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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Aliança Abraâmica

Enquanto que na aliança da noetica, ou aliança da preservação, Deus manifestou-se de forma graciosa com o ser humano e com suas criaturas de forma geral, preservando Noé e sua família e os animais.
Na aliança com Abraão, Deus dá uma ordem a um homem que Ele tinha escolhido para fazer uma aliança e desta aliança estabelecer um povo. Este povo não seria somente os seus descendentes, mais todos aqueles que professassem fé no Deus de Abraão.
Abraão morava em Ur na Caldeia, seu pai se chamava Terá e era idolatra Josué 24.2
Em Abraão, Deus começa um novo estágio do pacto da redenção, a Igreja Visível surge com Abraão. È com Abraão que Deus vai fazer um sinal visível de seu relacionamento: A Circuncisão. É com os descendentes de Abraão que Deus estabelecerá a Páscoa, é com os descendentes de Abraão que Deus ira dá a Lei, é dos descendentes de Abraão que Jesus nasceu. Deus justificou e chamou Abraão quando ele não era circuncidado, ate porque a circuncisão é selo da fé, da aliança que Deus fez com Abraão. Por que cremos no Deus de Abraão somos chamados filhos de Abraão, no sentido de sermos identificados com Ele. Veja o texto de Gálatas 3. 6-14
O grande erro dos judeus foi pensar que pelo fato de ter uma descendência na carne com Abraão isto garantia acesso a Deus, não Deus chama Abraão e faz com ele um pacto, e todo aquele que professar fé em Deus, independente de nação, este que é verdadeiro filho de Abraão, este é o sentido que Paulo diz: Ora, tendo a Escritura previsto que o Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho Abraão; Em ti, serão abençoados todos os povos. Gálatas 3.8
A aliança da Redenção foi administrada de Adão até Abraão por meio de:
1- Promessa
2- Por meio de sacrifícios típicos instituídos na família de Adão (lembre-se que o templo não existia e nem sacerdotes, o sacrifico era oferecido em certos lugares e quem oferecida era o patriarca da família)
3- Por meio de revelações imediatas e manifestações pessoais de Javé ou do Mediador divino. Assim o Senhor é representado nos onze primeiros capítulos de Gênesis côo “falando” aos homens
4- Essas promessas e sacrifícios eram entendidos em sua verdadeira significação espirituais, fica provado pelo fato que lê em Hb. 11. 4-16
È importante entendermos isto, o patriarca é quem oferecia os sacrifícios, ele é quem era responsável pelo culto a Deus.
Berkhof diz:
No período patriarcal as famílias dos crentes constituíam as congregações religiosas; a Igreja era mais bem representada nos lares piedosos, onde os pais serviam de sacerdotes. Não havia culto regular, embora Gn 4.26 pareça implicar uma invocação pública do nome do senhor. Havia distinção ente os filos de Deus e os filhos dos homens (...). Por ocasião do Dilúvio, a igreja foi salva na família de Noé, e continuou particularmente na linhagem de Sem. E quando a religião verdadeira estava de novo a ponto de morrer. Deus fez uma aliança com Abraão, deu-lhes como sinal a circuncisão e o separou e aos seus descendentes do mundo, para ser povo peculiar seu

É a partir de Abraão que Deus começará a se relacionar com um povo, ou seja, seus descendentes, estes descendentes constituíram a igreja visível d Deus no Velho Testamento, quando os gentios nesta época queriam adorar a Deus, se tornava prosélitos, eram circuncidados e guardavam a Lei de Deus. Deus como prova de sua aliança fez um pacto com Abraão. E é isto que iremos ver na próxima aula. Ler Gênesis 15

Aliança Abraâmica parte II

Deus chama Abrão de sua terra em Gênesis 12. Sara sua mulher era estéril e pelos costumes da época seu servo Eliezer poderia ser “adotado” ficando com todos os seus bens, Mas Deus tinha outros planos para Abraão. Ele disse que Sara teria um filho. Imaginem a alegria que o patriarca deve ter ficado... Talvez tivesse pensado no fato de ser velho, mas mesmo assim o Texto Sagrado nos diz que: Ele creu em Deus e isto lhe foi imputado para justiça Gn. 15.6.
Deus para confirmar a promessa de que Abraão teria um filho, fez um pacto com ele, e é aqui que vamos nos deter um pouco.
1- Qual é o significado deste pacto?
O pacto foi feito entre Deus e Abraão e tem um significado muito profundo, Abraão pega os animais (novilha, cabra, cordeiro, rola e um pombo) e parti-os ao meio com exceção das aves Gn 15.10. Qual a razão disto?
A razão era a seguinte: Estava sendo estabelecido um pacto, este pacto não era diferente quanto à essência do anterior feito com Adão e Noé, o pacto era ministração de graça. Lembremos que até o momento não existia uma povo especifico separado para Deus, do patriarca Abraão, Deus ira levantar este povo, e para mostrar a imutabilidade de seu propósito Deus entra em aliança com Abraão.
2- O que aconteceu neste pacto?
O verso 12 do cap. 15 descreve que caiu profundo sono em Abraão e grande pavor e cerradas trevas o acometeram. O Senhor lhe fala: Que sua descendência seria peregrina em terra alheia e reduzida a escravidão e será afligida por 400 anos. Interessante observarmos a exatidão da narrativa, antes de Israel se tornar escravo, ele foi peregrino em terra alheia, só é olharmos a historia de Isaque, Jacó. Aqui nós temos o decreto da escravidão de Israel, na história de José temos todo o desenrolar da providência para que os filhos de Jacó fossem ao Egito e ficassem lá, para que o decreto que Deus tinha anunciado a Abraão se cumprisse. Deus disse também que iria julgar aquelas gente, como de fato fez, na história da travessia do mar vermelho. Fala também da ira que tinha contra os amorreus Verso 16 do cap. 15.
Existe algo curioso, Por que Deus falou isto a respeito dos amorreus? No cap. 14.13 diz: Porém veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; este habitava junto dos carvalhais de Manre. O amorreu, irmão de Escol e de Aner, os quais eram aliados de Abrão. No decorrer da história de Israel os amorreus tornam-se inimigos ferrenhos de Israel. Mas naquele período dá a entender que eram aliados
3- E para prova isto algo extraordinário aconteceu.
O verso 17 descreve que: Posto o sol, houve densas trevas; E eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo que passou entre aqueles pedaços (verso 17)
Robertson diz o seguinte:
Na conclusão dessas palavras de profecia, Abraão testemunhou um mui surpreendente fenômeno. Um fogaréu fumegante e uma tocha de fogo passaram entre aqueles pedaços de carne que haviam sido arranjados antes

Por que Deus fez isto?
Esta atitude tinha um significado espantoso, a ideia é que a parte que quebrar será morte e cortada ao meio da mesma forma como aqueles animais foram, mediante a divisão dos animais estabeleciam uma espécie de automaldição. Deus estava mostrando a Abraão o quanto levava sério a aliança.
Deus cumpriu a aliança estabelecida com Abraão, tudo que tinha dito se cumpriu, A descendência de Abraão foi peregrina, escrava e depois saiu com grande riqueza, o povo que tinha opresso o povo de Israel foi julgado e o Senhor deu a terra prometida aos descendentes de Abraão.
Robertson diz:
Deus, o Criador, liga-se ao homem, a criatura, mediante solene juramente de sangue. O Todo-Poderoso decide comprometer-se a cumprir as promessas ditas a Abraão. Em virtude deste comprometimento divino, as dúvidas de Abraão são eliminadas. Deus prometeu solenemente e selou esta promessa com um juramento de automaldição. Está assegurado o cumprimento da palavra divina

Iremos ver durante os estudos que toda vez que Deus estabelece um novo estagio da aliança da redenção, Ele cumpre, sempre é o homem que falha, e nesse entendimento que iremos perceber a maldição da aliança quando chegarmos na aliança da Lei, e onde perceberemos que a Lei é na verdade Graça.

Aliança Abraamica Parte III

Vimos que quando Deus fez a aliança com Abraão, passou no meio dos animais repartidos e isto significativa que caso não cumprisse sua parte, Ele queria ser esquartejado como aqueles animais.
Robertson diz o seguinte: “Em iniciando alianças, Deus jamais entra em relação casual ou informal com o homem. Em lugar disto, as implicações de seus pactos estendem-se às ultimas conseqüências de vida e morte”
A frase que é traduzida por fazer aliança, no original significa “cortar uma aliança” que é justamente fazendo menção ao caráter da aliança, caso não cumpra, as partes contratantes precisam ser cortadas como os animais. Essa idéia de cortar a aliança, esta ideia aparece em outras alianças que vão aparecer no Antigo Testamento Jz 2.2; I Sm 11. 1-2, Is 28.15, Jr. 11.10, Ez 17.13; Os 2.18
Qual é a significação desta divisão de animais no momento de estabelecimento de aliança? Tanto a evidência bíblica quanto a extra bíblica combinam no sentido de: confirmar significação especifica para este ritual. A divisão do animal simboliza um “penhor de morte”, no momento do compromisso da aliança. Os animais desmembrados representam a maldição que o autor do pacto invoca sobre si mesmo caso viole o compromisso que fez
A aliança tem uma característica que é o derramamento de Sangue.
Qual o significado do sangue?
O sangue tem significação nas Escrituras porque representa a vida, não porque seja bruto e sangrento. A vida está no sangue (Lv 17.11) e por isso o derramamento de sangue representa um julgamento sobre a vida. A imagem bíblica do sacrifício de sangue dá ênfase à inter-relação de vida e sangue. O derramar de “vida sangue” significa o único caminho de livramento das obrigações de aliança uma vez contraídas. Uma aliança é um pacto de sangue, que compromete os participantes à lealdade sob pena de morte. Uma vez firmada a relação de aliança, nada menos do que o derramamento de sangue pode libertar das obrigações contraídas no evento de violação da aliança.
Aqui temos um motivo, porque Jesus teve que morrer. Nós como descendentes de Adão, pecamos. Antes de haver o pecado, observe que a aliança não tinha derramamento de sangue, Deus estabelece uma aliança com Adão e não há derramamento de sangue. Deus tinha estabelecido um relacionamento único entre ele e a criação. Quando Adão pecou, a maldição anunciada tinha que ser cumprida. Sendo assim, pelo contrato de aliança, o homem tem que morrer. É neste entendimento que compreendemos a palavra “GRAÇA” Favor imerecido. Por quê? Pela estrutura da aliança, o homem tinha quebrado. Sendo assim, ele tem que ser aniquilado. Mas Deus revelou graça.
Deus estabelece uma aliança com Adão Oseías 6.7
Partes contratantes: Deus e Adão
Conteúdo da aliança: Benção (vida) e Maldição (morte)
Condição: Obediência e desobediência. Se obedecesse viveria, caso não morreria
Houve desobediência: ENTÃO HOUVE MORTE.
Vimos à presença de Sangue na aliança com Noé, (ver Gn 8. 20-22) Qual foi a reação de Deus?

Aliança Abrâamica Parte IV

Quando Deus fez a aliança com Abraão, existe uma característica importante no chamado de Abraão, Van Groningen faz o seguinte comentário
O chamado de Abrãao deve ser visto como mais do que uma mera diretriz para se mover para outro lugar. Deus Yahweh chamou Abrão porque o havia escolhido para um serviço especifico pactual (Gn 18.19). Gerhardus Vos observou corretamente que, enquanto que o tratamento anterior havia sido com toda a raça humana,a gora um homem e sua esposa forma escolhidos para servirem em um propósito universal

Isto é importante observamos, pois na estrutura pactual é com Abraão que começa a existir a Igreja Visível, é com Abraão que Deus estabelece o primeiro sacramento: Circuncisão em Genesis 15 deus fez um promessa a Abraão sobre a terra Ler Gênesis 15. 18-20.
A soberania de Deus é revelada sobre a terra, Ele dará a Abraão terras, esta prerrogativa Deus tem, pois é Dono de tudo o que há Salmo 24.1
Os descendentes de Abraão possuíram esta terra? Nesta extensão mencionada? Van Groningen diz que sim.
Esta promessa a respeito da terra foi cumprida completamente no tempo de Davi e Salomão (2Sm 8; 1Rs 2.46; Sl 72) A grande expansão da terra, de acordo com Paulo, simbolizava Deus entregando todo o mundo como herança a Abraão e sua semente (Rm4.13). Foi cumprida quando a fé foi exercida, foi perdida quando Salomão, sua semente, e Israel e desobedeceram a Deus quebrando o pacto

Vemos o caráter condicional da aliança, uma coisa que devemos aprender que na aliança mesmo nos nossos dias o que não é condicional é a nossa salvação. Pois a questão da salvação foi um assunto tratado diretamente entre a Santíssima Trindade e Cristo. Mas as benções decorrentes da nossa obediência a Lei de Deus hoje em dia continua tão condicional como antes, um exemplo a nossa confissão diz no Cap XVIII Seção IV tratando sobre a certeza da Graça e da Salvação
Os verdadeiros crentes podem ter, de diversas formas,a a segurança de sua salvação abalada, diminuída e interrompida pela negligência da preservação dela; pela queda em algum pecado especifico, o qual fere a consciência e entristece o Espírito; por alguma tentação súbita e veemente; por desviar Deus a luz de seu rosto, permitindo até mesmo os que o temem a andarem em trevas e a não terem nenhuma luz. Contudo jamais serão totalmente destituídos daquela semente de Deus e da vida de fé, daquele amor a cristo e aos irmãos, daquela sinceridade de coração e consciência do dever, donde, pela operação do Espírito, esta segurança, no devido tempo, poderá ser revitalizada. E por meio dessas bênçãos, nesse interregno, são sustentados para que não Caim em total desespero

Do que a Confissão de Fé está falando? De bênçãos que os crentes quando não vigiam, quebrando a Lei de Deus e conseqüentemente a aliança, perdem. Deus por punição pode tirar perfeitamente, da mesma forma como deu as terras prometidas a Abraão e depois a tirou da mesma forma como ameaçou com o desterro a igreja do Velho Testamento e cumpriu
Precisamos aprender que a aliança tem bênçãos condicionais. A que foi incondicional pra mim, é a minha salvação (eleição, predestinação, regeneração, justificação, santificação e glorificação) Observamos esta verdade lendo o texto de Romanos 8 29-30. Onde todos os verbos aparecem no passado, até mesmo o que nos falta acontecer “a glorificação”A idéia é: É tão certo e tão seguro pois só depende de Deus, que Ele já considera ato consumando. O verbo no grego está no aoristo, e a idéia do aoristo é de algo que já aconteceu uma vez só no passado.
Mas no que diz respeito as benção do dia a dia, estão condicionadas a obediência a aliança. Deus cumpriu sua parte na aliança que fez com Abraão.
1- A descendência dele foi peregrina
2- Foi escravizada
3- Foi afligida
4- Deus julgou os opressores de seu povo
5- Sairão do Egito com riquezas
6- E no reinado de Salomão o território se entendeu até toda área que Deus tinha dito
Mas os filhos de Deus não cumpriram sua parte, sendo assim, experimentaram: seca, guerras, pestes, fome, desterro.

Aliança Abraâmica parte V

Com Abraão, Deus faz aliança e dá o primeiro sacramento, “a circuncisão”. Antes de Abraão, Deus se relacionou com famílias, vemos, por exemplo, o caso de Set e família, Enoque e Noé e família. Eles não receberam um sinal visível deste relacionamento. Foi com Abraão que Deus estabeleceu um estagio da aliança da redenção que teve como “uma” característica bem diferenciada das anteriores é neste estagio que Ele dá um sinal, que todos aqueles que faziam parte da Igreja visível no Antigo Testamento deveriam ter: A circuncisão. Antes, precisamos definir o que é Igreja Visível, a Confissão de Fé de Westminster diz:
A Igreja visível, a qual é também católica ou universal sob o evangelho (não confinada a uma anca, como outrora sob a lei), consiste de todos aqueles que, espalhados pelo mundo inteiro, professam a genuína religião, juntamente com os seus filhos; e é o reino do Senhor Jesus Cristo, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação

Posteriormente iremos falar sobre A Igreja Invisível. A Igreja visível do Senhor é o que chamamos de Igreja Militante, Suplicante. E esta igreja em Abraão recebe o selo de iniciação, a circuncisão. É importante que os irmãos estejam já com a ideia da aliança bem definida na cabeça, o grande problema de quem não aceita o batismo infantil, por exemplo, é a não compreensão deste aspecto de continuidade da aliança.
Veja o Que A.A. Hodge fala
A aliança feita com Abraão como o representante da Igreja Visível e universal tinha estas características: (a) Foi feita com ele como o “pai de muitas nações” e Paulo afirma que Deus o constitui “herdeiro do mundo” e “pai de todos os que crêem”, Romanos 4. 11,13, e que todos os que crêem em Cristo agora, quer judeus quer gentios, são “descendência de Abraão e herdeiros conforme as promessas” Gálatas 3.29. (b) Continha provisão para que fossem incluídas em seus privilégios outras pessoas não nascidas como posteridade natural de Abraão Genesis 17.12. Multidões de tais prosélitos haviam sido introduzidas dessa forma (na esfera da aliança) antes do advento de Cristo, e muitos deles achavam-se presentes em Jerusalém como membros da Igreja em sua forma antiga (...)

O que Hodge enfatiza? É o caráter de continuidade da aliança, Abraão seria pai de muitas nações. Em que sentido? Natural? Ou Espiritual? A quem o texto se refere? A nota de rodapé da Bíblia de Genebra trás uma boa explicação
Abraão foi o pai físico de muitas nações: O Israel étnico através do filho prometido; os ismaelitas (v. 20; 21.13; 25.12-18); os edomitas (25.23; 36. 1-43); e seus descendentes através de Quetura (25. 1-4) Porém, esta promessa encontra seu cumprimento final na multidão de cada tribo,,língua e nação que compartilha com Abraão a mesma fé são batizados em Jesus Cristo (Rm 4. 16-17; 15. 8-12; Gl 3.29; Ap 7.9)

Pessoas não nascidas em Israel poderiam subir a Jerusalém, e ir adorar a Deus. São os chamados prosélitos.
A circuncisão como o batismo são sacramentos de iniciação na Igreja. A circuncisão na Igreja do Antigo Testamento e o Batismo na do Novo Testamento. Todo sacramento possui duas partes, o nosso Catecismo na pergunta 163 diz:
Quais são as partes de um sacramento? R- As partes de um sacramento são duas: Uma é um sinal externo e sensível, usado segundo a própria determinação de Cristo; a outra é uma graça interior e espiritual significada pelo sinal

Geerhardus Vos, fazendo um comentário sobre esta questão da relação das duas partes diz
(...) Aqueles que usam os sacramentos de maneira errada, sem fé verdadeira em Jesus cristo, não participam realmente dos sacramentos; participam apenas das suas formas ou rituais externos, não das suas realidades espirituais

O que Vos quer dizer com isso?
Que existe a possibilidade de alguém receber o aspecto externo sem receber o aspecto interno, um caso clássico registrado nas Escrituras é At 8. 9-13 e 14-24.
Observe, ele é batizado, mas veja a sua atitude diante de Pedro e João.
Este principio, pode ser aplicado no caso de certas pessoas que são batizadas na infância, crescem e vivem de forma impiedosa, até este momento elas não receberam o sinal interno do sacramento de iniciação. Com isto, não se quer dizer que elas não eleitas, veja o caso de Dimas, o ladrão da cruz, o certo é que por ser circuncidada no caso do Antigo Testamento ou batizado no caso do Novo Testamento, O Senhor tem relação com elas, pois elas receberam o selo da aliança.
Continua na próxima semana

Aliança Abraâmica (Parte VI)

O que significa a Circuncisão no contexto da aliança que Deus fez com Abrãao?
È importante entendermos isto.
A Palavra de Deus está estruturada em cima daquilo que chamamos de “Continuidade”
Não existem períodos que não estejam ligados nas Escrituras, a história do povo de Deus na Bíblia é a História da revelação progressiva da graça de Deus, sendo assim, o que a Circuncisão significou na aliança abraâmica ela significou nos estágios posteriores, inclusive quando há a mudança da circuncisão para batismo no último estágio da aliança. O batismo irá substituir a circuncisão, como a Eucaristia (Santa ceia) a Páscoa. Existe a questão do significado da circuncisão, é fato que a circuncisão não surge dentro do contexto semítico, ela já era praticada pelos outros povos, só que com Abraão ela teve um caráter totalmente diferente do que se tinham entre os pagãos
Robertson diz:
Contrariando a prática geral das nações como um todo, a circuncisão não seria para Israel um sinal de introdução na maioridade com achegada da puberdade. Em vez disso, envolve a criança de oito dias e, portanto, enfatiza o principio de solidariedade ente pais e filhos num relacionamento de aliança

Isto é importante, pois nas culturas antigas, a circuncisão tinha haver com o aspecto reprodutor do adolescente, nas Escrituras tem haver com o aspecto de identificação do povo de Deus, eis o motivo que Deus disse: Esta é a minha aliança, que guardareis ente mim e vós e a tua descendência: todo macho ente vós será circuncidado. (Gn 17.10).
Em Abraão começa a se estruturar aquilo que conhecemos por “Igreja Visível” é interessante observarmos isto, pois todos os membros da igreja, na aliança abraâmica precisavam ser identificados, ver o verso 13 do cap. 17
Qual a necessidade da identificação?
É interessante esta questão, pois além de ser uma ordem direta de Deus, “a questão da identificação”. Esta identificação deveria existir como sinal da aliança, da mesma sorte que um crente hoje precisa do batismo, não para garantir salvação, mas como sinal externo que aquela pessoa está na aliança.
A questão é tão séria que Deus tem um parecer para aqueles que estão na aliança e não tem o sinal da mesma, ver o verso 14 do cap. 17
Sobre isto é notório a questão da não circuncisão do filho de Moisés e a ameaça do Senhor, pois seu filho não era circuncidado, por causa de Zipora, ver Êxodo 4. 24-26
Veja a incoerência, Moisés o grande libertador de Israel, que estava Representando o Deus da aliança possuía um filho que não tinha o sinal da aliança, isto nos traz uma lição: Quantos não batizam seus filhos por não conhecerem a aliança? Será que Deus mudou sua estrutura quanto ao seu povo? A leitura natural do texto de Atos 2.39, não é a inclusão das crianças, já que o Senhor Jesus e a descida do Espírito Santo são cumprimentos de profecias do Antigo Testamento?

Aliança Abraâmica (Parte VII)

Existe um significado teológico na circuncisão?
Porque a circuncisão era a retirada do prepúcio (pele que envolve o pênis)?
Qual o significado por trás disto?
Robertson respondendo diz o seguinte:
A circuncisão indicava necessidade de purificação. O ato higiênico da remoção do prepúcio simbolizava a purificação necessária para o estabelecimento de uma relação de aliança entre Deus santo e um povo profano. A aplicação da circuncisão ao primeiro pai da linha familiar da promessa indicava que apenas a descendência física “não era suficiente para fazer verdadeiros israelitas”. A impureza e a inabilitação da natureza deviam ser eliminadas.

É interessante entendermos isto, nas nações vizinhas que praticavam a circuncisão, o ato de circuncidar apontava para o período de iniciação sexual do macho adolescente, em Abraão e nos seus descendentes, o sinal era para mostrar a impureza de um povo que Deus estava em aliança. Robertson comenta o seguinte sobre isto:
A circuncisão devia ter humilhado o povo de Israel porque mostrava o seu demérito inato para ser o povo de Deus. Em vez disto, o sinal foi mal compreendido, como se significasse que ele era um povo especialmente dotado de mérito perante Deus. O que devia ser para ele fonte de humilhação tornou-se fonte de orgulho.

Quer dizer que todo circuncidado estava puro diante de Deus?
Não! Ele tinha na pele o sinal que apontava para sua impureza, é interessante aqui entendermos o aspecto duplo do sacramento, “interno e externo” no seu aspecto externo dizia: Olha você é impuro diante de mim, e como sinal desta tua impureza remova a prepúcio do pênis, mas não é o suficiente, existia a circuncisão no coração que só Deus pode efetuar. (Dt. 30.6)
Sobre isto Robertson comenta o seguinte:
Como originalmente instituída, a circuncisão não sugere meramente necessidade de purificação. Simboliza também o processo real de purificação que é necessário. Não apenas indica que o homem é impuro por natureza, representa também a remoção da mácula essencial para se alcançar a pureza

Observe a lógica da razão, qual o motivo que o povo tinha de ser circuncidado?
Porque era povo de Yahweh.
E sendo seu povo carregava na pele este sinal que o humilhava e lembrava a graça de Deus, pois Yahweh sendo Santo relaciona com homens pecadores, apontava também que estes homens precisavam ser circuncidados no coração, aqui já vemos a estrutura de Igreja Visível e Invisível, ou seja, nem todos os circuncidados na carne foram circuncidados no coração.
Veja que terrível pecado comete os que não circuncidavam seus filhos, mais uma vez vale lembrar o caso do próprio Moisés (Ex 4. 24-26)
Percebam quão grande pecado é! Já que a aliança é a espinha sustentadora da interpretação bíblica. A idéia contida na circuncisão de limpeza permanece no batismo, tanto no seu aspecto interno quanto externo ver ( At 22.16; Tito 2.5-6)
A idéia da descendência também está contida no batismo, quando Pedro fala que a promessa era para “vós, vossos filhos e para todos os que estão longe, isto é, para quanto o Senhor, nosso Deus, chamar” (At. 2.39) Observem, que claramente o texto fala de Três grupos: Vós, seus filhos, e outros.
A IDÉIA DE FILHOS AQUI É FILHO MESMO, POIS ISTO É A COMPREENSÃO NATURAL DA ALIANÇA.
Pedro não introduziria uma compreensão estranha, isto é absurdo. Quando Jesus perguntou se ele (Pedro) o amava, começou dizendo apascenta meus cordeiros (João 21.15) Sabes qual é a definição que o dicionário dá para cordeiro? R- Filho de ovelha, ainda novo e tenro.

Aliança Abraamica (parte VIII)

A relação das crianças na comunidade da aliança, não teve um fim, a igreja cristã que tem como Sagradas Escrituras, também o Antigo Testamento, segue a mesma linha de interpretação aliancista, seria de estanhar, se não seguisse, e é de estranhar qualquer interpretação que não leve em conta esta posição.
Como sacramento a circuncisão deve ser compreendida como algo importante dentro do contexto da aliança. O sacramento da circuncisão não era algo que o crente poderia ou não ter, não era uma questão de achar interessante, ou não, não era algo opcional.
Isto é importante entendermos, muita gente não batiza seus filhos, porque acham que isto não tem importância nenhuma, o não batizar hoje equivale ao não circuncidar, e isto é um problema e falta de compreensão do significado do selo da aliança. O incircunciso deveria ser eliminado no meio do povo da aliança Gn 17.14

O Sentido da Circuncisão dentro do contexto da aliança

A circuncisão em Israel não tinha o caráter nacional, ou seja, não tinha somente a intenção de identificar o povo, até porque como já vimos, povos vizinhos circuncidavam seus filhos. Em Israel a circuncisão tinha significado maior.
Robertson diz:
Desta vista panorâmica da significação da circuncisão na história e na teologia do antigo Testamento deve ter ficado evidente que a circuncisão fala persistentemente à questão da elação do homem com Deus. O rito jamais se retrai ao nível de ser meamente um símbolo de membresia nacional. Desde o momento de seu começo e ao longo da história de Israel a circuncisão funciona como sinal da aliança
È importante atentarmos que todos estes significados teológicos, o batismo na igreja cristã assume, pois devemos entender as coisas a nível de aliança, ou seja, continuidade.
Landes em seu livro diz:
Os judeus, na Antiga Dispensação, já estavam acostumados a incluir os filhos na Igreja visível de Deus, pelo rito da circuncisão. Não podiam, portanto, interpretar as palavras de S. Pedro, senão de modo a incluir os filhinhos na Igreja visível da Nova Dispensação. Na Igreja, seriam in¬cluídos us que ouviam e criam no Evangelho, os seus filhos e todos os demais eleitos que viessem a ser chamados por Deus para fazer parte do seu povo. Os filhos de cristãos no Novo Testamento são chamados santos, mesmo quando somente um dos pais é crente. O apóstolo S. Paulo de¬clara: "'O marido incrédulo é santificado na mulher, e a mulher incrédula é santificada no irmão; de outra maneira os vossos filhos seriam imundos, mas agora são santos" (I Cor. 7:14). São santificados os filhos em vir¬tude da fé professada pelos pais. Para S. Paulo, santos são os próprios membros da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Êle escreveu várias cartas dirigidas aos santos, que eram membros de diversas igrejas (I Cor. 1:2; Rom. 1:7; Ef. 1:1; HL 1:1). Concluímos que os meninos, santos, filhos de crentes, são membros da Igreja e, por isso mesmo, devem ser ba¬nzados. Até aqui, temos demonstrado, à luz das Escrituras, que o próprio Deus determinou fossem as crianças incluídas na sua Igreja visível, desde o tempo de Abraão, e que essa determinação divina não foi revogada, na Nova Dispensação, mas antes, confirmada pelos claros ensinos dos apósto¬los Pedro e Paulo. E, sendo as crianças, por determinação divina, mem¬bros da Igreja de Deus, devem também receber o sinal visível desse fato auspicioso, o santo batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo (Mat. 28:19).

Israel no Antigo Testamento era a igreja de Deus, sendo assim se houvesse algum estrangeiro que quisesse participar das cerimônias ao Senhor Deus, como no caso da Páscoa deveria ser circuncidado, e então ele seria considerado como natural da terra (Ex 12.48), na igreja nós podemos ver a mesma estrutura, se uma pessoa quiser participar da vida comunitária se espera que ele assuma compromisso com a comunidade, vemos assim, uma continuidade.
Esta é a aliança abraamica e seu selo, esta aliança tem profundo significado teológico para nós, os cristãos não estão soltos, temos uma continuidade histórica, em Abraão, Deus trata com uma igreja visível que teria sacramentos, através de Abraão, Deus gera uma nação, entra em relação pactual com este povo, eles tinham o selo deste relacionamento, a igreja no Novo Testamento é a continuidade deste povo, então a igreja precisa trazer em si o selo deste relacionamento.

Aliança da Lei Parte I

Nada mais contraditório para o sistema dispensacionalista do que falar em aliança da lei, mas o que é isto? É um sistema herético de abordagem da Bíblia, se faz necessário conhecermos o que significa isto, então neste estudo vamos dá uma geral deste sistema.
O Rev. João Alves dos Santos dá o seguinte histórico
O movimento chamado de dispensacionalismo surgiu em meados do século passado na Inglaterra, através do grupo que levou o nome de Irmãos ou Irmãos de Plymouth, por ter nesta cidade seu quartel general. Seu principal expoente foi John Nelson Darby (1800-1882), um irlandês que, insatisfeito com a Igreja Anglicana, da qual era ministro (cura), juntou-se ao grupo dos Irmãos em 1827. Por volta de 1830 Darby já era o principal líder dos Irmãos, dada a sua capacidade de organização e a sua proficiência em escrever. A característica principal desse grupo foi a ênfase que deu às reuniões semanais de estudo bíblico e celebração da Ceia do Senhor, associada a um desprezo por qualquer tipo de organização denominacional ou forma de culto. Os Irmãos rejeitavam qualquer sistema clerical ou de classe ministerial, insistindo que estavam regressando à forma simples de culto e governo eclesiástico dos apóstolos. (...) Esse novo modo de interpretação bíblica, especialmente de profecias, ganhou popularidade rapidamente nos círculos evangélicos, graças ao grande trabalho de divulgação que dele foi feito pelo próprio Darby e por seus seguidores, e graças, principalmente, ao grande volume de livros, panfletos e artigos sobre o assunto que foram, desde então, escritos e ainda continuam sendo. Grandes movimentos, como o das Conferências Evangelísticas de Dwight L. Moody, eram virtualmente controlados por dispensacionalistas. A escola fundada por Moody, que passou a chamar-se Instituto Bíblico Moody, assim como diversas outras escolas teológicas, como o atual Seminário Teológico de Dallas, passaram a ser verdadeiros centros de doutrinação dispensacionalista, nos Estados Unidos. O mesmo se dá hoje no Brasil, especialmente com os institutos bíblicos chamados de interdenominacionais, de modo geral. (...) Outro fator que muito contribuiu para a difusão do pensamento dispensacionalista foi a publicação da chamada Bíblia de Referência de Scofield, em 1909, a qual já vendeu mais de dois milhões de cópias desde então. A Bíblia de Scofield ou, mais corretamente, a Bíblia de Referência de Scofield é, na verdade, uma edição da Versão King James, com anotações feitas por Scofield, na linha de interpretação dispensacionalista. William E. Cox afirma que “o pai do dispensacionalismo, Darby, assim como seus ensinos, provavelmente não seriam conhecidos hoje, não fosse por seu devoto seguidor, Scofield”. Esta declaração, baseada em pesquisa feita pelo autor citado, dá bem uma idéia da influência que Scofield exerceu, especialmente através de sua “Bíblia”, na propagação do dispensacionalismo.

O Dispensacionalismo divide a história da revelação de Deus ao homem em sete períodos distintos, onde no final de cada período, Deus teria feito um teste com o homem, entretanto no final de cada período o homem falhou, Deus sendo misericordioso faz um novo trato com o homem.
No sistema dispensacionalista, Deus tem um povo especial chamado Israel, quando Jesus veio, Ele veio para os que eram seus, mas como eles rejeitaram, Deus abre uma espécie de parêntese e inclui a Igreja na história. João Alves fala o seguinte sobre isto
O novo programa divino intencionalmente não havia sido revelado antes de sua inauguração. Veio, portanto, não só de modo muito repentino como também totalmente sem qualquer revelação do Velho Testamento. O caso seria quase paralelo se, neste tempo atual, um projeto novo e imprevisto fosse imposto para substituir o Cristianismo. O preconceito obstinado e a resistência violenta que surgiram na mente judaica estão na proporção direta da sinceridade com que o indivíduo judeu estimava seus privilégios de longos anos. Somado a tudo isso e calculado para tornar a nova empresa divina muitas vezes mais difícil foi seu ousado anúncio de que os desprezados gentios seriam colocados em pé de igualdade com os judeus (....). Desta forma, o primeiro concílio de igrejas chegou à conclusão de que um novo propósito divino havia sido introduzido e que, quando esse propósito chegasse à sua conclusão, Deus retomaria o programa judaico e o levaria à sua consumação predita. O documento da decisão desse notável congresso se encontra em Atos 15: 13-18.

É verdade que as Escrituras dizem que Ele veio para os que eram seus, mas os dispensacionalistas compreendem este texto de forma errada, A questão é a seguinte: Deus tem uma única Igreja, é verdade que no Antigo Testamento a maioria da Igreja era judaica, mais isto não quer dizer que Deus não tenha se relacionado com gentios que se converteram, podemos citar como exemplo: A história de Jonas, Naamã.
Mas o que veremos aqui é como o dispensacionalista vê as coisas
Deus se revela em sete dispensações, a saber: 1ª) Da Inocência, que começou com a criação de Adão, e terminou com a sua expulsão do Éden; 2ª) Da Consciência, que começou com a expulsão do Jardim (consciência do bem e do mal) e terminou com o dilúvio; 3ª) Do Governo Humano, que começou com o dilúvio e terminou com a confusão das línguas; 4ª) Da Promessa, que começou com Abraão e terminou com a escravidão no Egito; 5ª) Da Lei, que começou no Sinai e terminou com a expulsão de Israel e Judá da terra de Canaã; 6ª) Da Graça, a atual, que começou com a morte de Cristo e terminará com o arrebatamento da Igreja; 7ª) Do Reino, que começará com a Segunda Vinda de Cristo e terminará com o juízo do Grande Trono Branco - é também chamada de Dispensação do Milênio. Isto é o que se ensina no meio pentecostal e arminiano de modo geral
No sistema dispensacionalista existe mais de um evangelho, o Rev. João apresenta o quadro da seguinte forma:
(1) O Evangelho do reino. São as boas novas de que Deus Se propõe a estabelecer na terra, em cumprimento ao Pacto Davídico (2 Samuel 7: 16 e refs.), um reino político, espiritual, israelítico e universal, sobre o qual o Filho de Deus, herdeiro de Davi, será Rei, e que será, por mil anos, a manifestação da justiça de Deus nos negócios humanos. Duas pregações deste Evangelho são mencionadas; uma passada, começando com o ministério de João Batista, continuando por nosso Senhor e Seus discípulos, e terminando com a rejeição judaica do Rei. A outra é ainda futura (Mateus 24:14), durante a grande tribulação, e imediatamente precedendo a vinda do Rei em glória.
(2) O Evangelho da graça de Deus. São as boas novas de que Jesus Cristo, o Rei rejeitado, morreu na cruz pelos pecados do mundo, ressuscitou dos mortos para a nossa justificação, e que, por Ele, todos os que crêem são justificados de todas as coisas. Esta forma do Evangelho é descrita de diversas maneiras.
(3) O Evangelho eterno (Apoc. 14:6). É o que deverá ser pregado aos moradores da terra no final da grande tribulação e imediatamente antes do julgamento das nações (Mat. 25. 25:31 e refs.). Não é nem o Evangelho do reino nem o da graça. Embora o seu tema seja julgamento, não salvação, significa boas novas para Israel e para aqueles que forem salvos durante a tribulação (Apoc. 7:9-14; Luc. 2:28; Sal. 96:11-13; Isa. 35: 4-10).
(4) O que Paulo chama de “meu Evangelho” (Rom. 2:16 e refs.). Este é o Evangelho da graça de Deus em seu mais pleno desenvolvimento, mas inclui a revelação do resultado desse Evangelho na chamada da igreja, suas relações, posição, privilégios e responsabilidade. É a verdade distintiva de Efésios e Colossenses, porém, interpenetra todos os escritos de Paulo.

È desse ponto de vista, que irá surgir à idéia do arrebatamento secreto e outras loucuras dispensacionalistas.
Continuaremos na próxima semana

Aliança Mosaica (parte II)

Antes de tudo devemos mostrar se a Lei é uma aliança, vejamos alguns textos: Ex 34.28; Dt 4.13; Dt 9. 9,11.
Isto é importante entendermos, a Lei é uma aliança e por ser aliança é graça, pois revela a vontade de Deus escrita, através dela o homem sabe o que agradaria a Deus ou não e conseqüentemente receberia as bênçãos caso obedecesse e as maldições caso desobedecesse. Mas, mesmo o castigo do Senhor possui um caráter disciplinador e por possui isto já demonstra o seu amor, Interessante observarmos o que Salomão disse. Ver 1 Reis 8. 22-53.
Interessante também é observarmos o texto de Deuteronômio 30. 1-5
1 E será que, te sobrevindo todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, 2 E te converteres ao SENHOR teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, 3 Então o SENHOR teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o SENHOR teu Deus. 4 Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará o SENHOR teu Deus, e te tomará dali;
5 E o SENHOR teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais.
Aqui vemos que a Lei não é contrária a graça, a Lei é o veículo para Receber as bênçãos condicionais, mesmo que o povo de Deus venha quebrar a Lei, arrependendo-se, Deus seria propicio, se a Lei não fosse uma aliança, fosse algo que não possuísse graça nenhuma, Deus não poderia remover o castigo, pois a Lei seria sem misericórdia.
Robertsom diz algo bem interessante
(...) a aliança mosaica da lei dirige-se claramente ao homem em pecado. Esta última aliança jamais pretendeu sugerir que o homem, por obediência moral perfeita, pudesse entrar em um estado de garantida bem aventurança pactual

A Lei está tão recheada de graça, como poderíamos entender a lei cerimonial sem que víssemos como graça de Deus quando o homem pecasse? A idéia da substituição já estava contida desde antes da Lei e com a Lei isto não é eliminado. Na lei cerimonial isto fica patente.
Na Lei cerimonial existem vários tipos de oferta, eis os seus significados
1. As ofertas queimadas.
O termo que descrevia as "ofertas queimadas" é `Olah que deriva da raiz do verbo que significa "subir" ou "ascender". É uma oferta de ascensão. Isso se referia ao fato de que a oferta inteira era queimada e "ascendida a Deus".
Ela era a oferta fundamental para que os homens comparecessem à presença do Senhor. Por isso, Levítico 1.3 diz que um homem que fez essa oferta "seja aceito perante o Senhor" e o verso 4 acrescenta "para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação".
Uma vida foi oferecida sobre o altar.
Ela devia ser completamente queimada sobre o altar. Isso significava que o dever daquele homem para com Deus não era apenas de dar parte de si a Deus, mas sim uma rendição total e plena de si e de TUDO QUE POSSUÍA.
Dependendo da situação financeira do ofertante, a oferta poderia ser um touro, um cordeiro ou um pombo.
2. As Ofertas de Manjares.
Ela não envolvia tirar uma vida. Ao invés disso, era composta de farinha, óleo e incenso.
Ela reportava-se ao tempo da criação, quando Deus disse ao homem: "Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento” (Gn 1.29).
Este é um quadro daquele que se tornou o nosso "Pão da Vida", que foi ungido com "Óleo" do Espírito Santo.
Mel era proibido, ao invés disso era usado incenso.
Isso é porque o mel poderia eventualmente azedar (fermento também era proibido); mas o incenso ressaltava o seu mais alto grau de fragrância depois de ter sido queimado.
Ela seria temperada com sal - indicando preservação (2.13).
3. Ofertas pacíficas.
Todos comiam uma porção da oferta pacífica (o ofertante, o Senhor, o sacerdote e até mesmo os filhos do sacerdote).
Nas ofertas queimadas e nas ofertas de manjares, o Senhor e o sacerdote tinham uma porção, mas não o ofertante.
Isso significava comunhão com Deus. Quando você toma lugar em uma mesa e come com alguém, significa que você está em paz com ele. Cristo tornou-se nossa oferta pacífica. Nele Deus e o homem encontram um alimento comum.
È notável que a oferta pacífica geralmente vinha acompanhada de uma libação de vinho - Pão e vinho formam a mesa do Senhor.
4. Ofertas pelo pecado.
As primeiras três ofertas eram apresentadas como atos de culto. Esta oferta é constituída como expiação pelo pecado.
As primeiras três ofertas eram queimadas no altar. Esta oferta era queimada na terra nua, fora do acampamento. Este é um quadro de Jesus que foi crucificado fora de Jerusalém. Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta (Hb 13.12).
5. Ofertas pela culpa.
Esta oferta é a única que não é descrita como "aroma suave", como até mesmo a oferta pelo pecado é descrita em Levítico 4.31.
Esta oferta se aproxima muito da oferta pelo pecado, mas ainda tem algumas diferenças sutis.
Enquanto os pecados que requerem uma oferta são somente mencionados em um sentido geral, há um número de ofensas específicas que requerem uma oferta pela culpa.
Uma parte da oferta pela culpa incluía uma recompensa financeira para a parte que foi prejudicada (6.5). Assim, a oferta pela culpa incluía o princípio da restituição.

Aliança Mosaica III

Vimos que a Lei é graça, pois ela é um meio pela qual a vontade de Deus se torna revelada. Ela é instrumento de benção e maldição. Mas é interessante notar que mesmo as maldições não são de caráter destrutivo e sim pedagógico, a maldição é conseqüência de desvio, e por sofrerem as maldições da lei, o povo de Deus é instigado a confessar seu pecado, e voltar ao reto caminho, sendo assim, até a própria maldição no contexto da lei visa um fim, a correção. E isto é uma atitude graciosa de Deus para com seu povo. (Lv. 26. 14-46)
Sabemos também que há leis morais, cerimoniais e civis. No total são 613 mandamentos.
Dentre eles, vamos enfatizar um pouco mais, sobre as leis que regulamentavam as cerimônias, ingestão de certos alimentos e sacrifícios. É o que se chama comumente de Leis cerimoniais.
Estas leis tinham um caráter simbólico, mas no tempo de seu uso, elas cumpriram sua missão, foram abolidas por serem sombras. (Mt 15.20; Mc. 7. 15-19; At 10. 9-16; Hb. 10. 1-14; 13. 9-10)
Muitos já perguntaram qual a razão de proibir certas coisas?
Precisamos estabelecer um princípio, aonde vamos vê a graça de Deus.
Tudo o que está relacionando com divindades estrangeiras ou com seu culto é condenado por sua impureza e excluído do culto ao Senhor.
Já vemos nesta proibição o caráter exclusivista do culto a Deus
Eichrodt dá as seguintes informações:
Por isso, país e comida estrangeiros são impuros (Am 7.17; Ez 4.13; Os 9.3), muitos animais são excluídos da lista dos que servem para alimento, porque desempenham algum papel em algum culto estrangeiro ou em ação e mágicas, assim, por exemplo, o porco, animal doméstico e sacrificial da antiga Canaã; os ratos, as serpentes e as lebres, consideradas pela magia, portadores de poderes demoníacos.

Qual a razão de tudo isto?
A razão reside na compreensão do culto, que eles deveriam ter, e isto, nos serve como principio
Eichrodt, trás a seguinte informação
O culto não é um simples fenômeno secundário, mas uma autêntica manifestação vital da religião, que pretende comprometer a totalidade da vida humana. Por ele, não somente o elemento espiritual e pessoa da vida humana, mas também o corporal se converte em agente e instrumento da atividade religiosa

Então o motivo das proibições era pedagógicos, Deus numa passagem em Jeremias diz o seguinte: Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho dos gentios, nem vos espanteis com os sinais dos céus, porque com eles os gentios se atemorizam Jeremias 10.2
Por que o Senhor diz isto?
Porque os povos pagãos, por terem medo adoravam os objetos dos céus, quando via alguma coisa que eles não sabiam discernir
Então, a proibição de certos alimentos, de certos rituais era preventiva para o povo de Deus.
Sobre sexo, procriação e morte, Eichrodt diz:
A estreita relação especialmente das divindades cananéias com a procriação e o nascimento, e das divindades egípcias co o culto dos mortos, pode contribuir para a rigidez de tais preceitos. As mesmas razões deveriam atuar na proibição da mutilação e da tatuagem (Dt 23.2; 14.1; Lv. 19.27; 21.5 cf. Dt 22.5)

Por tudo isto, vemos graça de Deus, em preservar seu povo da idolatria, superstição, atitudes animalescas.
O culto está ligado com o meu dia, não tem como desassociar vida comum de vida cúltica, a vida comum de Israel era dirigida pela vida cúltica, as proibições não eram só quando estivesse no culto, mas era para seu dia a dia.
Eichrodt faz o seguinte comentário
Precisamente porque, todavia, não há separação entre a vida física e a espiritual do homem, mas que se leva a sério o homem na totalidade de sua natureza psicossomática, este participa na relação na relação com Deus também como ser material. Nas ações externas do culto, a misericórdia divina é comunicada ao homem em sua forma existencial concreta, a ação sagrada se converte em sacramento.

Aliança Mosaica (Parte IV)

Qual seria o relacionamento da aliança mosaica coma as demais alianças anteriores a ela?
Será que antes da aliança mosaica existiram leis, a serem obedecidas?
Será que existe uma revelação orgânica das Escrituras?
Será que poderíamos averiguar a existência desta organicidade?
A Lei existia antes da aliança mosaica, veja o caso da aliança da criação, Deus deu três mandatos: Espiritual Gn 2. 16-17; Cultural Gn 2.15; Social Gn 2. 18-24.
Depois do pecado, Deus tratou com graça com o Ser Humano, prometendo um Salvador, mas a Lei não deixou o homem de lado, é interessante que a lei depois do pecado desempenha o papel de aio de condutor ao homem a Cristo Gl 3.24.
Mesmo com o pecado os mandatos não se tornaram inválidos, o homem deveria trabalhar, cumprindo assim, o mandato cultural, só que agora com uma maldição anexada ao mandato Gn 2.19.; No caso do social também. Ver Gn 4.1. Interessante observar que a maldição está anexada ao mandato cultural e ao social, mas a graça de Deus também está ali, no caso do mandato cultural, o homem haveria de sofrer, mas ele iria retirar da terra a sua comida, o salmista diz o seguinte: Todos esperam de Ti que lhes dês de comer a seu tempo Salmo 104.27. No caso do mandato social Eva concebe seus filhos com ajuda do Senhor Gn 4.1; 4.25
No que diz respeito ao mandato espiritual a graça reside no fato de ter Deus provido um Salvador, como também pelo fato, de Deus ainda receber culto, e desta forma se tornar favorável ao homem Gn 4.3-7.
Observe que o culto não deixou de ser praticado. Em Gn 4.26 fala que daí se começou a invocar ao Senhor, Interessante uma nota explicativa que a Bíblia de Genebra traz sobre o nome de Sete, “seu nome derivado do verbo hebraico traduzido como “apontado” expressa à fé que Eva possuía de que Deus continuaria a família da aliança, apesar da morte “
Na aliança noética, Deus estabelece o conceito da pena de morte, como graça para justiça da parte ofendida e punição para o culpado Gn 9.6. E desta forma, Ele deixa bem claro o valor da vida humana. Com Abraão, Deus estabelece diretrizes para estabelecimento da aliança, “um selo”. Que era a circuncisão, sinal da aliança.
Interessante que a obediência traz vida, benção. A não obediência, morte, maldição. O filho de Moisés, não era circuncidado, então as Escrituras nos informam que Deus iria aplicar a pena devida à desobediência da aliança abraâmica na vida de Moisés Ver Ex 4. 24-26. Olhe a continuidade das alianças, elas não se excluem uma das outras, elas se complementam, pois é uma revelação orgânica e progressiva.
Vemos então, que a lei não é algo estranho as alianças anteriores e muito menos a graça que estas elas continham. Caso fossem obedecidas, é o que se chama de caráter condicional da lei, bênçãos condicionais da aliança. Lv. 26. 3-46
Surge uma questão, Graça não e favor imerecido?
De fato o é. Será que o homem merecia graça de continuar comendo e tirando da terra o seu sustento, depois de ter pecado?
Será que o homem merecia a graça de ter e ver sua posteridade, já que ele pecou? Será que a mulher (Eva) merecia receber ajuda da parte do Senhor na concepção de seus filhos? Será que o homem pecador merece a graça de Deus de ter filhos e mais filhos? Salmo 128
Interessante é que a obediência é que traz estas bênçãos, mas a obediência também é graça de Deus, pois se Ele não conduzir ao arrependimento, o homem jamais obedecerá e se arrependerá quando pecar Rm 2.4; Fp 2.13
As nossas bênçãos espirituais estavam condicionadas à obediência de Cristo, se a temos é porque Cristo obedeceu a Lei. João 17.4; Romanos 5.19. 2 Coríntios 5.21.
Deus é quem leva o homem ao arrependimento, dando-lhe coração que ama sua lei e conseqüentemente tem as bênçãos decorrentes da lei, é o que João diz: Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, este vem a mim João 6.45.

Aliança Davídica I

A base para a aliança davidica é o texto de 2ª Samuel 7. 1-17. Nesta aliança Deus firma o trono de Davi para sempre, e diz que agirá como Pai com seus sucessores e que nunca faltará alguém da linhagem de Davi que ocupe o trono.
Esta aliança tem como aspecto último: Jesus. Jesus é o descedente que estabelece o reino de Davi para sempre. Esta aliança aponta para os ofícios de Cristo. O oficio em questão aqui é o de Rei.
Jesus é Rei, mas para ser Rei necessariamente tem que ter um reinado, Qual seria o reinado de Jesus? Quem são seus súditos?
A terra é o lugar e a Igreja seus súditos
Antes de considerarmos isto, vamos analisar a estrutura da aliança davidica
A aliança é feita entre duas pessoas: Deus e Davi
A promessa desta aliança: Estabelecimento do Reino
Condições desta aliança: A Fidelidade do Senhor (A minha misericórdia não se aparará dele. v. 15)
Castigos desta aliança: Disciplina (v.14)
Interessante observar que a “promessa” não está condicionada nesta aliança a “obediência”, é fato que a obediência traz bênçãos, e quando Davi vai passar o reino a Salomão ele o exorta à obediência. Ver 1 Reis 2. 1-4. Mas a aliança davidica está condicionada à misericórdia de Deus e à sua fidelidade. Ver os versos 13-16.
Robertson sobre isto diz o seguinte:
O primeiro filho de Davi a assentar-se em seu trono aprendeu, de maneira vívida, o significado da ação disciplinadora de Deus. Deus havia prometido a preservação perpétua da casa de Davi, em contraste com a casa de Saul. Mas também dera certeza de que “se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens” (2 Sm 7.14). Por causa do pecado de Salomão, Deus declarou que lhe tiraria o reino e o daria ao seu servo (1 Rs 11.11) A implicação é espantosa. Algum outro, que não era da descendência de Davi, governará sobre o reino de Salomão. Entretanto, Deus não esqueceu seu compromisso sob a aliança davídica “Todavia, não tirarei o reino todo; darei uma tribo a teu filho, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, que escolhi (1 Rs 11.13)

Nestes versos, Deus fala da possibilidade de transgressão (v.14). Possibilidade esta, que se concretiza com o próprio Davi. 2 Samuel 12. E posteriormente com Salomão e com todos os seus descendentes, só é olharmos a história dos descendentes de Davi
Davi, 1050- 1010 a.C. Homem segundo o coração de Deus, mas... 2 Samuel 12
Salomão970-930 a.C. Começou e reinado bem, mas... 1 Reis 11 1-13
Roboão 930-913 a.C. Desde o começo demonstrou arrogância, ver sua história1 Reis 14. 21-31
Abias 913-910 a.C. Tinha algumas atitudes corretas, conhecia a aliança ( 2 Cr. 13. 4-12), mas, pecou. Ver 1 Reis 15. 1-8
Asa 910-869 a.C. Fez o que era reto diante do Senhor. (1 Reis 15. 9-24), mas, pecou ver 2 Crônicas 16. 1-10.
Josafá 872-848 a.C. Fez o que era reto perante o Senhor, o profeta de Deus o repreende, pois ele tinha ido ajudar a Acabe. Ver 2 Crônicas 19. 1-3. E pelo fato de ter se aliado com ímpios. 2 Crônicas 20 31-37.
Jeorão 848-841 a.C. Fez o que era mau perante o Senhor, veja a fidelidade do Senhor na narrativa deste rei ( 2 Crônicas 21. 7) seus atos versos 11-20
Acazias 871 a.C. Fez o que era mau perante o Senhor. Ver 2 Crônicas 22. 1-9.
Atalia 841-835 a. C. Única mulher que reinou sobre Judá 1 Crônicas 22.12 fez o que era mau perante o Senhor, a tentou conta a aliança do Senhor ver 2 Crônicas 22.10-11
Joás 835-796 a.C. Este rei é interessante, ele é salvo da morte, (ver 2 Crônicas 22.10-12) e é empossado em virtude da aliança que é lembrada pelo sacerdote Joiada. Ver 2 Crônicas 23.3. Este fez o que era reto perante o Senhor, mas quando o sacerdote morreu... (ver 2 Crônicas 24. 17-27)
Na próxima semana continuaremos a seqüência do reis desce dentes de Davi e a fidelidade de Deus na aliança

Aliança Davidica II

Na seqüência dos reis vemos: Amazias, Azarias, Jotão, Acaz. Ezequias, Manassés, Amom, Josias, Jeocaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
Destes reis, tivemos uns bons e outros ruins, o que se faz necessária realçar é a fidelidade do Senhor. A aliança com Davi não foi quebrada, quando um rei deste desobedecia á Lei de Deus, ele era castigado, como Deus prometeu a Davi que faria. Mas o descedente dele estava lá, de sorte, que a linhagem de Davi permaneceu, apontando pra Jesus.
Percebemos a fidelidade do Senhor, “fidelidade” é uma palavra chave na compreensão das alianças, mesmo àquela que tinha caráter condicional, como a mosaica.
Não era por que o povo foi rebelde a Deus, que Ele não tiraria seu povo do Egito e o levaria a terra prometida. Então, até na aliança mosaica, vemos o caráter da fidelidade de Deus, apesar do povo. “A não observância às estipulações mosaicas trará certamente punição, mas não trará aniquilação”. A aliança davidica também tem este fato. Vemos também este aspecto da fidelidade do Senhor na aliança abraâmica, “Deus mesmo assume a responsabilidade total no cumprimento da aliança de Abraão. Sá a teofania passa entre os pedaços (Gn15)”
A aliança ente Deus e os homens são ente duas partes desiguais, mas a relação entre Deus e Cristo é entre partes iguais, interessante que todo o desenrolar das alianças: Do Começo (Adão), Noética, Abraâmica. Mosaica, Davidica e a da Consumação. Todas elas são um desenrolar da aliança da redenção feita entre Deus e Cristo.
Então, podemos perceber o seguinte, que no sentido de bênçãos para os homens a aliança mosaica tem aspectos condicionais, só que estes aspectos, não invalidam a estrutura maior da aliança mosaica, já que ela nada mais é do que um estágio da administração da aliança da redenção.
Sendo assim, vemos que existe uma estrutura maior nas alianças, um alicerce em todas as alianças, e este alicerce é a fidelidade do Senhor, a transmissão de graça estava condicionada á obra de Cristo, e como Sua obra era de fato certa e consumada, a fidelidade do Senhor não ficaria comprometida em nenhuma das alianças, se sorte, que o homem, ou satanás, em momento algum teve o direito de invalidar a aliança de Deus com seu povo.
Robertson diz algo muito interessante sobre isto:
Mesmo nos dia presentes, a própria existência das experiências de castigo para o crente em Cristo revela o caráter temporário da situação presente. Virá o dia em que não serão mais necessárias tais correções disciplinares. Em qualquer das duas, na situação prevalecente sob a velha aliança, ou na situação prevalecente sob a nova, o resultado certo da aliança de Deus não é perturbado. A presença de ameaça de julgamento sob a condição de desobediência não implica inerentemente colapso da certeza de que Deus finalmente será bem sucedido em sua intenção pactuada de redimir um povo para si mesmo
Existem alguns textos que falam que a fidelidade do Senhor não está condicionada ao homem: Is 43. 22-44.8; Romanos 3. 1-4.
Berkhof, falando a respeito de Cristo como Oferta Substitutiva e do alcance desta oferta diz o seguinte, “os crentes veterotestamentários receberam plena justificação ou perdão, embora o seu conhecimento disto não fosse tão completo e tão claro como é na dispensação do Novo Testamento” .
A lógica é a seguinte
1- O plano da Redenção fora arquitetado na eternidade, antes de haver céus e terra Efésios 1. 4-5.
2- O plano não poderia correr risco, sua realização era certa, sendo assim, todos por quem Cristo morreu, são justificados plenamente, segue-se, que o efeito da morte de Cristo é retroativo e progressivo.
3- Como os estágios da aliança são manifestações da aliança da Redenção, a fidelidade do Senhor não está condicionada ao homem e sim a Cristo.
4- Os castigos da aliança são demonstrações de graça para com seu povo, visando correção.
Comentando, sobre a aliança mosaica e o castigo dado por Deus ao povo, Robertson diz:
Mas é inconcebível que Deus pudesse falhar em conduzir seu povo através do deserto até introduzi-lo na terra de Canaã. Seu propósito de redimir um povo para si mesmo será cumprido. A certeza de Deus realizar seus propostos é garantida, mesmo no. momento de maior apostasia. Deus pode apagar totalmente a Israel como um todo, mas levantará outra nação do israelita Moisés (ver Ex 32.10) A não observância às estipulações mosaicas trará certamente punição, mas não trará aniquilação

Aliança Davidica (parte III)
Cristo como Representante de seu povo, assumiu papeis específicos dentro de uma esfera maior do entendimento pactual, Cristo é Sacerdote, representa seu povo diante de Deus, também foi à oferta que deveria ser apresentada a Deus. É neste sentido que compreendemos que o sacerdócio levitico apontava para Cristo, as ofertas e sacrifícios representavam Cristo. Da mesma forma Moisés e a escola profética anteciparam Cristo, “O Espírito de Cristo que neles estavam” Pedro já fala isto 1 Pedro 1.11.
Da mesma forma a linhagem de Davi apontava para a linhagem real de Cristo. Aqui reside uma questão. A da identificação do Trono de Davi com o trono de Deus.
Robertson comentando o texto de 1 Crônicas 29.22, diz:
Note-se que o Cronista não se sente satisfeito em indicar que Salomão, na linhagem de Davi, atuou como “governador para o Senhor”. Esta afirmação teria sido em si mesma bastante surpreendente. Mas a afirmação vai ainda além. Salomão assenta-se “no trono de Yahweh como rei” O trono dos descendentes de Davi não era nada menos que o trono de próprio Deus

Isto é interessante, pois observamos no Salmo 2. 1-2 esta ligação. Os ímpios se voltam contra o Senhor e seu Ungido, quando olhamos para o Texto de Atos 4. 23-30 o Ungido do texto de Atos é Jesus o texto dos Salmos tem a ênfase no rei de Israel. Temos aqui uma identificação clara entre o Trono de Davi e sua identificação com Jesus. Jesus como descendente de Davi era em primeiro estágio: Servo Sofredor. O texto no verso 27-28 faz menção a isto: “ Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram”.
O Segundo estágio não será mias de Servo Sofredor e sim do Rei-Guerreiro Conquistador, que apazigua e estabelece paz, Miquéias 4. 3-4 fala sobre isto: “ Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. 4 Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do SENHOR dos Exércitos o disse”.
Será que Israel no decorrer de sua história sofreu alguma influência de fora na formação do pensamento de realeza e casa real? Como eram as concepções de monarquias nas nações vizinhas a Israel e nos Impérios da Antiguidade?
A origem da monarquia e sua identificação com os deuses era algo bastante comum na Antiguidade, Eichrodt diz o seguinte:
Não resta dúvida de que a instituição da monarquia tem a mesma raiz que o sacerdócio e o profetismo, a saber: o oficio do chefe primitivo, dotado de poder real, que exerce funções sacerdotais, proféticas e reais.
A grande questão é: Em Israel o princípio foi o mesmo?
A identificação do povo de Deus com o seu Deus já se dava desde os tempos antigos, desde quando Deus chamou Abraão, no período dos juizes Deus levantava juizes para livrar seu povo, e mesmo no período da monarquia, não havia a idéia de que o rei era Deus e sim seu Ungido e este Ungido não estava livre para fazer tudo que desejava, ele devia obedecer a Lei da mesma forma como todos obedeciam e se não obedecesse seria castigado como todos. 2 Sm 7.14; 12. 7-15.
Percebemos que em Israel, Deus se identifica com seu Ungido (Rei). O Ungido não é Deus, era o Representante de Deus, Sendo assim, propenso a ser disciplinado por Deus se errasse. Ele também não podia usar as leis em favor próprio. Já nas monarquias antigas os reis muitas vezes usavam, Eichrodt comenta o seguinte:
O rei, por sua parte, não tem a ambição de influenciar profundamente o mundo das idéias religiosas ou do culto; o que de verdade lhe preocupa é utilizar a religião como instrumentos de governo (prescindindo de algumas exceções, como a do rei herege egícipio Aquenaton). Enquanto os demais mediadores da religião comportam-se no sentido de servir a essas intenções, o rei não tem razão alguma para não deixar-los atuar livremente em seus domínios. Somente será possível chegar ao choque quando o sacerdócio pretender usufruir do poder político, ou seja, o conflito entre rei e os demais representantes da religião não se dá no âmbito da religião, mas no da política.
Vemos aqui a diferença entre o povo de Israel e as demais nações, O rei em Israel não podia utilizar a religião como instrumento de governo, pois, ele próprio está debaixo de leis, o caso de Urias é bastante interessante aqui, se Davi fosse como outro rei qualquer da antiguidade, quem ousaria ir questioná-lo por sua atitude? Quem era Urias pra ser levado em conta? Quem ira julgar o Rei que seria deus?
Em Israel as coisas são diferentes, Deus é o Rei, o rei humano é o seu Representante, não como na concepção babilônica, pois ele (o rei) não transmite ao seu povo as forças divinas, sem as quais seria impossível viver. Colheitas e chuvas. Em Israel a idéia do representante não é esta. È a idéia de escolhido para representar idéias, planos, ordens. Que Não provém dele (rei), mas sim, de Deus. A própria cadeira real é o Trono de Deus. Vemos isto nas palavras do cronista “Comeram e beberam, naquele dia, perante o SENHOR, com grande regozijo. Pela segunda vez, fizeram rei a Salomão, filho de Davi, e o ungiram ao SENHOR por príncipe e a Zadoque, por sacerdote. 23 Salomão assentou-se no trono do SENHOR, rei, em lugar de Davi, seu pai, e prosperou; e todo o Israel lhe obedecia ”. 1 Crônicas 29. 22-23.
Esta percepção, este dever em dirigir segundo as Leis de Deus, certamente iriam causar problemas em reis ímpios. E é isto o que acontece na história de Israel e Judá.
Eichrodt faz a seguinte conclusão sobre este problema e percebe o quanto seria difícil ser rei em Israel, se o mesmo não se enquadrasse nas disposições de Deus para ele, eis o que diz:
A vontade do Deus de Israel não somente dava a seu povo ordenanças de regras gerais, mas lhe atribuía tarefas históricas determinadas e desejava ser regras gerais, mas lhe atribuía tarefas históricas determinadas e desejava ser reconhecida e interpretada a cada momento nos acontecimentos históricos. Para isso eram necessárias uma disposição e adaptação constante, com o intuito de responder a essa vontade divina e não perder as arrecadações do governo nas mãos de outros servidores da aliança. E isso não se conseguia com uma simples observância externa de formas religiosas. Nessa religião, carregada de vida e tensão internas, tudo se leva a sério, e a trama não pode se manter por muito tempo. Por isso, a pretensão religiosa da monarquia esteve constantemente pesada na balança e foi-lhe negada a todo o momento a segurança que lhe haveria dado o dogma, cultualmente arraigado, da filiação divina do rei. Fracassando no aspecto religioso, de nada podia o êxito político e perdia sua primazia dentro do Estado.

Aliança Davídica (parte IV)

Vimos a questão do surgimento da monarquia em Israel, e como se dava a relação rei e povo X Deus.
Existe uma questão que precisa ser ponderada: A Monarquia, instrumento da aliança.
Como se deu a transição do governo de juízes para a monarquia em Israel? Quais seriam as características necessárias para reconhecimento de um homem como rei em Israel?
É interessante perceber o carisma que juízes, videntes, nazireus e futuros profetas tinham diante do povo. Eichrotd faz o seguinte comentário sobre a chefia carismática dos juízes
Até a época de Samuel, a chefia carismática havia sido norma, exemplo: A forma em que surgem os chamados juízes, que move, as massas só por sua iniciativa pessoal e pela impressa fascinante que deles emana, o modo em que vão dando forma ao destino político do povo, fez com que o carisma decisivo até então no âmbito religioso, passasse a preponderar também no pano político, adaptando-se nisto toda a estrutura interna da religião de Yahweh.

Qual o motivo da desconfiança com a monarquia?
O medo que a monarquia em Israel fosse igual às monarquias vizinhas onde o oficio do chefe é dotado de poderes divinos.
Os babilônios atribuíam a si mesmo, em vida, uma dignidade e adoração divina e preferiam antes de todos. O título de sumo sacerdote, a partir da dinastia de Hamurabi, isso passa a um segundo plano para dar a precedência à idéia de soberania universal. Os reis sírios, por sua parte, preferiam ressaltar a posse de um poder militar efetivo.
Eis o motivo da desconfiança. Porque Israel queria ser igual às outras nações? 1 Samuel 8. 5? Será que o motivo não era de assemelhar-se a elas? Será que isto não isto não se constituía numa forma de revolta contra o Senhor? Creio que a reposta é sim. Pela ênfase que o narrador dá nos versos do referido capitulo: Porém esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos governe. Então, Samuel orou ao SENHOR. 7 Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele. 8 Segundo todas as obras que fez desde o dia em que o tirei do Egito até hoje, pois a mim me deixou, e a outros deuses serviu, assim também o faz a ti.
O Senhor diz que o pedido fosse aceito. O mesmo que se dava com os juízes, videntes e profeta, que era o reconhecimento visível da atuação de Deus também tinha que ter agora nesse novo instrumento da aliança. O que se chama de carisma, nada mais era do que uma forma externa que o Senhor era com aquela pessoa.
Quem fosse o futuro rei em Israel também tinha que ter esta característica. E esta característica quem a dava era o Senhor.
Eichrodt fazendo um seguinte comentário sobre Saul, diz o seguinte:
Por obra do Espírito de Yahweh se converte em outro homem (ISamuel 10.6), aquele moço humilde, filho de u camponês de Gilboa, passa a ser o chefe do exército do povo, consciente de sua força e com toda a autoridade de seu mandato, que faz retroceder aos altivos amonitas em seu próprio deserto e comete a ousadia de enfrentar os poderosos dominadores estrangeiros filisteus. Não é o talento militar, nem os dons de estadistas, ou o desfrutar de um poder reconhecido dentro da política interna; nada disso. O que cria o rei é sua demonstração pessoal de que está cheio de poder divino e que, por isso, é mais capaz que os outros

A narrativa de 1 Samuel 10 17-27 nos apresenta alguns detalhes curiosos:
1- Samuel diz que o pedido de um rei constitui rejeição a Soberania de Deus
2- Saul estava escondido
3- Saul foi desprezado por alguns que estavam lá.
Em 1 Samuel 11 1-15 Saul é informado da afronta dos amonitas e o Espírito do Senhor se apossa de Saul que o leva a ação. Interessante observar que antes desta possessão do espírito do Senhor, Saul voltava do campo.
Pode se verificar nesta atitude do Senhor a sua graça para com seu povo. Mesmo Samuel identificando que a monarquia era rejeição à soberania do Senhor. Este não abandona seu povo. E desta sorte, a monarquia se torna também instrumento da aliança.
Aliança da Preservação ou Aliança Noética I

A Aliança da preservação não é outra aliança, mas é outro estagio da aliança da redenção, esta aliança tem uma característica distinta das demais:
1- Ela tem como característica a preservação das espécies e do ser humano.
2- Sendo assim este pacto tem características de juízo, e também de preservação da raça humana, como um novo povoamento. Interessante observar que os descendentes de Noé continuavam pecadores, então a salvação de Noé não tem caráter de glorificação de pessoas, e sim de preservação, de graça comum
Quando lemos Gênesis 6. 1-10 vemos algumas coisas interessantes:
1- O casamento dos filhos de Deus com as filhas dos homens
2- A redução dos anos dos homens
3- A existência de gigantes na terra
4- A maldade do homem e sue castigo (interessante observar que o castigo não veio apenas sobre a raça humana, mas sobre a criação
5- A manifestação da graça de Deus
Quem eram estes filhos de Deus?
Vimos que o Senhor Deus colocou inimizade entre duas descendências, a descendência da serpente e a outra o descendente da mulher que simboliza Cristo e conseqüentemente a Igreja que Nele está representado.
Sendo assim poderíamos dizer: Os filhos de Deus, a descendência eleita, que são filhos e filhas de Adão e Eva e os ímpios da mesma forma, também filhos e filhas de Adão, Pela continuação do texto se dá a entender que as atitudes dos homens provocam uma reação da parte de Deus (e ai creio que se referem às duas descendências, pois elas estavam se misturando), Deus diminui os anos de vida do homem, diz que o homem era carnal, o pecado aumentou muito. Dessa união surgiram homens valentes que são chamados gigantes, o texto sagrado os define como: valentes, homens de renome. O nosso contexto dá a entender que eles eram maus ver Gênesis 6.11. Deus castigo, o interessante aqui é mais uma vez a reafirmação de quanto o homem e a terra estão ligados. Castigo não veio somente para o homem e sim para toda a criação, e por fim a graça de Deus se manifesta tanto em um homem como para sua criação, pois Ele não destrói por completo, Ele mandar que casais de animais fossem salvos, juntamente com a família do justo, a punição aqui não era de destruição total, pois se assim fosse ninguém seria salvo do dilúvio. O interesse de Deus não era de exterminar a raça humana por um todo. Por isso que esta aliança é chamada de aliança da preservação.
Definir os filhos de Deus como descendente de Sete e filhos do diabo como descendência de Caim, nesta definição eu vejo um problema, vamos raciocinar:
Se os filhos de Sete eram os filhos de Deus, como Noé era descendência de Sete, e quem sai da arca é Noé e a sua descendência, então pela lógica não haveria mais descendência do diabo hoje em dia. Pelo simples fato que os filhos de Caim teriam sido todos exterminados. Mais não é isto que vemos. Sendo assim, os filhos de Deus não estavam presos a uma linhagem, mas era chamados filhos de Deus pelos sinais visíveis desta eleição, estes filhos de Deus pecaram se unindo a filhas dos homens, ou seja, ímpias. E isto no nosso Texto foi uma das causas do dilúvio, pois como já falamos desta união nasceram gigantes que eram maus, que encheram a terra de mais e mais violência.

Aliança Noética parte II

Como vimos a aliança noética foi a aliança que Deus fez com Noé, Deus disse que iria destruir toda a criação, Noé achou graça diante de Deus e através da arca que Deus mandou fazer. Salva animais e ele e toda a sua família (veja Gênesis 6. 19-21). Esta aliança prefigura a restauração de todas as coisas. Veja só:
1- Deus poupa Noé
2- Deus poupa a criação
Noé era justo diante de Deus, a criação se tornou maldita por causa do homem, a arca salvou-o do dilúvio e com ele a criação, segundo o texto de 1 Pedro 3.20-21 ela prefigura o batismo que é o sinal de nossa salvação. A criação será restaurada, Deus não destruiu tudo. Ele preservou exemplares das espécies visando repovoar a terra. E foi isto que aconteceu, o juízo de Deus veio sobre sua criação. Quando o juízo passou, Deus ordena que Noé saia da arca, Noé levanta um altar ao Senhor, O Senhor diz que: ...Não tornará a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz Gênesis 8. 21.
Quando o dilúvio acabou, Deus disse: Enquanto durar a terra, não deixará de haver semente e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite Gênesis 8.22
Observe aqui duas graças de Deus com relação à terra: O não amaldiçoar a terra por causa do homem; E a manutenção na ordem da natureza.
É interessante observar que Deus fala que o coração do homem é mau. Este juízo não visou erradicar o pecado do mundo, até pelo simples fato que Noé mesmo sendo justo diante de Deus, se embriagou e ficou nu. Seus filhos tiveram pecado, suas mulheres também a mulher de Noé também, como já foi dito, vemos após a saída da arca a narrativa do que aconteceu com Noé e de sua maldição ao seu filho ver Gênesis 9.20-29. Isto mostra o caráter pecaminoso do filho de Noé e porque não dizer do próprio Noé.
A História mostrará que os filhos de Noé e seus descendentes pecaram, um exemplo disto é a História da Torre de Babel. Então precisamos entender bem isto, qual foi o caráter da aliança com Noé?
Foi um ato de juízo de Deus contra o pecado, Deus agiu, pois a maldade estava insuportável, Deus age com graça e força em determinadas épocas, graça porque Ele se manifesta e salva o seu povo, força porque Ele aniquila o que oprimia o seu povo e quem blasfemava contra Seu Santo Nome.
Nesta aliança Deus faz menção dos mandatos, olhando o texto de Gênesis 9. 1-17 vemos o seguinte:
1- Mandato social: Gênesis 9.1,7
2- Mandato cultural: Gênesis 9. 1-4
3- Mandato espiritual: Gênesis 9. 14-17
Deus estabelece a pena de morte ver Gênesis 9. 5-7. Observe que depois de Deus determinar a pena da morte, ele repeti o mandato social, fazendo um contraste entre tirar a vida e gerar a vida. È interessante que o propósito de Deus para a terra é povoar a terra, Deus deu vida e só Ele podia tirar a vida, o homicida toma para si esta prerrogativa e tira à vida, esta prerrogativa é de Deus, por isso, ele tem que pagar com própria vida. O mandato cultural será exercido na base do terror dos animais em relação ao homem, antes do pecado a relação do homem com os animais não era assim, veja só como é depois do pecado Gênesis 9.2. A um desequilíbrio, isto prova que o dilúvio não veio erradicar o pecado de forma definitiva, pois este texto está depois da saída da arca. Provando que mesmo com o juízo de Deus sobre o pecado, as maldições continuariam. A criação naquele tempo, como agora, geme. Ela espera a manifestação dos filhos de Deus Romanos 8 19-23
Robertson diz:
A aliança com Noé enfatiza a estreita inter-relação das alianças criativa e redentiva. Muito do pacto de Deus com Noé implica uma renovação das estipulações da criação e até reflete claramente a linguagem da aliança original

Deus não fez uma nova aliança com Noé, com novas regras, a aliança que Deus faz com Noé é uma repetição da aliança da criação com seus mandatos. Vemos isto na repetição do mandato social, cultural e espiritual quando Noé oferece sacrifico a Deus. Gênesis 8.20-9.17 A aliança da redenção também está presente no seu aspecto redentivo. As duas linhagens foram preservadas, tanto a da serpente quanto a da descendência eleita, e isto é manifesto no decorrer da História, o mal voltará, o pecado será praticado, manifestando que a descendência da serpente não fora destruída pelo dilúvio.

Aliança Noética parte III

A aliança noética, tem como característica: A questão da preservação de toda a criação. É o aspecto da graça de Deus, chamado: graça Comum
A graça comum se divide em: Graça comum universal, geral e do pacto.
A ideia da graça comum universal vemos no texto de gênesis 9. 8-18, nesta passagem vemos os seguintes aspectos:
1- Deus estabelece aliança com Noé e seus filhos. (verso 9) Interessante observar a ideia do cabeça da casa, não foi estabelecido aliança com a mulher, pois o cabeça da casa e conseqüentemente da sociedade é o homem . Como a família é célula mater da sociedade, o princípio de responsabilidade segue para outras instituições maiores, Talvez seja por isso, que não vemos aliança feita com mulheres, como representantes de um povo na Bíblia.
2- Deus estabelece a sua aliança com os seres viventes que estão conosco, ou seja, os animais em geral (verso 10) interessante observar isto, Na aliança o homem não está desassociado do restante da criação. E isto diz muito coisa, o homem está ligado para sempre a criação. Veja a questão de Romanos 8. 19-23. A criação geme. Ela foi amaldiçoada por causa do pecado do homem. Na aliança Noética, Deus fala que faz aliança com todos os seres viventes, e esta aliança era de não destruir a criação com dilúvio. O texto de Romanos, diz: Que ela geme. Porque ela geme? A visão que se tem é que a salvação do homem está desassociada da terra, ou seja, vamos pra um céu, que nos é um grande mistério. Mas se fossemos para o céu, por que a criação geme e aguarda, se ela vai ser destruída? Isto não tem sentido. Ela vai ser libertada da escravidão para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Que gloria será esta? De servir de morada para os santos, ou seja, à volta para o Éden. Nosso parque das Delicias!
3- Deus colocou como sinal no céu: o arco-íris. Ele é o sinal. Toda vez que chove e aparece o arco-íris, os crentes deveriam se lembrar desta aliança, e se lembrar também que esta aliança prenuncia que seremos restabelecidos um dia, tanto nós quanto a criação.
E quanto ao texto de 2 Pedro 3. 7-13? Não se fala que os céus e a terra, não estão entesourados para o fogo? Veja o paralelo que Pedro faz com o dilúvio (cap. 3. 1-6) com a questão de entesourar para o fogo. Pedro está falando de juízo, tanto aquela terra com seus moradores, foram castigados, tanto quanto, esta terra, com estes moradores, será castigada. Então vemos aqui, que o tema principal é o juízo, as demais informações são os meios pelos os quais o juízo veio e virá. Observe que no verso 13 diz: Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Veja a grande questão: Aniquilar o pecado da criação
Robertson diz o seguinte: “A aliança com Noé une os propósitos de Deus na criação com seus propósitos na redenção. Noé, sua semente e toda a criação se beneficiam desse relacionamento gracioso” Esta inclusão total da criação de Deus, faz parte do seu plano redentivo
Qual a razão do dilúvio? Juízo de Deus. Este juizo eliminou o mal sobre a terra? Não! Então qual a razão de Deus ter feito isto?
Robertson diz o seguinte:
Entretanto, para prover uma apropriada demonstração histórica do destino último de um mundo sob o pecado, Deus consumiu a terra com o dilúvio. Este evento cataclísmico torna-se mais tarde o modelo do julgamento final da terra por deus e a base para a refutação dosa argumentos dos escarnecedores que zombariam da certeza de um ultimo dia de acertos de conta ( cf. 2 Pe 3. 4-6)

Deus, como já vimos, derramou seu juízo naquele mundo, e derramará de novo. Com Noé, Ele não tinha o propósito de erradicar o pecado, até porque o próprio Noé mesmo achando graça diante de Deus, continuava na sua natureza pecadora e isto fica evidente no episodio da bebedeira e do vexame dado por ele.
Durante toda história, Deus dará mostras de juízo, sempre mostrando ao homem, que Ele não deixará impunes os atos pecaminosos, como também a sua graça sempre acompanha seus eleitos. No nosso caso, Deus deu um sinal: O arco Iris. Robertson, citando Von Rad diz: “... a palavra para arco Iris, no texto, é a palavra normalmente usada para arco de batalha. Sugere que o arco Iris colorido indica que Deus pôs de lado seu arco de batalha depois do dilúvio” Do céu veio o juízo, agora no céu é manifesta de forma visível o sinal da graça de Deus. O arco Iris. Não é sem sentido, que ao redor do trono de Deus, há um arco Iris Ap. 4.3
Aliança da Consumação V

Juízo; Instrumento de Restauração da Aliança II

1- Dia de Yahweh: Amós 5.12
Características da Visitação em ira sobre o povo da aliança
Yahweh passa diante de seu povo como Deus da peste: Am. 5.16 a 6.14
Oséias descreve de maneira inesquecível a destruição invisível, corrosiva e a cruel vontade do Deus Vingador Os. 5.12-14; 13. 1-16

2- A imagem favorita dos profetas é a do processo judicial
No qual a sentença punitiva de Israel ocupa o centro Du juízo universal das nações, enquanto, de outro lado, a decisão do insubordinável Juiz Divino exclui toda a possibilidade de apelação Mq. 1. 2-4; 6. 1-2; Am cap. 1 e 2.

3- O Anúncio Profético da aflição
Alcançla toda a sua seriedade irrevogável na imagem expressiva do “Golpe de Graça Terrível” com que Yahweh pune seu povo infiel. Por haver sido distinguido dentre todas as demais nações, Israel tem de sofrer o Juízo de Deus com uma especial severidade Am. 3.1; Js 5.1

4- Todas as Pragas da Natureza
Todos os horrores da guerra, todos os poderes da morte hão de prestar sua colaboração para eliminar da terra a esse povo malvado Is. 3.1; Am 4. 6-11; Mq 3.12; Jr 6.22-26

5- Yahweh empenha todo seu poderio universal de forma que não lhe escape nem um que seja culpado Am 9. 1-6

Aliança da Consumação VI

Juízo, Instrumento de Restauração da aliança (continuação)
A Necessidade do Castigo → Para compreendermos a necessidade do castigo, é necessário entendermos a situação privilegiada do povo de Deus.
O fato de fazer parte da aliança trazia consigo responsabilidades pactuais, os fariseus na época de Jesus nutriam um conceito errado a respeito da identificação deles no pacto. (ver Mt 3. 6-10) João repreende eles por isto, e diz o que significava verdadeiramente e quais são as praticas de quem está na aliança.
Eichodt comentando sobre a situação privilegiada do povo de Deus e do que é pecado, diz o seguinte
Assim como, para eles, a situação privilegiada de Israel, com base na salvação e na eleição divinas, alcança seu verdadeiro e próprio sentido na entrega confiante do homem a Deus na fé, No amor e na obediência, e na conseqüente forma de vida, assim também, a essência do pecado não é em definitivo mais do que um afastamento voluntário do povo com respeito a seu Deus.

Estes afastamentos dos preceitos da aliança levam o povo a pratica do pecado. Que as Escrituras descrevem como rupturas nas relações de noivado, matrimônio, Pai e filho, Senhor e servo. Este afastamento do povo da aliança possui um poder terrível, pois ele amadurece até se tornar em praticas miseráveis e pecaminosas do povo. (Tiago 1. 12-15).
As Escrituras descrevem ações que Deus impõe sobre seu povo. Ex: A Lei, os ensinamentos apostólicos com suas orientações. O não cumprimento destas ações denota rebeldia, ou seja, a manifestação visível do afastamento do povo da aliança. Então, pecado seria a manifestação visível de um estado interior de rebeldia, descontentamento com os preceitos estabelecidos por Deus.
Deus purifica seu povo através do castigo, como também purga atitudes, sentimentos e todo tipo de ensinamento e escolhas más que estiverem no meio do seu povo.
Eichodt comentando sobre o impacto do desterro da Babilônia diz:
Pouco a pouco os exilados chegaram a um reconhecimento geral dos anúncios proféticos do juízo. Os profetas aprofundaram e tornaram frutíferos esse reconhecimento, falando de uma nova forma ao resto do povo sobre o juízo de Deus. Com uma seriedade tremenda e capaz, por vezes, de avivar as consciências, Ezequiel aponta aos que, sob o ruído ensurdecedor da ruína nacional, tendem à dúvida ou até ao ceticismo total da justa retribuição de que Yahweh realiza, a cada momento, na vida do individuo e que demonstra que cada membro do povo é objeto não somente da ameaça de um juiz, mas também da promessa de um salvador

Interessante é o que Ezequiel fala no cap 20.33-38
Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, com mão poderosa, com braço estendido e derramado furor, hei de reinar sobre vós; 34 tirar-vos-ei dentre os povos e vos congregarei das terras nas quais andais espalhados, com mão forte, com braço estendido e derramado furor. 35 Levar-vos-ei ao deserto dos povos e ali entrarei em juízo convosco, face a face. 36 Como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o SENHOR Deus. 37 Far-vos-ei passar debaixo do meu cajado e vos sujeitarei à disciplina da aliança; 38 separarei dentre vós os rebeldes e os que transgrediram contra mim; da terra das suas moradas eu os farei sair, mas não entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o SENHOR.
O castigo se faz necessário, a disciplina é ato de graça de Deus, pois visa levar o pecador a perceber o tamanho do seu erro e conseqüentemente o tamanho do amor de Deus por ele.

Aliança da Consumação VII

O Juízo ainda não terminou: O desterro não significou o fim do povo da aliança. Deus trouxe seu povo de volta. O que isto significava? Que Deus voltava a tratar com seu povo de forma pacifica. O desterro foi o instrumento de Deus para disciplinar seu povo.
A grande questão é: O Povo depois do desterro agiu de forma correta?
O livro de Ageu traz luz sobre como os judeus que moravam em Jerusalém estavam agindo. Um indício destas atitudes vemos em Ageu 1. 1-10
Deus age de forma graciosa através do profeta Ageu. O livro de Ageu constitui-se de 4 mensagens: cap. 1; 2. 1-9; 2. 10-19; 2. 20-23.
A Bíblia de estudo de Genebra traz uma nota interessante sobre esta atitude do povo “ A indiferença do povo em reconstruir o templo demonstrava uma indiferença mais profunda pela presença singular de Deus. Eles viviam sob as maldições da aliança, mas não percebiam isso”
Lemos em Malaquias 1. 6-14 que a situação não era das melhores. A grande questão é: Será que Deus puniria novamente seu povo?
A História irá nos mostrar Deus executando juízo via os gregos e posteriormente com os romanos.
O juízo estava presente em Israel. Eichrodt diz o seguinte:
Se, apesar de tudo, a expectativa escatológica do juízo nunca se desvinculou totalmente do destino de Israel, se deve agradecer ao efeito contínuo do anuncio profético do juízo, que serviu para aprofundar a consciência de pecado e vinculou a vingança dos pagãos com a purificação de Deus. Essa idéia impõe-se claramente na história deuteronômica, que julga com extrema severidade todo o passado nacional e considera como a única razão de existência de Israel a gratuita misericórdia divina; impõe-se igualmente na soberania absoluta do conceito de expiação na lei sacerdotal

Os profetas pós-exílio não ficaram calados ante a situação do povo. Deus sempre mandou e manda mensageiros para avisar sobre a quebra do pacto e conseqüente disciplina. Ml 2. 10-12; 3. 6-12. O que de fato o povo de Deus deve perceber ao longo da história bíblica é que a ação judicial de Deus converte-se num exigente instrumento educativo. Em meio a tudo isto, uma coisa é interessante, apesar de tanto juízo, a esperança do estabelecimento de um reino onde não existiria pecado permanece inabalável na comunidade da aliança. Eichrodt faz o seguinte comentário sobre a mente israelita
(...) A mentalidade israelita, essencialmente histórica, consegue dar nova expressão à interpretação religiosa da história: toda a história flutuante dos reinos do mundo aparece como uma grande unidade submetida a um plano superior, e assim se pode dar uma melhor explicação tanto da lei interna da história universal quanto do livre jogo de forças independentes que nela atuam, enquanto, de outro lado, a expectativa impaciente do fim alcança desenvolvimentos e horizontes maiores. Além do mais, floresce, como um novo vigor, a certeza de que, no plano universal de Deus, está concretamente decretada a instauração de um reino que submeterá a todos os demais e que terá duração eterna.

O que não concordo com Eichrodt é quando ele relaciona este desenvolvimento da mentalidade israelita “a influencia da antiga doutrina dos períodos, que na realidade baseia-se na idéia do ciclo de origem astrológica”
A idéia do plano de Deus em relação às nações fora revelado a Daniel, vemos isto no caps 7, 8, 11. A revelação que o Senhor fez do uso que faria da Assíria. Is 10. 5-19. Desta forma Deus usa nações para castigar seu povo quando é preciso. Mas seu povo sempre nutriu a idéia de restauração. A base desta confiança é a aliança.
Uma boa definição da relação do pecado do povo contra o Senhor é o que foi dito por Claus Westermann
A infidelidade e o rompimento do compromisso supõem, como no matrimônio, uma relação familiar e íntima com Deus com o qual houve “encontro”. O pecado, portanto, nestas condições deve ser algo diferente daquele cometido fora desses laços de privacidade. Sendo a pecaminosidade geral um atenuamento justo, já não existe no contexto da história de Israel; conserva seu cabimento, sim, fora desta história. Quanto a Israel, a cada desobediência já precedeu benefícios; precedem, igualmente, o consentimento do povo, o compromisso e o juramento de fidelidade (Js 24). Por isso que os profetas acusavam o povo de ter esquecido o pacto. O povo devia trilhar pelo caminho das leis e dos preceitos especiais. Em todo o Deuteronômio, a desobediência é designada como o pecado que separa o povo de seu Deus e Senhor.

O castigo é um meio para restauração da aliança. Depois que o Senhor pune, Ele restaura. E é isto a esperança do povo da aliança. Da mesma sorte, também é a nossa. Pois somos seu povo e Ele nosso Deus.

Aliança da Consumação VIII
A Fidelidade e a Misericórdia de Deus

As Escrituras mostram que Deus é fiel a sua palavra. Ele é fiel à sua aliança. As Escrituras falando da aliança que Deus fez com Abraão relatam a atitude que o Senhor tomou. Ver Gn 15. 7-20. Porque só o Senhor passou?
Existem outros textos que nos falam sobre a fidelidade do Senhor Nm 23.19; Dt 7.9; Sl 89.33; Is 49.7; 1 Co 1.9; 2 Tm 2.13; Hb 6.17-18; 10.23.
Berkhof definindo a fidelidade do Senhor diz o seguinte:
Há ainda outro aspecto dessa perfeição divina, e um aspecto sempre considerado da maior importância. Geralmente se lhe chama Fidelidade, em virtude da qual Ele está sempre atento à Sua aliança e cumpre todas as promessas que fez ao Seu povo. Essa fidelidade de Deus é de máxima significação pratica para o povo de Deus. É à base da sua confiança, o fundamento da sua esperança, e a causa do seu regozijo. Ele os salva do desespero ao qual a sua própria infidelidade facilmente os poderia levar, dá-lhes coragem para prosseguirem, a despeito de todos os seus fracassos, e enche os seus corações de jubilosas antecipações, mesmo quando estão profundamente cônscios do fato de que perderam o direito a todas as bênçãos de Deus

A fidelidade de Deus é um aspecto da veracidade de Deus, os crentes podem descansar, pois sabem que Deus não pode mentir e se prometeu certamente cumprirá. Uma das coisas que os profetas falavam quando povo sofria o juízo é que Deus iria restabelecê-los. Mq 7. 18-20; Amós 9. 13-15: Ez 36. 16-37.
Quando uma aliança é estabelecida espera-se o cumprimento por ambas as partes. Sendo assim a fidelidade é essencial para que possa haver aliança. Um exemplo disto é o casamento.
Eichrodt faz o seguinte comentário
Enquanto comunidade baseada em uma aliança, a relação de Israel com Deus também conhece conteúdos relacionados com essa forma da vida jurídica, ainda quando modificadas pela grandeza do pactuante divino. Aqui também a estipulação da aliança levava intimamente semelhante à fiel predisposição a um mútuo serviço leal como conduta exigida pela relação estabelecida; sem a referência à hesed por ambas as partes era impensável a manutenção da aliança.

A aliança nas Escrituras fundamenta-se na obediência. A aliança é estruturada em cima de um tratado que consta das partes integrantes, de suas obrigações e de clausulas de vida e de morte.
Surge uma questão: Se Deus entrou em aliança conosco e se quebramos as clausulas qual a razão da nossa esperança?
A grande questão é que todos os estágios de aliança são desdobramentos de uma única aliança. Que segundo cremos, fora feita entre Deus (Representando a Santíssima Trindade) e Cristo Encarnado (Representando os eleitos de Deus).
Sem Cristo não tem como entender a fidelidade de Deus com seu povo. Se Deus foi fiel aos santos do Antigo Testamento, Novo Testamento e a todos os santos de todas as épocas posteriores. Tudo isto se deve ao fato de ter Cristo obedecido de forma satisfatória os preceitos da aliança.
Berkhof faz o seguinte comentário
Na aliança da Redenção, Cristo se encarregou de expiar os pecados do Seu povo, sofrendo pessoalmente a punição necessária e de satisfazer as exigências da lei pelo mesmo povo. E, ao tomar o lugar do homem delinqüente, Ele se fez o ultimo Adão e, como tal, é o Chefe da aliança, o Representante de todos quantos o Pai lhe deu.

Interessante também observar que Cristo não poderia falhar e o cumprimento da aliança por parte Dele tinha que ser perfeito. Pessoalmente creio que Jesus nunca correu o risco de falhar. Pois se existisse a possibilidade de falha, como Deus poderia ser fiel aos representados que viveram antes de Cristo nascer? Cremos que é por causa da impossibilidade do Senhor Jesus falhar que Yahweh foi Fiel ao seu povo do Antigo Testamento. Por isso que os santos de Deus já experimentavam misericórdia. Pois Deus é fiel. Vendo neste prisma, percebemos que tudo é graça, até os castigos. Hebreus 12. 11.
Por causa disto, o povo de Deus tem a convicção bem arraigada que o Ele virá em seu auxilio e que podem esperar pela bondade de Yahweh em suas vidas. E mesmo quando castigados, sabem que não é o fim.
Eichrodt fazendo um comentário sobre os poderosos atos libertários de Yahweh pelo seu povo diz o seguinte:
Assim como a salvação do Egito foi interpretada por um feito nascido desse amor solícito, assim também o Deus do Sinai, com todo seu terrível poder, e ó Deus amoroso e disposto a prestar seu auxílio, o Deus que permanece fiel a sua promessas e faz intervir seu singular poder em prol do povo da aliança.


Aliança da Consumação IX
O Amor de Deus pelo seu povo (parte I)
Depois que o povo adorou o bezerro de ouro o Senhor falou algo para Moisés que se constituiu em uma das maiores crises vividas pelo povo. Deus disse “Sobe para uma terra que mana leite e mel; eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho.” Êxodo 33. 3. O que esta ação de Deus representa? Vemos na continuação o significado e a percepção que o povo teve. “Ouvindo o povo estas más notícias, pôs-se a prantear, e nenhum deles vestiu seus atavios. 5 Porquanto o SENHOR tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei; tira, pois, de ti os atavios, para que eu saiba o que te hei de fazer. 6 Então, os filhos de Israel tiraram de si os seus atavios desde o monte Horebe em diante.” Êxodo 33. 4-6
O que era os atavios? Vestes festivais associadas com a idolatria.
Van Groningen em seu livro diz “a prescrição de Yahweh para a adoração excluía completamente qualquer aspecto da idolatria pagã.” Por que o povo teve esta atitude? O Anjo do Senhor que é o próprio Senhor (Êx. 23. 20-23) não iria na frente deles? A questão era cúltica. Em Êxodo 25. 8-9 nos é dito que o Senhor manda construir um tabernáculo visando habitar no meio do povo. Em Êx. 29. 44-46 nos é dito: Consagrarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei Arão e seus filhos, para que me oficiem como sacerdotes. 45 E habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu Deus. 46 E saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles; eu sou o SENHOR, seu Deus. O fato de o Senhor ter dito que não subiria transmitia a idéia de que não aceitaria mais culto deles. Mas, acontece algo, Moisés roga ao Senhor. Disse Moisés ao SENHOR: Tu me dizes: Faze subir este povo, porém não me deste saber a quem hás de enviar comigo; contudo, disseste: Conheço-te pelo teu nome; também achaste graça aos meus olhos. 13 Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu povo. 14 Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. 15 Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. 16 Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra? Êxodo 33. 15-16. Moisés especifica neste verso o que é achar graça diante de Deus. Não tem como continuar peregrinado se Deus não for conosco. Não poderia haver vida sem a presença graciosa de Yahweh. Observem que não é questão de proteção, livramento e êxito. Eles não tinham o Anjo na sua frente? A questão era a presença graciosa de Yahweh no culto. No Texto de Êxodo 34 6-7 nos é dito o seguinte: “6 E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; 7 que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!”Van Groningen falando deste trecho, diz “ O que se segue à repetição do seu nome é a explicação de Yahweh do seu amor, que é a característica abrangente do seu próprio ser (I João 4.16)”
A manifestação do amor de Yahweh pelo seu povo se torna manifesta em toda a história da Igreja, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Qual a causa de tão intenso amor? Qual a causa de tão intensa fidelidade?
A causa é a aliança feita entre Deus e Cristo. Por isso, todos os representados por Cristo experimentam este amor intenso de Yahweh. E esta intensidade é descrita na compaixão de Deus pelo seu povo. Van Groningen diz: “Yahweh ama intensamente; ele ama como uma mãe ama o filho que foi formado no seu ventre. A idéia transmitida é a de suavidade, ternura, gentileza motivadas por uma feição profunda”
Vendo a aliança de uma forma completa entendemos o grande amor demonstrado a nós tanto pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. O amor de Deus é manifesto na vida dos seus santos em todas as épocas. Deus jamais desampara seu povo, a inimizade fora removida. A reconciliação é promovida, pois antes de sermos chamados, éramos inimigos de Deus. Ridderbos falando sobre a pregação de Paulo diz:
Em tudo isso, inteiramente de acordo com o grande tema fundamental da pregação de Paulo, a reconciliação é a obra da redenção que vem de Deus, em Cristo, para o mundo, para a remoção da inimizade para a restauração da paz

Fizemos algo para sermos merecedores deste amor? Não! O que poderíamos fazer? Éramos mortos em delitos, reprovávamos suas obras. O amor de Deus pelos seus santos é maravilhoso. O texto de Romanos 5.8 diz “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Eichrodt diz que “em Oséias, encontramos a expressão de amor mais rica e mais profunda de todo o Antigo Testamento.” E esta expressão é a do matrimônio. Quando lemos Oséias e seu sociodrama com sua esposa, o qual retrata a situação do esposo Yahweh e sua esposa Igreja. Percebemos o terrível pecado da infidelidade pactual com Deus. O amor de Deus é assombroso, pois apesar dos nossos pecados, seu amor por nós continua da mesma forma. Eichrodt diz algo que no meu modo de ver é relevante e deve nos levar ao raciocínio
Mas essa demonstração da idéia de amor na história está muito longe de transformar o amor de Deus em um principio racional, em algo assim como uma lei ética do universo. Esse processo se evita acentuando fortemente o paradoxo inexplicável da capacidade amorosa de Deus, que se descreve como o cortejo a uma prostituta, ou seja, como algo até grotesco, uma conduta que choca tanto à moral quanto ao direito, e também afirmando com a mesma intensidade e paixão na ira divina que jamais encontrou tons mais altos em outro profeta. (Oséias) O amor indignado de Deus é exposto integralmente, em toda sua realidade paradoxal, e até alcança a profundidade de uma luta dentro do mesmo Deus que aparece sofrendo e desconcertado pela falta de amor de seu povo ( Os. 11.8; 6.4). A luta acaba com a vitória do amor (11.9)

Aliança da Consumação X
A Abrangência do amor de Deus

Como Deus prova seu amor para seu povo?
A Escritura diz que “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” Romanos 5.8. Qual é a idéia do texto?
Já vimos que Deus é fiel ao seu povo por causa de seu Nome. O Senhor vela por seu nome. Em Ezequiel 36. 16-21 a Escritura diz: “16 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 17 Filho do homem, quando os da casa de Israel habitavam na sua terra, eles a contaminaram com os seus caminhos e as suas ações; como a imundícia de uma mulher em sua menstruação, tal era o seu caminho perante mim. 18 Derramei, pois, o meu furor sobre eles, por causa do sangue que derramaram sobre a terra e por causa dos seus ídolos com que a contaminaram. 19 Espalhei-os entre as nações, e foram derramados pelas terras; segundo os seus caminhos e segundo os seus feitos, eu os julguei. 20 Em chegando às nações para onde foram, profanaram o meu santo nome, pois deles se dizia: São estes o povo do SENHOR, porém tiveram de sair da terra dele. 21 Mas tive compaixão do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi.”
Qual a causa de ser Deus fiel? A resposta se dar quando consideramos quem foi a outra parte contratante da aliança. Berkhof em sua teologia diz o seguinte:
Os que identificam a aliança da redenção e a aliança da graça e consideram antibíblico distinguir entre ambas, naturalmente entende que a aliança primeiramente foi estabelecida com cristo como o Chefe representante dos que o Pai lhe deu, aliança na qual Ele se fez Fiador dos eleitos e, assim, garantiu a sua redenção completa.

Cristo é a razão do amor de Deus por nós. Ele é a outra parte da aliança.
O amor de Deus é para todos?
Não! O texto de João 3.36 é bem especifico “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. O verbo permanece “me,nei” é um indicativo presente ativo. A idéia é permanecendo. A voz do verbo é ativa, ou seja, Deus está irado. Porque Deus está irado? Por que eles não creram. E qual a razão de não crer? Por que Cristo não os representa. As Escrituras dizem: “ Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra”. João 17.6. O verbo manifestei “VEfane,rwsa,” é um indicativo aoristo ativo. Por estar no indicativo, o aoristo é considerado tempo no passado, e fala de uma ação já completa. O verbo e;dwkaj “confiastes” é um indicativo aoristo ativo. Ou seja, é uma ação passada e completa. Deus não está dando mais ninguém a Jesus, Ele já deu de forma completa e definitiva. O número dos eleitos é fixo. Ninguém entra ninguém sai. O texto continua dizendo que eles têm guardado a palavra. João usou um verbo para guardar “teth,rhkan” este verbo é um indicativo perfeito aoristo. Ou seja, a guarda da palavra é contínua. Não existe a possibilidade do eleito deixar de guardar a palavra. A lógica é simples: Jesus é seu representante, Deus é fiel a Jesus, Deus honra seu Nome, os eleitos já foram escolhidos e dados a Cristo. Todos aqueles que o Senhor chamou guardam a sua palavra, neles habitam o Selo e Penhor da sua salvação, o Espírito Santo. “13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” Efésios 1. 13-14. O verbo “ evsfragi,sqhte” fostes selados é um indicativo aoristo passivo, ou seja, o selo é uma ação completa, é um ato histórico que não se repeti. A voz é passiva, ou seja, o homem sofre a ação.
O amor de Deus salvífico só é para os eleitos. Só por eles é que Cristo morreu “e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”. Efésios 5.2 A preposição u`pe.r “por” + o pronome u`mw/n “nós” ambos estão no genitivo que transmitem a idéia de posse. O próprio verso diz de quem somos propriedade. Cristo nos amou “hvga,phsen” amou, este verbo é um indicativo aoristo ativo, ou seja, o amor de Cristo por mim é um ato completo e ativo. A prova deste amor de Cristo é que Ele se entregou “pare,dwken” este verbo é um indicativo aoristo ativo, ou seja, a sua entrega é um ato completo e histórico que não pode se repetir. Por ser sua propriedade, Cristo faz isto por mim. Qual a razão de Cristo fazer isto?
Existia um preço a ser pago.
Ridderbos diz o seguinte no seu livro:
A idéia de Mediador que aparece juntamente com essas palavras (em 1 Tm 2.6) designa Cristo como representante autorizado tanto de Deus quanto dos homens. É ele quem representa Deus para os homens e os homens para Deus. Nessa última função ele oferece o pagamento do resgate. A raiz dessa idéia encontra-se no antigo costume legal judaico apresentando na lei de acordo com o qual era possível dar um resgate pela vida condenada (cf. Êx. 31.30)

Deus só demonstra seu amor salvífico por àqueles que Jesus pagou seu preço, que seus pecados foram cancelados e a ira que eles mereciam fora satisfeita.
Ridderbos diz “Deus mostra sua justiça vindicativa no presente e, assim, justifica aqueles que têm fé em Jesus (Rm 3.25,26)”.

Aliança da Consumação XI

O terceiro aspecto da aliança da consumação é o Conhecimento do Senhor. Em Jeremias 31.34 é dito “Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.”
O que seria isto? Ausência de mestres? E como ficaria o texto de Ef. 4. 11-14 “11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14 para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.”
Robertson traz algumas posições
Tem-se sugerido que a referência é a substituição de homens que ensinavam de suas próprias fontes por homens que ensinariam somente o que Deus lhes comunicava. Outros relacionam o contraste com a situação final que prevalecerá no céu, onde não haverá lugar para mestres, Calvino sugere que Jeremias ampliou hiperbolicamente este quadro. O profeta fez uso de um modo de expressão que vai além do que se pode esperar que ocorra literalmente

O texto de Jeremias não estar falando que não existirão pessoas que ensinem uma as outras, pois segundo o texto de Efésios 4. 11-14, o Senhor capacitou a Igreja com certos homens que tem justamente esta função. Então, como explicar a passagem de Jeremias 31.34?
Uma característica bem distinta da aliança da consumação é o fato de não ter mais mediadores como tinha as alianças anteriores. Outra característica era que esta nova aliança não se daria mais em uma nação teocrática. Outra característica era o fato de não existir mais um templo central onde a Lei ficava guardada. Onde o serviço cúltico era mediado por Sacerdotes.
Van Groningem diz o seguinte:
O real conhecimento de Yahweh, como resultado de seu pacto com o povo, será um aspecto integral do escrever-se a sua lei no coração do povo. Ninguém poderá excusar-se de não conhecer Yahweh e sua vontade pactual. Como a noiva conhece o seu noivo e seus desejos e sua vontade, assim Yahweh será conhecido, amado e honrado.

Segundo Robertson o texto de Jr 31.34 se referiu à mediação sacerdotal, eis o que diz:
O oficio do mestre era o de mediador da aliança. Moisés, em particular, é apresentado como o “mestre” de Israel (Dt. 4.1; 4.14; 6.1; 5.31; 31.19.22). Em acréscimo, os levitas, os sacerdotes e os profetas eram apresentados nas Escrituras da velha aliança como os mestres do povo de Deus (2 Cr 17.-9; Ed. 7.10; Jr 32.33). Essas pessoas mantinham o ofício de mediadores da aliança.

A aliança da consumação fala-nos de Um Único Mediador, Jesus Cristo. É através Dele que temos conhecimento de Deus, foi Ele quem nos revelou o Pai. Como conheceríamos o Pai, senão através de Cristo? Não precisamos mais de Mediadores humanos que mediem a nossa chegada a Deus. E quanto aos mestres na igreja hoje em diz? Robertson diz:
Entretanto, a presença de mestres hoje no contexto da nova aliança não nega o principio proposto por Jeremias e salientado por Paulo. Todo crente hoje é seu próprio intérprete da Escritura. Os mestres funcionam neste período intermediário somente para ajudar os crentes na realização a unidade direta que eles agora experimentam com Deus mediante estipulações da nova aliança.

A aliança da consumação tem características consumadas. O que as outras alianças anunciavam a aliança da consumação realizou.

Aliança da Consumação XII

O quarto aspecto da aliança da consumação é o Perdão dos pecados. Surge mais uma vez algumas questões que precisam ser consideradas.
a- Não havia perdão nas alianças anteriores?
b- Não havia esquecimento dos pecados?
O que o texto de Jeremias 31.34 quer dizer?
Sim havia expiação de pecados nos antigos estágios da Aliança da Redenção, as especificações no livro de Levitico caps. 1-7 apontam para isto. No que diz respeito ao esquecimento de pecados, lemos no texto de Hb. 10.1-4 o seguinte “ Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. 2 Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados? 3 Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, 4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados”. No texto de Hb. 9.9 diz “ É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto” A consciência não era aperfeiçoada. Esta é uma das marcas distintivas da Aliança da Consumação.
O texto de Jr 31. 33-34 aponta para uma continuidade da aliança, entretanto não com a mesma abrangência e eficácia. A aliança não seria mais com uma nação teocrática e sim com todos os eleitos em todo lugar. A aliança não seria caracterizada pela repetição de sacrifícios. O fato de ter sacrifícios nos estágios anteriores da Aliança da Redenção aponta que já existia expiação. A questão é: Será que a expiação que era feita aperfeiçoava a consciência do pecador? Hb. 9.9 diz que não! Isto quer dizer que os sacrifícios feitos nos estágios anteriores eram totalmente ineficazes? Hb. 9.13 diz que não! Entretanto, o detalhe reside aqui. Aquilo que o sacrifício antigo não fez o novo sacrifício fez. Hb. 9.14. E a diferença é cúltica. Ou seja, a diferença era o serviço litúrgico. Quando o Sumo Sacerdote entrava no Santo dos Santos, ele primeiramente fazia expiação por si e pela sua família depois saia e entrava de novo e fazia expiação pelo povo. O diferencial com Cristo é que Ele é a Oferta e o Ofertante. E a sua ida ao Santo dos Santos foi uma vez só e o resultado desta ida é eterna redenção, e qualificação para servimos ao Deus vivo.
No material traduzido pelo Rev. Sebastião Arruda sobre Teologia Bíblica do Antigo Testamento, que analisa o texto de Hebreus 8. 9-12 o qual cita a passagem de Jr. 31.33-34 mostra-nos que a aliança renovada é melhor do que a antiga aliança.
A Aliança Renovada é melhor porque é uma Aliança interna: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei (31:33). O participante da Aliança Renovada possui algo que os tementes a Deus das épocas passadas nunca tiveram. Ele possui o Espírito Santo que habita nele. Ele tem o Guardião da Aliança habitando nele. Isso faz uma grande diferença. Significa que Deus tem presenteado o seu povo, de um modo especial, agindo neles de dentro para fora. A Aliança Renovada é melhor porque é completa: Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. (Jr 31.34).
A Antiga Aliança era principalmente judaica em sua extensão. Ela estava focalizada na terra de Israel e nos sacrifícios que tinham lugar em Jerusalém. Se você quisesse entra na Antiga Aliança e não era judeu, você tinha que tornar-se um prosélito. Isso incluía circuncisão e uma adesão à Lei. Mas isso é mudado com a Aliança Renovada. Muito embora ela tenha sido feita com a casa de Judá e com a casa de Israel, ela tem o mundo como objetivo e convida todos os homens a entrar no reino. A Aliança Renovada é melhor porque ela Perdoa Pecados: Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei (31:34). Os israelitas quebraram a Antiga Aliança. Deus escreveu os seus mandamentos em tábuas de pedra e quando os israelitas desobedeceram, Moisés pegou as tábuas e as quebrou. Mas a Aliança Renovada não é escrita em tábuas de pedra. Ela é escrito no coração dos homens. E, por ser escrita no coração dos homens, traz consigo os meios de cumprir suas obrigações. Como pode ser possível cumprir as obrigações da Aliança Rrenovada? Simplesmente confiando naquele que as cumpriu a seu favor. Isso é o que diz o verso 34: “Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”. Essa era a maior falha na Antiga Aliança. Não podia perdoar pecados. Podia apenas cobri-los temporariamente com sacrifícios de animais que apontavam para um cumprimento futuro. Mas o sangue de ovelhas e cabras nunca pôde perdoar pecados. Para tanto, havia a necessidade de uma Aliança Renovada.

Quando o escritor aos Hebreus fala da antiga e nova aliança. Faz um contraste entre o antigo método de chegar-se a Deus e o atual. Precisamos compreender isto para não chegarmos à conclusão errada que existem só dois tipos de aliança e ambas são inimigas uma da outra.
Em todos os estágios anteriores da Aliança da Consumação, (Aliança do Começo, Preservação, Abraâmica, Lei, Reino) a expiação de pecados era através de sacrifícios que se repetiam. Já a Aliança da Consumação teria algumas características distintas.
1- Não haveria necessidade de vários mediadores
2- Não haveria necessidade de repetição de sacrifícios
3- As promessas são superiores Hb. 8.6
4- É seria sem defeito, ou seja, não seria sombra.
5- É o último estágio da graça.
Uma prova evidente que a nova aliança não é “nova” no sentido de algo que não existia e passou a existir é o termo que o escritor aos Hebreus emprega “Kainh.n” Kistemaker diz “o adjetivo transmite a idéia de novidade que vem do antigo e pode mesmo existir junto com o antigo: O Antigo Testamento e o Novo Testamento” A nova aliança é diferente no que diz respeito a sua ministração. Mas a relação pactual continua a mesma: Deus X Povo.
Kistemaker considerando a relação que há entre a antiga e a nova aliança diz
A antiga aliança era baseada na lei de Deus dada aos israelitas durante a primeira parte da jornada deles no deserto. Embora a lei que era básica para a aliança fosse perfeita, não poderia tornar o homem perfeito (hb 7. 11,19). Por causa da fraqueza não da aliança em si, mas do homem. Deus inaugurou uma nova aliança. A nova veio da antiga e por um certo período ambas co-existiram: A nova tornou o lugar da antiga quando esta última começou a desaparecer (8.13)