descanso se mostra a arte de viver, isto é, aquela sabedoria cuja peça mestra é o temos de Javé. Ela sabe que a futilidade do esforço baldado dos fanáticos por trabalho foi definitivamente substituído pela graticidade da dádiva de Javé durante o sono.

SÁBADO
Com isto em mente, começamos a compreender a importância do dia de descanso, a idéia contida na ordem do Senhor em Gn 2. 3 dar-se como exemplo ao homem.
A primeira parte do texto sagrado, de Gn 2.3 diz: tb;v' AbÜ yKiä At+ao vDEÞq;y>w: y[iêybiV.h; ~Ayæ-ta, ‘~yhil{a/ %rw: (E abençoou Deus o dia sétimo e santificou (o) visto que nele descansou).
Observe que a atitude de Deus de abençoar, separar, consagrar o dia sétimo está relacionada ao fato de ter Deus descansado. Os outros dias são abençoados? É lógico que sim! Mas o sétimo dia assume caráter diferencial, Existe uma teologia do sábado? Uma teologia do descanso?
O Senhor criou todas as coisas nos outros dias, e sua qualificação para os outros dias foi “que isto era bom”, mas só santificou o sétimo dia. Qual a razão disto? A razão disto é que o sábado é um convite para que toda a criação se alegre em tudo que Deus fez, descansando, desfrutando e adorando o Criador. Com isto, não se quer dizer que nos outros dias o homem não deve adorar a Deus, o homem nos outros dias deve executa as tarefas próprias do mandato cultural, não deixando de se lembrar do espiritual e do social. Mas no sábado, o homem deve parar, deve perceber que tudo girar em torno do Criador, Deus o convida ao deleite, ao descanso.
Wolff, afirma o seguinte sobre a questão do descanso
Aí temos o termo que dá seu nome ao dia do repouso no Antigo Testamento: tb;v'= parar o trabalho, cessar a atividade. De acordo com isso, deve-se passar o sábado em descanso do trabalho.

O decálogo faz menção do dia de descanso, e baseia-se na criação. Interessante observarmos aqui o caráter de continuidade, de progressividade da revelação e de sua organicidade, não é dado outro motivo no texto. Em Deuteronômio 5. 15 nos é dado o seguinte motivo para a guarda do dia de descanso: Porque te lembrarás que foste servo no Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasse o dia de sábado. Mudou o motivo? Ou a idéia de descanso, também envolve a idéia de libertação?
Cremos que a idéia do descanso também envolve a idéia de libertação, este conceito é bem patente numa teologia bíblica libertária, o povo devia guardar o dia de descanso, pois como eles foram escravos no Egito e eram explorados, eles deviam guardar a dia do descanso como memorial libertário do Senhor.
O Senhor não criou nenhuma criatura para a exploração, para o cativeiro, e sim para a libertação. O texto de Romanos 8. 20-21 fala da esperança da libertação da criação. O sábado aponta para algo maior. Aponta para a libertação. Destarte, os cristãos primitivos compreenderam bem este caráter libertário do sábado, quando perceberam que o seu dia de descanso, seria o primeiro dia da semana, pois lembrava a libertação promovida pelo Senhor Jesus.
O DIT faz o seguinte comentário:
Parece que os cristãos estavam certos ao associar o dia de descanso com a lembrança da ressurreição de Cristo. É ele quem dá liberdade. Na verdade, nessa questão não há nenhum conflito real entre Deuteronômio e Êxodo. Enquanto Deuteronômio tem em vista o povo da aliança, os versículos de Êxodo dão ênfase ao Deus da aliança

O sábado assume um caráter humanitário em relação às criaturas, que neste tempo sofrem as conseqüências do pecado do vice regente da criação, Adão. E neste caráter humanitário os animais param de trabalhar, param de servir ao homem, que muitas vezes pagam o trabalho dos animais com maus tratos. Seis dias farás a tua obra, mas, ao sétimo dia, descansarás; para que descanse o teu boi e o teu jumento Ex 23.12 (parte a do verso).
O sábado possui também um caráter escatológico na Pessoa bendita do Senhor Jesus, Ele é o nosso sábado, Ele é o nosso descanso, Ele é a certeza de que tudo será diferente. Neste sentido vemos a ligação intima de Apocalipse 22 com Gênesis 1-2. É à volta para o Parque das Delicias, é o gozo completo, sem exploração, sem violência, sem choro, sem Mamom e seus súditos. Onde veremos os aspectos do Reinado de Deus manifestos na terra, esta idéia de terra restaurada com videiras, animais em perfeita harmonia é a idéia de descanso que as Escrituras nos ensinam, é de fato a Terra Prometida, desejado por todos os santos tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.

CONCLUSÕES
A Lei é veículo de graça, como já disse o salmista: Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa Sl 19.11. Percebemos o quanto, o dispensacionalismo causou mal à igreja de Cristo.
Só um estudo sério da aliança e sua real compreensão pode tirar a igreja brasileira deste marasmo doutrinário, desta areia movediça que ela vive.
A compreensão correta da Lei se dará quando levarmos em considerações algumas coisas
1- A Lei não começa com Moisés, ela já existia, podemos ver sua origem quando o Senhor criou todas as coisas e deu mandatos a serem obedecidos.
2- Sendo assim, o homem quebra uma lei no Éden. Por isso, ele morre.
3- A graça salvífica se manifesta, quando no cap. 3 do Gênesis, onde deveria ter somente maldições, achamos graça.
4- Mesmo depois do pecado, à lei vêm conectadas várias disposições graciosas de Deus que visam abençoar o homem, e estas benções estão condicionadas à obediência da Lei.
5- Sendo assim, temos bênçãos que estão condicionadas à Pessoa do Senhor Jesus e benção condicionadas à nossa obediência da Lei
Devemos amar a Lei de Deus, pois ela é veículo de graça para as nossas vidas, da Igreja e da nação.

Rev. Jaziel C. Cunha